terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A IMAGEM DOS POLÍTICOS E DE MUITOS INTELECTUAIS, CAMINHA PARA O DESCRÉDITO TOTAL!




A imagem da política, dos políticos e de muitos intelectuais, continua a degradar-se e caminha para o descrédito total. O Presidente da república, distancia-se publicamente do Governo, sobre a renogociação da dívida. O Ministro dos Negócios Estrangeiros apoia Cavaco Silva, para se vingar do Ministro Das Finanças e, paralelamente, decide enviar uma carta pessoal à Troika. O Relvas, afirma que está tudo bem na coligação mas, o Macedo, informa que o Governo definirá a sua posição posteriormente, quando antes, o mesmo Relvas, tinha afirmado que não se devia renegociar o Memorando.

Antes de mais estas cena, digna de um país do quarto mundo, tinha-mos assistido a um contínuo frenesim de fugas de informação, sobre objectivos políticos do Governo, seguido de propostas de lei, divergentes das notícias anunciadas, que acabariam por ser diferentes, quando não antagónicas, quer quanto ao divulgado nas fugas, quer quanto aos propósitos enunciados pelo executivo, ou por alguns ministros.

O caso da eventual aplicação a Portugal, das condições aplicadas à Grécia. O caso dos avanços e recuos, sobre o IMI e a lei das rendas. O escandaloso dossier sobre a reforma autárquica e as suas consequências, ao qual se acrescentou agora, a intenção seguida de protelação, de diminuição ou integração de municípios, quando ela estava contemplada desde o início no Memorando. A telenovela sobre o grau de austeridade no OE, o destino da RTP, da Ana e da TAP e ainda tantos outros, vão retirando toda a credibilidade ao Governo e à maioria que o sustenta.

Coma consequência dos factos referidos, tem acontecido as mais variadas greves e manifestações de protesto e contestação dos instalados do sistema, ao mesmo tempo que, a maioria do povo continua indiferente e, outra parte, condena os políticos e o sistema de corrupção instalado, por não ver alternativa política. Por outro lado, apesar das últimas sondagens, confirmarem o crescimento das expectativas em torno do PS, o comportamento do Partido, perante a crise, continua errante e contraditório, o Secretário Geral não consegue impor autoridade interna, nem ganha credibilidade como líder, para dirigir o país.

António José Seguro, no início do seu mandato afirmou, várias vezes, que só faria propostas políticas que pudesse executar, quando fosse governo. Também definiu, como sua prática política, que apoiaria qualquer medida do governo, se as considera-se justas e adequadas. Mesmo considerando as sucessivas alterações do Memorando, o Partido Socialista continua a reafirmar,e bem, que respeita os compromissos internacionais do governo anterior, nomeadamente o acordo com a Troika. Como compreender então, que o PS critique e condene quase todas as medidas do actual Governo, que são uma consequência directa da aplicação do Memorando e que teria que aplicar se estivesse no poder?

Entretanto, apesar de Seguro ter sido eleito Secretário Geral por uma maioria confortável, de ter apresentado um programa inovador de reorganização e democratização interna do partido, parece que pouco ou nada mudou. Para alguns militantes atentos, é já evidente que ele não tem autoridade ou, pior que isso, rendeu-se ao "quartel general dos interesses instalados". O facto de ter estado a receber, durante o seu mandato, as mais variadas corporações instaladas à custa do Estado, nomeadamente dos profissionais liberais, que são atingidos pela reforma, dando-lhe o seu apoio político é, objectivamente, contrariar as reformas indispensáveis do aparelho do estado, é não respeitar os compromissos assumidos com a assinatura do Memorando . 

Relevante ainda, foi a cedência ao lóbi autárquico interno, verdadeiro detentor do votos do partido. Não criticou a atitude do Governo,quando no Livro Verde, sobre a reforma autárquica, não estava contemplado a diminuição ou integração obrigatória dos municípios. Começou por apoiar a diminuição e fusão de freguesias, recuou perante as primeiras contestações,  condenou a reforma por "não ter o apoio das populações", chegando ao cúmulo de considera-la um crime! E...para não incomodar o poder instalado, as directas para os candidatos a autarcas...foi esquecido.

Como corolário da sua incapacidade de liderança do PS e, consequentemente, de se afirmar como alternativa a Passos coelho, tivemos a última entrevista à TVI. Não conseguiu demarcar-se ideologicamente do "Congresso Das Alternativas". Teve uma posição ambígua, quando Mário Soares lhe deu conhecimento da carta aberta das setenta personalidades. O líder da bancada parlamentar, demarcando-se da carta,  certamente com o apoio de Seguro, afirmou que as demissões dos governos, deve ser conforme a Constituição. 
Todavia, na entrevista à TVI, ainda que com alguma ambiguidade, admitiu a apresentação de uma moção de censura que leve à queda do governo. Conclusão, adoptou as teses de Mário Soares. Reconheceu que a liderança da oposição ao actual Governo, é protagonizada por Mário Soares, que tudo tem feito para arregimentar os intelectuais "desinstalados" do poder, o PCP, o BE e os membros da maioria descontentes, sem contudo apresentar qualquer alternativa política e económica.

Há mais de duas décadas que, politicamente, Mário Soares era para mim a referência principal do PS e do Estado Português. Soube, como nenhum outro político, liderar a consolidação da democracia. Liderou dois governos, com intervenção do FMI,onde teve que tomar medidas de austeridade, económicas e sociais, contra os operários e trabalhadores em geral. Esses acontecimentos, geraram ondas de ódio contra a sua pessoa e, consequentemente, levaram a grandes derrotas eleitorais. Por essas razões, não consigo compreender, nem apoiar, as posições políticas actuais de Mário Soares e, naturalmente, não acompanho a mudança de "estratégia" Seguro.

