quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Discussão prioritária: As questões que dependem apenas de nós..

Mário Soares, em artigos publicados no DN,em 9/2, ao abordar os problemas da Globalização, as novas alianças estratégicas no mundo e a falta de estratégia europeia, para superar a actual crise económica, financeira e social,deixava, implicitamente, a sugestão de que Portugal poderia equacionar a integração noutros espaços, ou, alianças políticas e económicas.



Em 26/2, parece reforçar o mesmo pensamento, ao abordar a falta de um plano europeu para ataque à crise, para todos os países da U.E. Ainda que voltando a equacionar a solução dos nossos problemas dentro do contexto europeu, não deixa de realçar que Portugal não é apenas um país europeu , valorizando o facto de pertencer-mos à CPLP, à comunidade Ibero-Americana e termos uma posição geoestratégica.



No programa da RTP, prós e contras, Almeida Santos, numa espécie de síntese final do debate, que fez a propósito ou a pretexto do seu último livro sobre a globalização, também alertou, para a necessidade de se discutir os problemas económicos e sociais de Portugal. Todavia, defende que as questões só poderão ser discutidos no contexto europeu e mundial, isto é, tendo em consideração a globalização.

O respeito e consideração que tenho, há muito tempo, pelas opiniões políticas de Mário Soares e Almeida Santos, em particular, na defesa da integração de Portugal na U.E., não me impede que faça algumas considerações sobre os artigos e exposição, apesar de os subscrever nos seus aspectos fundamentais. Esta reflexão, justifica-se, na medida em que Mário Soares também clama pela discussão dos verdadeiros problemas nacionais, apesar de afirmar, que temos elites competentes que, certamente, os estarão a estudar.


Primeira, será que Mário Soares ao dar relevância às possíveis alianças económicas e políticas, em particular, com os países de expressão da língua portuguesa, indicia já alguma desilusão em relação à nossa plena integração na União Europeia? Não poderá significar, tal hipótese, uma desistência de integrar a economia portuguesa nas economias desenvolvidas, fugir para mercados menos competitivos e deixar para as " calendas gregas" a modernização das infraestruturas económicas e sociais portuguesa, o que constituiria uma ajuda ,objectiva, aos " Velhos de Restelo"?

Segunda, será que, pelo facto de estarmos num mundo globalizado e, consequentemente, interdependente, não temos problemas específicos que podemos e devemos analisar, discutir e resolver, sem que estejamos condicionados pela globalização, como defende Almeida Santos? Por exemplo, o grave problema do aumento das desigualdades sociais, é apenas consequência da globalização? A média dos vencimentos dos Quadros portugueses, superior à media europeia, foi o resultado da nossa integração na U.E.? O baixo nível de produtividade, na economia e serviços, é apenas fruto do fraco nível de escolaridade dos trabalhadores portugueses, quando estes, são produtivos nos países para onde emigram?


Terceira, sendo ambos, M.S. e A.S., homens com responsabilidade e grande influência no Partido Socialista, não reconhecerão, que também o partido não faz essa discussão? Será apenas problema das outras organizações políticas, empresariais, sociais e sindicais? Ou estamos perante o total domínio da política pelo poder financeiro, que define e decide das políticas a seguir, por intermédio de órgãos secretos, discretos, informais e outros,independente dos governos que vamos tendo?


Como compreender, que com tantos seminários, debates e colóquios , promovidos pelos mais variados organismos públicos e privados, onde por vezes coincidem nos diagnósticos da situação de atraso em que nos encontramos, não conseguimos avançar ,substancialmente, na via do desenvolvimento e progresso social? Há falta de elites para a modernização do país, ou,antes, há convergência das " elites" para manter o fundamental, porque, apesar de algumas mudanças, esses actores são os principais beneficiários do sistema anquilosado, conservador, por vezes, até retrogrado?


Conclusão: ou não se têm discutido o essencial dos problemas, ou é preciso mudar de actores e interpretes, ou é preciso mudar de local das discussões. Tendo em conta os resultados ,até hoje obtidos, parece ser necessário mudar tudo.

É fundamental, que a política volte a governar e a dirigir o país. É indispensável, que os partidos abordem publicamente, as questões políticas e os problemas a resolver.É necessário, que as pessoas e as organizações discutam, abertamente ,as soluções possíveis. Será relevante, que o povo vote com mais consciência dos problemas e das alternativas apresentadas. A solução dos problemas que dependem de nós, devem ser os portugueses a equacionar e resolver! Não será a U.E. que os virá superar. Ou será?

