quinta-feira, 18 de outubro de 2012

As Elites Portuguesas Nem Sabem Governar, Nem Querem Que Outros Nos Governem!

As elites portuguesas, nem sabem governar, nem querem deixar que outros nos governem. O espectáculo, degradante, que nas últimas semanas tem sido dado pelo actual e ex Presidentes da República, por governantes e ex governantes, por dirigentes políticos, sindicais, patronais e por dirigentes e altos responsáveis de Órgãos do Estado, só demonstra falta de ética republicana e de responsabilidade perante os cidadãos acossados pela austeridade, e prova a incompetência de quem nos governa e dos que já nos governaram. Há excepções, certamente, mas é evidente que falta em Portugal, Homens com coragem, capacidade e sentido de Estado. Faltam Elites que pensem e governem o Estado, numa perspectiva  de futuro e ao serviço do Povo.

Estamos habituados, que o PCP e a sua "tropa", comecem por criticar algumas medidas políticas, que contrariam a sua ideologia e afectam os seus interesses, e acabem por condenar e lutar contra a manutenção de todos os governos, desde 1975. O BE, ainda que pretenda ter uma orientação política e ideológica diferente do PCP, acaba por convergir na estratégia de "terra queimada", como foi o caso do chumbo do PEC IV, e que contribuiu,  decisivamente, para o pântano em que estamos metidos. Em suma, são dois partidos que não nos oferecem alternativa, para superar a actual situação.

São muitas e cada vez mais, as pessoas que não acreditam nos dirigentes políticos, tem dúvidas na capacidade e da representatividade dos partidos, começam a por em causa a democracia representativa, e já nem o sistema democrático constitucional é respeitado. Contudo, se tivermos em consideração o  pântano em que caímos, particularmente nos dois últimos anos, e o comportamento dos partidos do arco da governação, PS, PSD e PP, torna-se compreensível a condenação dos políticos e a realização de protestos e manifestações, à margem e contra os partidos e os sindicatos. Esta contestação atingiu tal nível, que vários representantes dos interesses instalados, tem vindo a público  alertar que o poder pode cair na rua, ou que a rua não pode resolver os problemas, como intimida a Igreja, através do Cardeal  Policarpo.

Entretanto, o "Quartel General" dos interesses instalados - Maçonarias, Opus Dei, Organizações secretas, discretas e afins - principais responsáveis pela situação que nos encontramos, tudo tem feito, para que seja apenas o mundo do trabalho a pagar a crise. Opuseram-se às reformas no primeiro governo de Sócrates. Dificultaram a implementação dos PECs. Ocultaram e depois deturparam o Memorando, enquanto fizeram o maior ataque que há memória, ao Direito do Trabalho. Mas foi, especialmente, após o Tribunal Constitucional, declarar não conforme à Constituição, o corte de dois salários da função pública, que foi desencadeado o processo de instabilidade governativa, em que nos encontramos actualmente.

Não votei nos partidos da actual maioria, nem sou apoiante deste Governo. Todavia, é para mim indiscutível, que o OGE  deve ser aprovado, e que o PSD e o PP devem continuar a governar, até que haja novas eleições. Nada justifica a demissão do Governo,  como também não se justificava o chumbo do PEC IV e a consequente queda do Governo de Sócrates. Este, como o anterior, ou outro governo que venha imediatamente a seguir a eleições, só pode ter um programa: Cumprir e aplicar o Memorando! Não deve ser aceite qualquer tipo de governo de iniciativa presidencial. Se os actuais partidos, não querem executar as directivas da Troika, ou não se querem  "queimar" com as medidas impopulares, que haja eleições, com os actuais partidos e outros, que eventualmente se constituam, e que o povo decida.,

As pessoas minimamente informadas, sabem que todos estamos a pagar a factura da crise. Contudo, a esmagadora maioria dos trabalhadores, cujos salários são escandalosamente e reconhecidamente baixos, estão a pagar com muita dificuldade ,particularmente, através da inflação e da perda de direitos, que na prática já não tinham. A chamada classe média baixa, com vencimentos até 1350,00 E, já é suficientemente atingida pelas várias medidas de austeridade, tendo em conta a sua pequena responsabilidade na crise, e compreende-se que proteste, ainda que deva ter em consideração como está o mundo globalizado e, como consequência, pensar que os anteriores vencimentos e salários, não voltarão.

 Quanto à classe média alta, mundo das finanças, empresarial, patronal e os ricos em geral, quando constataram que o Memorando também os ia atingir, reagiram à sua maneira e com o poder que tem. É relevante, que tenha aumentado a corrupção, a fuga aos impostos, o aumento da economia paralela, a critica cerrada da comunicação social à Troika, particularmente das televisões e dos seus comentadores de serviço. Paralelamente são feitos apelos ao derrube do governo por ex governantes e  por Mário Soares, aumenta a instabilidade política interna no PSD, PP e no PS, neste último caso, agravado pela sabotagem à liderança de A J Seguro. Tudo é premeditado, organizado e dirigido pelo "Quartel General" dos interesses instalados, que cativaram o Estado e todos os partidos democráticos ,para sabotar a implementação do Memorando e a aprovação do OGE, para  não serem obrigados a pagar uma pequena parte, dos grandes benefícios que obtiveram à custa do Estado, isto é, da maioria dos portugueses.

O que  esta orquestração, desinformação, chantagem e pressão está a pretender atingir, é que seja renegociada a dívida, aumentado os prazos de pagamento, sejam suspendidas as medidas de reestruturação do aparelho do Estado, não se extinga municípios e não haja o aumento dos impostos previstos no OGE. Agora, que os cortes nos salários no mundo do trabalho já estão concretizados, pela via do corte de direitos e regalias, pensam ser admissível haver novos investimentos privados,  algum desenvolvimento e criação de riqueza, susceptível de permitir o abatimento da dívida, sem que a classe média alta e os ricos paguem a crise, sem que as reformas acabem com fundações, institutos, câmaras municipais e empresas municipais, e os que estão instalados se mantenham nos seus lugares ,altamente remunerados e, simultâneamente, a trabalharem nos seus gabinetes e a fazer negócios à conta do estado, à conta de todos nós.

 Não nos iludamos, a Troika não é o nosso inimigo, é o representante dos credores, que nos emprestaram o dinheiro para nos desenvolver-mos, mas que aplicamos mal e desbaratamos em festas. A luta política, a contestação, os protestos e manifestações, deve ser contra o "Quartel General" dos interesses instalado, e, simultaneamente,  em defesa da  Democracia e do Estado de Direito, Democrático e Social!