 É comovente constatar a desilusão de Seguro, sobre Holande, depois de meses de seguidismo e euforia em torno das propostas de crescimento e emprego, quando ambos deveriam ter meditado sobre a actual situação económica da Alemanha, para o qual contribuíram as reformas feitas, há mais de uma dezena de anos, pelo líder da Social Democracia Alemã, Gerhard Schroeder. Quando será que esta gente aceita reconhecer que o Mundo mudou, particularmente a Europa, como consequência da queda do "Muro de Berlim" e do domínio da política neoliberal, implementada pelo capital financeiro internacional? Onde está a alternativa?


quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O Estrebuchar Das Elites Das Chamadas Classes Médias!




O estrebuchar das elites, das chamadas classes médias e dos bem instalados,  constitui um espectáculo degradante, se não mesmo revoltante, particularmente, nas televisões.Esta gente, militares, políticos, altos quadros das empresas privadas e do estado, juízes, médicos, professores, etc,, etc, que se auto promoveram, nos últimos quinze vinte anos, através de carreiras profissionais elitistas, altamente remuneradas, e que chegaram ao topo, com mais velocidade que teria o TGV, agora criticam o governo, condenam a Troika e os Alemães, para tentar não pagar a factura da dívida, para o qual contribuíram de forma decisiva.

Muitos destes profissionais acumulavam, e muitos ainda continuam, vários lugares e actividades em simultâneo, enquanto os jovens licenciados não encontram lugares, ou quando os conseguem, são miseravelmente remunerados. Desde os deputados, que continuam a ser simultâneamente advogados, consultores e gestores. Depois, os que vão para o governo, quando saem, vão para os concelhos de administração das empresas do estado, ou onde o poder influencia, com remunerações altamente escandalosas, comparativamente ao mundo do trabalho.

 Os professores universitários, muitos são membros de concelhos de administração ou das assembleias das empresas, são consultores, e vendem pareceres e estudos, para tudo o que é organismo público, mas onde tudo continua inamovível. Muitos dos outros professores, passavam o tempo nas escolas ou nos sindicatos, muitos davam também aulas nas escolas privadas, trabalhavam nas empresas de formação e, quando não era possível, criavam pequenas empresas para dar explicações, das matérias que não davam ou não prestavam atenção nas escolas.
 Os resultados são conhecidos. Não deram verdadeira formação profissional, os jovens chegam às faculdades sem conhecimentos básicos. Ao que parece, todos se preocuparam com a sua formação. Houve doutorandos acima da média europeia. Todavia, as suas teses, pouco ou nada contribuíram para nos tirar da cauda da Europa, como seria de esperar com a inflação de Professores Doutores!

 Os médicos, que ocupam o tempo nos hospitais públicos e trabalham nos privados, ou nos seus consultórios, e ainda são proprietários de clínicas ou gestores nos privados, para onde enviam os doentes que lhe interessa e dá lucro à conta do Estado, para não referir ainda ,os "prémios" que recebem das multinacionais do medicamento. Não poderemos esquecer, que durante anos, os médicos e depois os enfermeiros, bloquearam a formação de novos profissionais, para não ter concorrência. Actualmente, dificultam a entrada de novos médicos e enfermeiros, para poder continuar a ganhar fortunas em horas extraordinárias

Quanto aos juízes, além das casas que lhe eram e ainda são atribuídas, mesmo que vivessem ao lado dos tribunais, muitos eram professores, ainda que oficialmente não remunerados, tinham um regime horário e de férias, que chocava o mundo do trabalho. Como contrapartida, contribuíram para que a justiça atingi-se o grau zero de credibilidade, apesar do enorme aumento do número de funcionários, da construção de novos tribunais e da compra contínua de equipamentos informáticos. Resultados..."os colarinhos brancos" não vão para as cadeias!

Sobre os militares...dizem os próprios Americanos, que temos generais e Almirantes de...cadeira. O serviço militar obrigatório acabou, a guerra colonial tinha acabado, mas...apesar da diminuição de soldados e marinheiros, o quadro dos oficiais continuou a engordar, contando com os oficiais na reserva. Continuaram com os seus hospitais privativos e outras "quintas" reservadas. Depois...muitos ainda receberam indemnizações chorudas, pelas não promoções derivadas do PREC, quando nos tinham dito, que tinham feito a revolução para o povo. Tanto quanto sei, Ramalho Eanes, foi o único que não aceitou a indemnização de quase um milhão de euros. Merece a homenagem dos portugueses!

Muitas destas pessoas, acumulavam mais de uma dezena de milhares de euros mensalmente, quando não cinco vezes mais, como tem sido referenciado por alguma imprensa e denunciado em muitos blogs.
São várias destas pessoas, que estão continuamente nas rádios e televisões e enchem os jornais de artigos contra a Troika e as medidas deste governo. Como já  fizeram no anterior governo, tudo fazem, para também derrubar este. Convencidos da sua impunidade, fazem todas as manobras, chantagens e demagogia sobre o "roubo às classes médias"que, segundo eles, não teriam que pagar, até porque são o suporte da democracia?!. Entretanto, continuam a monopolizar os lugares altamente remunerados e, depois, choram lágrimas de crocodilo...porque não há emprego para "a geração mais bem formada da nossa história", ao mesmo tempo que realizam as mais variadas discussões em palestras, conferências, seminários, para que tudo...fique como está!

