terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A IMAGEM DOS POLÍTICOS E DE MUITOS INTELECTUAIS, CAMINHA PARA O DESCRÉDITO TOTAL!




A imagem da política, dos políticos e de muitos intelectuais, continua a degradar-se e caminha para o descrédito total. O Presidente da república, distancia-se publicamente do Governo, sobre a renogociação da dívida. O Ministro dos Negócios Estrangeiros apoia Cavaco Silva, para se vingar do Ministro Das Finanças e, paralelamente, decide enviar uma carta pessoal à Troika. O Relvas, afirma que está tudo bem na coligação mas, o Macedo, informa que o Governo definirá a sua posição posteriormente, quando antes, o mesmo Relvas, tinha afirmado que não se devia renegociar o Memorando.

Antes de mais estas cena, digna de um país do quarto mundo, tinha-mos assistido a um contínuo frenesim de fugas de informação, sobre objectivos políticos do Governo, seguido de propostas de lei, divergentes das notícias anunciadas, que acabariam por ser diferentes, quando não antagónicas, quer quanto ao divulgado nas fugas, quer quanto aos propósitos enunciados pelo executivo, ou por alguns ministros.

O caso da eventual aplicação a Portugal, das condições aplicadas à Grécia. O caso dos avanços e recuos, sobre o IMI e a lei das rendas. O escandaloso dossier sobre a reforma autárquica e as suas consequências, ao qual se acrescentou agora, a intenção seguida de protelação, de diminuição ou integração de municípios, quando ela estava contemplada desde o início no Memorando. A telenovela sobre o grau de austeridade no OE, o destino da RTP, da Ana e da TAP e ainda tantos outros, vão retirando toda a credibilidade ao Governo e à maioria que o sustenta.

Coma consequência dos factos referidos, tem acontecido as mais variadas greves e manifestações de protesto e contestação dos instalados do sistema, ao mesmo tempo que, a maioria do povo continua indiferente e, outra parte, condena os políticos e o sistema de corrupção instalado, por não ver alternativa política. Por outro lado, apesar das últimas sondagens, confirmarem o crescimento das expectativas em torno do PS, o comportamento do Partido, perante a crise, continua errante e contraditório, o Secretário Geral não consegue impor autoridade interna, nem ganha credibilidade como líder, para dirigir o país.

António José Seguro, no início do seu mandato afirmou, várias vezes, que só faria propostas políticas que pudesse executar, quando fosse governo. Também definiu, como sua prática política, que apoiaria qualquer medida do governo, se as considera-se justas e adequadas. Mesmo considerando as sucessivas alterações do Memorando, o Partido Socialista continua a reafirmar,e bem, que respeita os compromissos internacionais do governo anterior, nomeadamente o acordo com a Troika. Como compreender então, que o PS critique e condene quase todas as medidas do actual Governo, que são uma consequência directa da aplicação do Memorando e que teria que aplicar se estivesse no poder?

Entretanto, apesar de Seguro ter sido eleito Secretário Geral por uma maioria confortável, de ter apresentado um programa inovador de reorganização e democratização interna do partido, parece que pouco ou nada mudou. Para alguns militantes atentos, é já evidente que ele não tem autoridade ou, pior que isso, rendeu-se ao "quartel general dos interesses instalados". O facto de ter estado a receber, durante o seu mandato, as mais variadas corporações instaladas à custa do Estado, nomeadamente dos profissionais liberais, que são atingidos pela reforma, dando-lhe o seu apoio político é, objectivamente, contrariar as reformas indispensáveis do aparelho do estado, é não respeitar os compromissos assumidos com a assinatura do Memorando . 

Relevante ainda, foi a cedência ao lóbi autárquico interno, verdadeiro detentor do votos do partido. Não criticou a atitude do Governo,quando no Livro Verde, sobre a reforma autárquica, não estava contemplado a diminuição ou integração obrigatória dos municípios. Começou por apoiar a diminuição e fusão de freguesias, recuou perante as primeiras contestações,  condenou a reforma por "não ter o apoio das populações", chegando ao cúmulo de considera-la um crime! E...para não incomodar o poder instalado, as directas para os candidatos a autarcas...foi esquecido.

Como corolário da sua incapacidade de liderança do PS e, consequentemente, de se afirmar como alternativa a Passos coelho, tivemos a última entrevista à TVI. Não conseguiu demarcar-se ideologicamente do "Congresso Das Alternativas". Teve uma posição ambígua, quando Mário Soares lhe deu conhecimento da carta aberta das setenta personalidades. O líder da bancada parlamentar, demarcando-se da carta,  certamente com o apoio de Seguro, afirmou que as demissões dos governos, deve ser conforme a Constituição. 
Todavia, na entrevista à TVI, ainda que com alguma ambiguidade, admitiu a apresentação de uma moção de censura que leve à queda do governo. Conclusão, adoptou as teses de Mário Soares. Reconheceu que a liderança da oposição ao actual Governo, é protagonizada por Mário Soares, que tudo tem feito para arregimentar os intelectuais "desinstalados" do poder, o PCP, o BE e os membros da maioria descontentes, sem contudo apresentar qualquer alternativa política e económica.

Há mais de duas décadas que, politicamente, Mário Soares era para mim a referência principal do PS e do Estado Português. Soube, como nenhum outro político, liderar a consolidação da democracia. Liderou dois governos, com intervenção do FMI,onde teve que tomar medidas de austeridade, económicas e sociais, contra os operários e trabalhadores em geral. Esses acontecimentos, geraram ondas de ódio contra a sua pessoa e, consequentemente, levaram a grandes derrotas eleitorais. Por essas razões, não consigo compreender, nem apoiar, as posições políticas actuais de Mário Soares e, naturalmente, não acompanho a mudança de "estratégia" Seguro.

 É comovente constatar a desilusão de Seguro, sobre Holande, depois de meses de seguidismo e euforia em torno das propostas de crescimento e emprego, quando ambos deveriam ter meditado sobre a actual situação económica da Alemanha, para o qual contribuíram as reformas feitas, há mais de uma dezena de anos, pelo líder da Social Democracia Alemã, Gerhard Schroeder. Quando será que esta gente aceita reconhecer que o Mundo mudou, particularmente a Europa, como consequência da queda do "Muro de Berlim" e do domínio da política neoliberal, implementada pelo capital financeiro internacional? Onde está a alternativa?