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A OBRA PRIMA...FOI RECUSADA PELO POVO!

Sou um leitor regular do Pacheco Pereira, em particular, do seu blog ABRUPTO. Com a mesma regularidade, vejo a " Quadratura do Circulo" e o seu programa pessoal, na SIC.

Sempre apreciei a sua capacidade de argumentação, por ser densa e profunda. Elogiava a sua " rebeldia" ,quando criticava o seu próprio partido, ou apenas se distanciava dos lideres do momento. Há muitos anos, que o considero um dos intelectuais portugueses, mais bem preparado para abordar situações políticas e questões ideológicas.

As suas opiniões e opções , quase sempre bem explicitadas e justificadas, obrigava-me a reflectir pois, apesar da admiração pelo seu trabalho, estamos à muitos anos com posições políticas e partidárias diferentes.


Estas considerações, que acabo de fazer, servem para realçar e compreenderem a minha estupefacção, pelo comportamento político do Pacheco Pereira, nos últimos tempos.


Já tinha lido alguns comentários seus, a " condenar"o Sócrates, feitos apenas na base de meras suposições. Algumas vezes , na "quadratura...", tentou impor-se, autoritáriamente, procurando limitar as argumentações do António Costa. Mas, no seu último programa pessoal, na SIC, que apenas vi no dia 16/2, ultrapassou todos os limites!


O pretenso plano de Sócrates para " limitar a liberdade de imprensa " , revelou uma faceta sectária de Pacheco Pereira, que desconhecia. Está obstinado em atacar o Sócrates de qualquer maneira e por qualquer método. Naquele programa, passado no dia 16/2, ultrapassou os limites de admissível, nas comparações que fez.

Como é possível, ter a ousadia de comparar a acção criminosa, do jornal o Sol, com o comportamento, também ele à margem da lei, de um alto funcionário americano, que desviou documentos secretos para entregar à imprensa, quando, o que então estava em causa, o que era relevante, era tratar-se de crimes de guerra, crimes contra a humanidade praticados pela administração americana no Vietname?
Mesmo admitindo, como possível, que Sócrates procurou condicionar um ou outro programa televisivo, um ou outro jornalista, que, como sabemos, todos os governos fazem, ou tentam fazer, em determinadas circunstâncias, não é admissível, para um homem formado e informado como Pacheco Pereira, fazer analogia dos casos, como ele fez nesse programa!
Porque será que ele tem assumido tais posições sectárias? Será que ainda não digeriu a derrota eleitoral de Manuela Ferreira Leite, no confronto com Sócrates? Ou, como outros afirmam, a sua derrota eleitoral, por ter sido ele o mentor e ideólogo dela, como reconheceu, entre outros Marcelo Rebelo de Sousa, ao afirmar na RTP, que Pacheco Pereira poderia pedir, a MFL, o lugar que quisesse.
Esperamos pelos próximos desenvolvimentos...





domingo, 14 de fevereiro de 2010

A Globalização, a União Europeia , Portugal.

Quando a actual crise financeira se tornou evidente e, particularmente, nos meses que se seguiram, várias personalidades do mundo da política afirmaram: é tempo de a Política e os Políticos, voltarem a dirigir o Mundo!

Passado estes meses, é minha opinião que pouco ou nada mudou. Continuar com ilusões de que a globalização neoliberal não vai continuar, em nada contribui para para pensar com objectividade nos problemas que nos afectam.

Sou um defensor convicto da União Europeia mas não um neoliberal. Todavia, pensar assim, não me impede de reconhecer que também a política da U.E.,como parte do mundo globalizado, é actualmente orientada pelo neoliberalismo.

Portugal é parte integrante da U.E.como consequência, também o nosso país não pode deixar de ser condicionado, senão obrigado, a ter uma orientação neoliberal, qualquer que seja o nome que queiram dar às políticas actuais.

Perante estes factos evidentes, direi quase indiscutiveis, penso que é tempo dos portugueses, uns com conhecimento nos vários ramos do saber, outros com a experiência do mundo empresarial, juntamente com os políticos , se encontrarem para analisar, discutir e procurar resolver a situação económica em que nos encontramos, como resultado da globalização e dos acordos da O.M.C.

É absolutamente necessário e urgente, saber o que os portugueses podem e devem fazer no contexto da U.E. e do mundo. Não se trata de discutir, como melhor concretizar as mudanças que decorrem dos nossos direitos e deveres como membros da U.E. O que se deve reflectir, com o máximo de objectividade e profundidade,é o caminho a seguir, a estratégia a adoptar, sobre o que depende, exclusivamente, de nós.