Mais grave ainda, é o caso das pessoas com reformas douradas, que ainda nos governam ou que continuam a acumular, com outros altos vencimentos em empresas, fundações institutos ou autarquias, como é o caso do Catroga, Bagão Félix, Alberto João Jardim, e tantos outros,  e era o caso de centenas de autarcas, antes de Sócrates ter alterado a lei. Como bem salientou Paulo Morais, em artigo publicado no Correio da Manhã, não são os reformados, que criaram este sistema político pantanoso, que quererão ou serão capazes de fazer as reformas necessárias, para sairmos dele, ou dar-se lugar aos novos.

Nunca defendi a ideologia liberal, ou neoliberal. Não votei neste governo, e até alertei, em mais que um artigo, que o seu objectivo era alterar o Estado Social. Contudo, apoiei a aplicação do Memorando, desde que tive conhecimento do seu conteúdo. Neste contexto, é revoltante ouvir, ver ou ler, continuas deturpações do que estava previsto no acordo inicial com a Troika, descaradas adulterações de algumas medidas do governo, direccionadas para fazer pagar as classes médias, mas que estas, dizem que são medidas contra todo o povo, na vã esperança de o trazerem para seu lado e impedir as reformas.

Os cortes já feitos e os que estão previstos, nos vencimentos, reformas, benefícios fiscais, benesses atribuídas e nas regalias consentidas às elites e classes médias, são a consequência do facto de se terem apropriado dos fundos, que deveriam permitir o desenvolvimento económico e social sustentável. São ainda resultado, da sua ganancia, ao continuarem a espoliar o dinheiro do Estado, mesmo à custa de empréstimos para continuarem a fazer uma vida de festa e ostentação, com remunerações acima da média europeia, enquanto o mundo do trabalho manual, continuou com os mais baixos salários da Europa e a desigualdade continuava a aumentar.

Só o facto de vários jornalistas das TVs, também remunerados acima da média, contestarem as medidas que os afecta, poderá levar a compreender, a quantidade de programas que dão aos instalados do sistema, para condenarem qualquer reforma, quando ganham dez a vinte vezes mais que os operários das fábricas. Só a cumplicidade dos média, pode justificar a quantidade de reformados que tem tempo de antena, para condenar as medidas da Troika, sobre os impostos nas reformas, quando recebem , em média, vinte vezes mais do que a generalidade dos reformados, que trabalharam toda a vida.

Não tenhamos ilusões. Os dois milhões de trabalhadores e os 90% de reformados, que não sofrem aumento de impostos, não é pelo facto do governo ter uma política social justa. Eles não pagam, porque não ganham o suficiente para pagar mais impostos, nem ter uma vida digna, vivem na margem da sobrevivência! É um paradoxo, mas o governo mais liberal do pós 25 de Abril, está a diminuir a desigualdade social! Como não se remunerou, nem se valoriza, o trabalho manual, para diminuir as desigualdades sociais,agora, para pagar a dívida, diminui-se as remunerações dos que se auto promoveram e apoderaram dos dinheiros do Estado. Sem complexos, há que reconhecer que é justo e, a continuar assim, ficaremos de acordo com as médias europeias, os de baixo e os de cima...abaixo de todos os outros...até que um dia, se acorde para a realidade do mundo em que vivemos!


terça-feira, 13 de novembro de 2012

A Hipocrisia E O Cinismo Das Elites portuguesas!




A hipocrisia e o cinismo das elites políticas, empresariais, académicas e outras, da sociedade  portuguesa, começa a ser insuportável, em tudo o que diz e faz. É verdade, que há muito tempo, se vem afirmando que a situação política, económica, social, de fraco desenvolvimento e agora de excessivo endividamento, é da responsabilidade da elite. Tal facto, indiscutível para quem estuda e acompanha a realidade portuguesa, é reconhecido, inclusive, por alguns destacados membros da elite que nos tem governado.

 A sorte deles e o azar do povo português e de portugal, é que a generalidade das pessoas ainda não o compreendeu, e anda a lutar contra "fantasmas", erigidos em inimigos, em vez de lutar contra o "Quartel General" dos interesses instalados, composto pelas Maçonarias, Opus Dei, Organizações secretas discretas e afins, as quais, capturaram os partidos políticos e o Estado!

Para melhor compreensão, analisemos os comportamentos das elites, apenas a partir do primeiro governo de Sócrates. Todos nos recordamos, da violenta campanha contra as reformas na educação, saúde, justiça e simplificação da burocracia estatal. Julgo hoje ser incontestável, para a
generalidade dos portugueses, que as reformas agilizaram os procedimentos, geraram melhor aproveitamento das infraestruturas, permitiram concentração de serviços dispersos e inoperantes e, acima de tudo, melhor aproveitamento dos recursos humanos abrangidos.

Porem, foi necessário enfrentar a fúria das corporações.  Nos professores, acabou-se com largas centenas de delegados e dirigentes sindicais, que foram obrigados a voltar a dar aulas. Reorganizou-se as turmas, as matérias leccionadas, o parque escolar e foi imposto a avaliação profissional,  entre outras reformas.
 Na saúde, diminuiu-se e atacou-se as variadas "quintas", nas quais, os serviços públicos estavam, de facto,organizados de acordo com os interesses da corporação, das clínicas e hospitais privados. Como consequência, eram sobrecarregados os custos do Serviço Nacional de Saúde e subaproveitadas as infraestruturas e serviços dos mesmos.
Na Justiça e nos Tribunais, combateu-se a dispersão e a manutenção de tribunais que tinham poucos processos, mas recursos humanos excedentários. Acabou-se com o regime de férias especiais, três meses. Procurou-se acabar com o sistema reinante, em que os juízes, advogados e funcionários decidiam como, quando e quais, os processos avançavam para julgamento, sem ter em conta as leis e as prioridades de entrada dos processos, além doutras medidas.

Como as reformas tinham implicações noutras corporações, como seja a diminuição da construção civil, menor compra de equipamentos e prestações de serviços, para o estado e Autarquias, foram atingidas muitas empresas "monopolistas" dos respectivos sectores, os quais se juntaram à "rebelião".

 Sob a batuta do PCP, e a colaboração do BE, generalizou-se a contestação, com alguma participação das populações, que desconheciam a desorganização reinante e estavam receosas de perda de direitos, como resultado de uma campanha de intoxicação dos órgãos de comunicação social, instrumentalizados pelas corporações e pela mobilização da CGTP.

Um dos melhores ministros caiu, o governo ficou fragilizado e acabou por perder a maioria absoluta,nas eleições seguintes. De realçar, que toda esta campanha teve a participação de altos dirigentes do PS, publicamente assumidos como membros da Maçonaria, porque, soube-se (?) posteriormente,  Sócrates não os levou para o governo, nem aceitou manter os seus interesses corporativos.

Entretanto, como consequência da crise do sistema bancário, dos Estados Unidos da América, a Europa entrou no turbilhão das falências bancárias, seguida de queda da economia e entrou, também, na cadeia da usura, do roubo, que o sistema financeiro logo criou, a pretexto das dívidas soberanas. Sócrates, como outros dirigentes europeus, recomeçaram com investimentos públicos, incitados pela Comissão Europeia, para evitar o aumento do desemprego. Recordo bem, que tais medidas, tiveram o apoio da Esquerda à Direita.

Porem, como a principal razão da crise era a perda de competitividade do Mundo Ocidental, particularmente da Europa, quase de imediato começaram a ter relevância pública, os famosos PECs.
Como sabemos, as medidas dos Planos de Estabilidade e Crescimento, tinham por objectivo diminuir o deficit das contas públicas, o que implicava a reorganização de largos sectores do estado e das Autarquias locais. Novamente, as elites e os interesses instalados, reagiram da Esquerda à Direita, inclusive do PS, que dirigia o Governo. Ninguém queria aceitar as medidas, o PEC IV não passou, Sócrates caiu e Passos Coelho entra em cena, depois de ter ganho as eleições, com propostas políticas e económicas, contra as medidas defendidas por Sócrates.

É interessante recordar, que vários elementos das elites, comodamente instalados e remunerados através de várias fontes, foram afirmando, publicamente, inclusive perante as câmaras de televisão, que, atendendo à crise, até aceitavam  cortes nas suas reformas (douradas) ou nos vencimentos (principescos), face aos salários e vencimentos miseráveis do mundo do trabalho. Pois...mas a realidade é teimosa e, como diz o povo, a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima.

Ao tomar conta do "pote", Passos Coelho recomeçou, agravando, a aplicar as medidas que não deixou Sócrates executar. Imediatamente, a elite e os interesses instalados, que tinham contribuído para a sua vitória, em colaboração com o PCP e o BE, desencadearam novas  lutas contra as reformas que já estavam contempladas no PEC IV e foram desenvolvidas no Memorando da Troika. 

Por paradoxal que possa parecer, nenhuma organização política, sindical ou empresarial, quis publicar o conteúdo do Memorando. Porquê? Porque assim escondiam, que a maioria das medidas previstas, não eram contra o mundo do trabalho, mas antes, contra os interesses instalados no Estado, nas Autarquias, contra as corporações profissionais liberais, contra os oligopolios, de facto, na banca, nas telecomunicações, na energia etc.

Como seria expectável, as corporações,tudo fizeram, discretamente,para que as medidas que os deviam atingir, não fosse aplicadas, ou, que apenas fossem aparentemente. Simultaneamente, através da comunicação social, com a participação de "personalidades ilustres", alguns dos quais, anteriormente diziam aceitar cortes de regalias, tudo fizeram e fazem para  fazer passar a mensagem, de que, as poucas e irrisórias medidas contra os seus interesses, eram e são contra a generalidade dos trabalhadores e dos reformados, na vã tentativa de os colocar a seu lado.

Como consequência de tudo isto, e com o actual governo, cada vez mais vergado perante as corporações e, simultaneamente, pressionado pela Toika , para controlar as despesas públicas e reduzir o deficit opta, com cumplicidade absoluta, pela manutenção dos interesses instalados. O corte substancial dos municípios, a extinção do apoio financeiro às Fundações, a redução profunda dos Institutos, a reorganização e diminuição dos Altos Quadros do Estado, a diminuição substancial das rendas nas PPP e na energia, entre outras medidas, previstas no memorando, são abandonadas ou mitigadas, enquanto o Direito do Trabalho, foi completamente arrasado! 

Conclusão: o cinismo das elites continua a resultar e a sua hipocrisia não está desmascarada. Como eles impedem os cortes previstos, o deficit aumenta, e o Governo prepara-se para mais um corte, de quatro  mil milhões de euros, na saúde, na educação e na segurança social. O dinheiro que devia ser cortado às elites, para diminuir o deficit, vai acabar por ser pago por todos, quando o mundo do trabalho já perdeu todos os seus direitos e regalias e os seus baixos salários e vencimentos, nada contribuíram para a "banca rota". Não nos deixemos mais enganar. A Troika, não é o nosso inimigo, é o representante dos credores. o  verdadeiro inimigo dos trabalhadores e do povo português, é o "Quartel General" dos interesses instalados, Maçonaria, Opus Dei, Organizações secretas, discretas e afins!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

As Elites Portuguesas Nem Sabem Governar, Nem Querem Que Outros Nos Governem!