Não podemos continuar a justificar os nossos problemas, como o resultado da nossa integração na U.E. , da globalização e do neoliberalismo. O mundo não muda continuamente. Temos o dever de nos saber enquadrar no mundo global, de descobrir as nossas potencialidades, definir uma estratégia económica que as valorize e contribua para desenvolver o país.

Já não é mais suportável, aceitar dos vários partidos políticos, posições antagónicas sobre a economia e desenvolvimento do país, conforme estão no governo ou na oposição. De nada serve acusar este governo, ou outro, pelo aumento do desemprego, quando nada de propõe como se pode criar empresas e postos de trabalho, empresas competitivas para exportar.

São este tipo de questões que urge discutir no país e não como parece começar a ser predominante´, voltar ao "passado" através de novas alianças baseadas na língua comum. Mas...este tema, será abordado em próxima reflexão,tendo como suporte o artigo de Mário Soares no DN.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Crítica polítca ou tentativa de assassinato...político?

Não era meu objectivo iniciar este blog ,com reflexões sobre a actualidade política. No entanto, depois de dias de "intoxicação" pelas notícias dos média e, em particular, depois de visitas e leituras da blogosfera, considero necessário e oportuno fazer algumas considerações.
Porque será, que o PS liderado por Sócrates, voltou a ganhar as eleições legislativas, apesar de terem ocorrido durante a maior crise económica da história recente e da campanha que foi desencadeada a propósito de caso Friport? Foi apenas a propaganda que lhe deu a vitória ou, antes, a percepção de muitos portugueses de que o seu governo tinha feito o mais vasto conjunto de reformas que contribuíram para o desenvolvimento da economia e, simultaniamente, para a diminuição das desigualdades sociais?
Quem não se recorda da "Inveja" da direita, incomodada por Sócrates ter feito reformas que eles defendiam, mas nunca executaram? Quantas vezes foi escrito e dito nos média, que o PSD não conseguia subir nas sondagens, porque o PS tinha ocupado o " seu espaço" ?
Porque, apesar de Sócrates não ter podido fazer o que todos os governos fazem, no último ano da legislatura, e tendo que fazer frente à crise económica que quase deita por terra a recuperação antes iniciada, o PSD, liderado(?) por Manuela Ferreira Leite perde as eleições?
A resposta a estas questões e muitas outras que poderia desenvolver, é só uma: Sócrates tinha e tem ideias para o desenvolvimento do país e, em especial, uma vontade de reformar o estado e uma capacidade de liderança, que os portugueses apreciaram e continuam a acreditar!
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É este facto que é relevante! A incapacidade da direita de vencer pelas ideias e as derrotas consecutivas dos seus lideres perante o confronto com Sócrates, deixou-os perante a última alternativa: tentar o assassinato político de Sócrates através de qualquer meio!

Deve referir-se também, que a direita não está só, a dita "esquerda" da esquerda, tem dado o seu contributo de que o caso da madeira constitui exemplo paradigmático!

Quem me conhece, sabe que sou um activista político com profundas convicções políticas e ideológicas. Não sou homem de seguidismos a qualquer líder, como consequêcia, não sou "socratista". Procuro, fundamentalmente, ser objectivo na análise do trabalho realizado por Sócrates, entender a "onda de contestação" e seus objectivos políticos e, como não sou ingénuo, assumir a defesa do que foi realizado pelo Governo, com a convicção de que, se nem sempre foi o que eu desejava ou considerava mais justo, concretizou promessas nunca antes cumpridas, indispensáveis para o país se modernize e desenvolva.
Admito como possível, que Sócrates, nem sempre tenha desenvolvido a sua actividade política e acção governativa, de acordo com as normas e princípios do Direito. Como Jurista, conheço a dificuldade de se cumprir todas as normas e procedimentos de Leis, continuamente alteradas.
Pensar no entanto, que os que vem acusando Sócrates e o seu governo de praticar " crimes contra o estado de direito " ,negado até agora pelas Autoridades Judiciárias competentes, recorrem a acções à margem da lei e praticam actos, tipificados na Lei como crimes, só poderei tirar uma conclusão: Todos os que atacam Sócrates, criticam o PS, condenam o Governo e a sua política, para criar um ambiente político favorável às eleições internas no PSD, para que o futuro líder possa afirmar a sua liderança e reconstruir uma nova AD.