As elites portuguesas, nem sabem governar, nem querem deixar que outros nos governem. O espectáculo, degradante, que nas últimas semanas tem sido dado pelo actual e ex Presidentes da República, por governantes e ex governantes, por dirigentes políticos, sindicais, patronais e por dirigentes e altos responsáveis de Órgãos do Estado, só demonstra falta de ética republicana e de responsabilidade perante os cidadãos acossados pela austeridade, e prova a incompetência de quem nos governa e dos que já nos governaram. Há excepções, certamente, mas é evidente que falta em Portugal, Homens com coragem, capacidade e sentido de Estado. Faltam Elites que pensem e governem o Estado, numa perspectiva  de futuro e ao serviço do Povo.

Estamos habituados, que o PCP e a sua "tropa", comecem por criticar algumas medidas políticas, que contrariam a sua ideologia e afectam os seus interesses, e acabem por condenar e lutar contra a manutenção de todos os governos, desde 1975. O BE, ainda que pretenda ter uma orientação política e ideológica diferente do PCP, acaba por convergir na estratégia de "terra queimada", como foi o caso do chumbo do PEC IV, e que contribuiu,  decisivamente, para o pântano em que estamos metidos. Em suma, são dois partidos que não nos oferecem alternativa, para superar a actual situação.

São muitas e cada vez mais, as pessoas que não acreditam nos dirigentes políticos, tem dúvidas na capacidade e da representatividade dos partidos, começam a por em causa a democracia representativa, e já nem o sistema democrático constitucional é respeitado. Contudo, se tivermos em consideração o  pântano em que caímos, particularmente nos dois últimos anos, e o comportamento dos partidos do arco da governação, PS, PSD e PP, torna-se compreensível a condenação dos políticos e a realização de protestos e manifestações, à margem e contra os partidos e os sindicatos. Esta contestação atingiu tal nível, que vários representantes dos interesses instalados, tem vindo a público  alertar que o poder pode cair na rua, ou que a rua não pode resolver os problemas, como intimida a Igreja, através do Cardeal  Policarpo.

Entretanto, o "Quartel General" dos interesses instalados - Maçonarias, Opus Dei, Organizações secretas, discretas e afins - principais responsáveis pela situação que nos encontramos, tudo tem feito, para que seja apenas o mundo do trabalho a pagar a crise. Opuseram-se às reformas no primeiro governo de Sócrates. Dificultaram a implementação dos PECs. Ocultaram e depois deturparam o Memorando, enquanto fizeram o maior ataque que há memória, ao Direito do Trabalho. Mas foi, especialmente, após o Tribunal Constitucional, declarar não conforme à Constituição, o corte de dois salários da função pública, que foi desencadeado o processo de instabilidade governativa, em que nos encontramos actualmente.

Não votei nos partidos da actual maioria, nem sou apoiante deste Governo. Todavia, é para mim indiscutível, que o OGE  deve ser aprovado, e que o PSD e o PP devem continuar a governar, até que haja novas eleições. Nada justifica a demissão do Governo,  como também não se justificava o chumbo do PEC IV e a consequente queda do Governo de Sócrates. Este, como o anterior, ou outro governo que venha imediatamente a seguir a eleições, só pode ter um programa: Cumprir e aplicar o Memorando! Não deve ser aceite qualquer tipo de governo de iniciativa presidencial. Se os actuais partidos, não querem executar as directivas da Troika, ou não se querem  "queimar" com as medidas impopulares, que haja eleições, com os actuais partidos e outros, que eventualmente se constituam, e que o povo decida.,

As pessoas minimamente informadas, sabem que todos estamos a pagar a factura da crise. Contudo, a esmagadora maioria dos trabalhadores, cujos salários são escandalosamente e reconhecidamente baixos, estão a pagar com muita dificuldade ,particularmente, através da inflação e da perda de direitos, que na prática já não tinham. A chamada classe média baixa, com vencimentos até 1350,00 E, já é suficientemente atingida pelas várias medidas de austeridade, tendo em conta a sua pequena responsabilidade na crise, e compreende-se que proteste, ainda que deva ter em consideração como está o mundo globalizado e, como consequência, pensar que os anteriores vencimentos e salários, não voltarão.

 Quanto à classe média alta, mundo das finanças, empresarial, patronal e os ricos em geral, quando constataram que o Memorando também os ia atingir, reagiram à sua maneira e com o poder que tem. É relevante, que tenha aumentado a corrupção, a fuga aos impostos, o aumento da economia paralela, a critica cerrada da comunicação social à Troika, particularmente das televisões e dos seus comentadores de serviço. Paralelamente são feitos apelos ao derrube do governo por ex governantes e  por Mário Soares, aumenta a instabilidade política interna no PSD, PP e no PS, neste último caso, agravado pela sabotagem à liderança de A J Seguro. Tudo é premeditado, organizado e dirigido pelo "Quartel General" dos interesses instalados, que cativaram o Estado e todos os partidos democráticos ,para sabotar a implementação do Memorando e a aprovação do OGE, para  não serem obrigados a pagar uma pequena parte, dos grandes benefícios que obtiveram à custa do Estado, isto é, da maioria dos portugueses.

O que  esta orquestração, desinformação, chantagem e pressão está a pretender atingir, é que seja renegociada a dívida, aumentado os prazos de pagamento, sejam suspendidas as medidas de reestruturação do aparelho do Estado, não se extinga municípios e não haja o aumento dos impostos previstos no OGE. Agora, que os cortes nos salários no mundo do trabalho já estão concretizados, pela via do corte de direitos e regalias, pensam ser admissível haver novos investimentos privados,  algum desenvolvimento e criação de riqueza, susceptível de permitir o abatimento da dívida, sem que a classe média alta e os ricos paguem a crise, sem que as reformas acabem com fundações, institutos, câmaras municipais e empresas municipais, e os que estão instalados se mantenham nos seus lugares ,altamente remunerados e, simultâneamente, a trabalharem nos seus gabinetes e a fazer negócios à conta do estado, à conta de todos nós.

 Não nos iludamos, a Troika não é o nosso inimigo, é o representante dos credores, que nos emprestaram o dinheiro para nos desenvolver-mos, mas que aplicamos mal e desbaratamos em festas. A luta política, a contestação, os protestos e manifestações, deve ser contra o "Quartel General" dos interesses instalado, e, simultaneamente,  em defesa da  Democracia e do Estado de Direito, Democrático e Social!

sábado, 29 de setembro de 2012

Grande Manifestação da CGTP, Ou Expressiva Derrota Dos Interesses Instalados De "Esquerda"?



Vi com atenção, a manifestação da CGTP, desde que os três canais da televisão começaram as reportagens. Prestei muita atenção, a muitas das declarações dos manifestantes, que foram entrevistados. Escutei o discurso, a cassete, do líder da Central do PCP, reflecti sobre o seu conteúdo e só pude concluir: a manifestação, constitui uma expressiva derrota, dos interesses instalados de "esquerda".

A manifestação, representou uma expressiva derrota na organização, porque apesar de ter mobilizado pessoas de outras zonas do país, através de 20000 delegados e 2000 dirigentes sindicais e transportados em mais de duas centenas de autocarros, apenas conseguiu reunir cerca de 100000 manifestantes na Praça do Comércio, enquanto no dia 15 de Setembro, terão participado meio milhão em Lisboa e, no conjunto das várias manifestações, um milhão de manifestantes, apenas convocados pelas redes sociais.

A manifestação, representou uma expressiva derrota política, porque apesar da comunicação social afirmar, que alguns dinamizadores das manifestações espontâneas anteriores, terem apelado à participação, e de Arménio Carlos, ter afirmado perante as câmaras da televisão, que a manifestação deixaria de ser da CGTP, para passar a ser de todos. Contudo, o que foi evidenciado, foram as participações de dirigentes sindicais de polícias, professores e militares, entre outros, assim como os dirigentes do PCP , do BE e, particularmente, de Carvalho da Silva, a tentar "vender" o seu congresso das alternativas, para voltar a ter protagonismo, do qual demonstra grande nostalgia. Finalmente, para demonstrar aos ingénuos, porque "a unidade" com CGTP/PCP não é possível, voltaram a cantar a Internacional...numa concentração que se pretendia "unitária", de todos.

Em síntese, o que hoje o PCP veio demonstrar, mais uma vez, através da CGTP, é que continua a ser impossível contar com eles, para fazer as reformas necessárias. Não aceitam qualquer reforma, todavia, vão "tolerando" que o mundo do trabalho fique sem direitos e os salários baixem, com as "suas gloriosas lutas e manifestações", que mais não servem do que tentar defender, por todos os meios, os seus quadros políticos e sindicais, alojados aparelho do Estado e nas autarquias locais, de braço dado com a "classe média" instalada, como era evidente na composição social da generalidade dos manifestantes e pelas declarações que fizeram. O "Quartel General" dos interesses instalados, também passa por estes senhores, apesar da sua retórica de esquerda e de serem trabalhadores...que há décadas não vão aos locais de trabalho.




quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O "Quartel General" Dos Interesses Instalados Teme Que O Poder Caia Nas Ruas!




O "Quartel General" dos interesses instalados - Maçonarias, Opus Dei, Organizações secretas, discretas e afins - teme que o poder caia nas ruas. Nas ultimas semanas, através de várias entrevistas,  artigos de opinião e de comentários nas televisões, os poderosos do regime e os seus porta vozes, tudo fizeram, para enquadrar as ultimas manifestações de rua, dentro do actual sistema político e realçar o seu carácter pacífico. Usando um cinismo revoltante, expressaram compreensão com as dificuldades do povo, particularmente da classe média e, simultâneamente, assumiram a necessidade de algumas das medidas propostas pelo governo, serem alteradas. Todavia, nenhuma sugestão, tinha por objectivo atingir os interesses instalados.

Parece cada vez mais indiscutível, que a Troika, não ficou satisfeita com a situação encontrada, particularmente, com o atraso das reformas estruturais, que todos os lóbis lutam para impedir. A proposta escandalosa de alteração da TSU, teve a vantagem de agitar o mundo do trabalho do sector privado. Contudo, foram as medidas apresentadas pelo Ministro das Finanças, que incendiou o protesto generalizado pois, ainda que timidamente, propõe algumas reformas contra os interesses instalados, como é o caso da tributação de todo o património e a extinção de fundações ou a diminuição dos respectivos subsídios.

Tais factos, foram o suficiente para que o "Patriarca" do PS e alguns seguidores, e muitos comentadores, afirmassem que o acordo com a Trioka não devia ser cumprido, que o governo já não tinha condições para governar e que deveria ser substituído. Acto contínuo, logo os radicais e os saudosos do poder, pelo poder, do PS,  afirmaram que o partido se devia preparar para governar, enquanto outros, mais "famintos", queriam o poder já, que o partido estava preparado. Naturalmente,  tais opiniões e atitudes, foram apoiadas pelo PCP e BE, ainda que, com alguma ambiguidade.

Certamente, por efeito de pressões e negociações, através do "Quartel General" dos interesses instalados, de um momento para o outro, passou-se da critica ao governo, por causa da TSU, para a condenação e defesa de substituição do governo, porque pretendia atingir os interesses instalados. Porem, os interesses instalados tem porta vozes autorizados e privilegiados. Logo que o "insuspeito grau 33 do  GOL", assumiu, que o actual governo tem condições para governar, a contestação acabou, e passou a depositar-se todas as esperanças na reunião do Concelho de Estado, que necessariamente haveria de ultimar, ou apenas aprovar, a nova partilha do poder feita discretamente.

Como todos sabemos, na vida das pessoas e na actividade das organizações, acontecem situações imprevistas, por vezes dramáticas, quando não se quer ter em conta a realidade dos factos. Na manifestação do dia 15 de Setembro, já tinha sido perceptível, que muitas pessoas não se limitavam a criticar e condenar apenas a Troika e o Governo. Gritavam também contra a corrupção e contra os "gatunos", que exibiam em cartazes. Ao que parece, o poder não valorizou estas criticas e os partidos assobiaram para o lado.

 Contudo, a manifestação em frente ao Palácio de Belém, enquanto decorreu a reunião do Concelho de Estado, não deixou dúvidas quanto aos seus objectivos imediatos: criticar, condenar e apupar todos! Estava o Presidente e ex Presidentes da República, Primeiro Ministro, Ministro das Finanças,  Partidos Políticos Democráticos, Altas Personalidades como Conselheiros de Estado, ou seja, estavam os representantes do actual sistema político. Para que dúvidas não houvesse, vários manifestantes gritavam ainda contra todos os partidos, contra os sindicatos e contra os patrões.

O poder caiu na rua? Não! A contestação ao sistema caiu na rua? Sim! Ás manifestações constituíram factos relevantes para o futuro do país? Sim! A maciça participação das pessoas foi positiva ou negativa? As duas coisas. Positiva, porque revelou que muitas pessoas mais jovens acordaram para a contestação e, acima de tudo, demonstraram uma consciencialização de luta, não apenas contra o governo, mas contra todos os interesses instalados, ainda que mal identificados. Negativa, porque sendo um movimento inorgânico e, ainda, anti partidos, impede que formalize propostas concretas alternativas, que desenvolva actividade continuada e consistente,inclusive criando nova organização política e, finalmente, pode ser aproveitada por organizações ou partidos antidemocráticos.

O facto do Governo recuar na TSU, ainda que prepare medidas mais duras, o alerta que sofreram  os partidos e sindicatos, os volte face, que várias personalidades e comentadores estão a fazer, "defendendo" já algumas reformas, tudo se deve às grandes manifestações espontâneas. O "Quartel General" dos interesses instalados, particularmente as Maçonarias, começam a revelar algum nervosismo, à medida que lhe afectam os interesses e que os identificam, como os principais responsáveis, pela marginalização dos partidos, pela corrupção e pela impunidade reinante no país. Quando o povo se levanta...o mundo move-se... espero que seja na direcção justa, pois há nuvens negras no horizonte.

domingo, 9 de setembro de 2012

"GUERRA CONTRA O QUARTEL GENERAL" DOS INTERESSES INSTALADOS!



As medidas escandalosas, anunciadas pelo Primeiro Ministro, representam o fim das ilusões: o primitivo Memorando da Troika não se aplica aos interesses instalados, apesar de serem os principais responsáveis pela situação de "banca rota" a que o país chegou. Mais uma vez, o poder das organizações secretas, discretas e ocultas, como Maçonarias, Opus Dei e outras, conseguem resistir e impedir, que lhe cortem as benesses e regalias que tem no Estado, obrigando o mundo do trabalho a pagar a dívida que eles criaram.

O "Quartel General" dos interesses instalados, composto pela Maçonaria, Opus Dei e outras organizações secretas, discretas e ocultas, há muito tempo que capturaram o Estado, as Autarquias, os Partidos Políticos, os Sindicatos e outras organizações sociais. A Elite oculta serve-se, de todos estes organismos, para legislar e definir as políticas correspondentes aos seus interesses.

 Os partidos democráticos são organizações de fachada, com sedes fechadas, com "militantes excursionistas", onde nada de importante ou fundamental se discute e decide, apenas se aprova, porque as decisões importantes e decisivas para o país, são tomadas, previamente, pelas Lojas Maçónicas ou, e, pela Opus Dei, ou outras organizações semelhantes.

 Quanto aos sindicatos, mais não são que organizações de profissionais e ex profissionais, para a defesa dos seus interesses corporativos, onde os verdadeiros interesses do mundo do trabalho não estão representados nem são defendidos. Começaram por recusar qualquer reforma laboral, acabaram por aceitar, objectivamente, que o mundo do trabalho ficasse, na prática, sem direitos e regalias. Enquanto isso, a maioria dos dirigentes manteve-se nos lugares durante um quarto de século!

Após o anúncio das medidas pelo Governo, passei horas a ouvir e a ler reacções dos partidos, sindicatos e organizações patronais e, depois, as opiniões de comentadores, artigos de opinião e muitos comentários, em blogs. Para minha surpresa, a reacção mais dura e objectiva, foi protagonizada pelo José Gomes Ferreira da SIC. Afirmava e bem, porque não são aplicadas as reformas estruturais previstas no Memorando, mas apenas mais impostos ao mundo do trabalho e, mais grave ainda, ao mesmo tempo que o governo decide diminuir as contribuições das entidades patronais?

Todavia, quase todos os que criticam mais este aumento de impostos,  não defendem a aplicação das reformas previstas no memorando, como alternativa ao aumento da taxa social única. Outros,  com a cobertura e conivência da comunicação social,quando o Governo, timidamente, avançou com propostas de reforma das autarquias, das fundações, da RTP, dos hospitais, etc, logo avançaram com um mar de criticas e tentaram resistir de todas as formas possíveis.

Se tivermos em consideração o estudo do DN sobre a Maçonaria, os artigos da Revista Sábado, particularmente, sobre o último escândalo das  Secretas e, agora, a publicação da lista dos 1952 membros da Maçonaria do Grande Oriente Lusitano, datada de 2004, por isso incompleta, demonstrando que a Elite oculta está em todo o lado, será fácil de compreender as criticas de uns e a omissão de outros.

 A Elite oculta, tudo tem feito e ira continuar a fazer, para impedir reformas nos organismos do Estado que capturaram, onde estão instalados e tem as suas benesses. A Elite oculta, infiltrada em todos os partidos, que tudo dirige, tem conseguido que o capital financeiro e as grandes empresas, em vez de pagarem pelos crimes e erros, ainda sejam beneficiadas, para como contrapartida lhes assegurar lugares altamente remunerados. A Elite oculta, no Estado e nas empresas, tudo fez e rápido para baixar salários, cortar direitos adquiridos e aprovar leis, que acabaram com o direito do trabalho, ou seja, para eles, tudo é justo e legal contra o mundo do trabalho!

O Povo português e particularmente os trabalhadores, não podem continuar enganados e fazer da Troika, o inimigo principal. A Troika, está a defender os interesses dos credores, para pagamento da dívida que a Elite oculta fez, durante muitos anos, em nome do estado e das empresas. Os inimigos de portugal e dos trabalhadores portugueses, são os poderes ocultos que tudo controlam e dirigem e, por essa razão, devem ser denunciados e combatidos politicamente. É urgente, que o Povo Português saiba, de facto, quem o dirige. É indispensável, saber quem é quem nos organismos do estado, nos partidos e nos sindicatos, não para perseguir quem quer que seja, mas para sabermos em quem ou como votar.

Vivemos, ainda, em regime democrático, onde há liberdade de associação. Todas as associações devem ser legais e públicas, com excepção dos serviços secretos do Estado. Nada me move contra qualquer associação ou organização religiosa, maçónica, laica ou outra e os seus respectivos membros, desde que, a sua actividade, não seja secreta ou oculta. É minha convicção, que o desinteresse e mesmo hostilidade do povo, pelos partidos, está a atingir o limite da tolerância. Só o fim dos poderes ocultos, nos partidos democráticos, pode impedir a sua total marginalização, ou até, a sua extinção o que, necessariamente, prejudicará gravemente a democracia e o Estado Democrático

sábado, 9 de junho de 2012

Pão E Circo, Não Impediu A Queda De Roma!



Qualquer português, conhecedor da realidade social e consciente da situação política, económica e financeira, em que Portugal se encontra, não poderá deixar de ficar chocado com a quantidade de acontecimentos festivos.
 Foi a festa de Serralves, para as Elites. Paralelamente, foi montado uma mini cidade, para fazer mais um festival, do Rock in rio, que durante uma semana distraiu dezenas de milhares de adolescentes, alimentou o saudosismo duma juventude passada, que teve quase tudo o que quis, recorrendo ao crédito sem pensar nas responsabilidades futuras. Segundo li na imprensa, estiveram cerca de 350000 pessoas, nos vários dias  em que a festa durou. Quanto às taxas devidas... não foram exigidas pelo município.

Simultâneamente, segundo uma reportagem que vi na SIC, realizou-se outro festival no Porto e, segundo afirmações de jovens adultos que estavam na festa, esta teria sido prejudicada, por ter sido organizada no mesmo período de tempo do Rock in rio e, ainda, teria impedido que se deslocassem, para um festival em Barcelona! Como, normalmente, as pessoas de poucos recursos não vão a estes festivais e é afirmado que a classe média está em crise, pergunto: será que foram os desempregados? Não dá para entender...

Bom, mas antes disto, aconteceram as festas de Fátima. Reportagens umas atrás das outras, apelos  ao povo, para participar na "maior manifestação de fé". As mais variadas organizações, ligadas à igreja,  e também muitas corporações de bombeiros, quase concorreram para ver quem dava mais apoio, ao mesmo tempo que, vinham afirmando, uns, que não tinham meios para acorrer a todos os pobres, outros, que não tem dinheiro para gasóleo quando ocorrem fogos!

Ainda o povo, os adolescentes e jovens e as elites, não tinham fruído todo o prazer das festas e recuperado das "ressacas", quando foi declarado a "maior festa nacional", o futebol. Tudo serve, para se falar da equipa de futebol nacional e dos seus jogadores. Porém, quando alguém abordou o escândalo do pagamento do hotel, que a selecção vai pagar, comparativamente com outros países, e a ostentação provocatória dos carros dos jogadores da selecção, logo trataram de desvalorizar esses factos. Só o desejo, de "lavar o cérebro" aos portugueses, pode justificar o que se passa nas televisões , particularmente, nos canais que era suposto dar informação objectiva e de qualidade. É escandaloso!

Para que nada falte, na alimentação do orgulho de ser português, começaram as comemorações do "dia da raça", depois de se ter atirado para o caixote de lixo da História, a comemoração da Independência Nacional e da implantação da República, factos que nos devíamos continuar a orgulhar.
 Como vão faltando "elefantes brancos" para inaugurar, onde se gastou o dinheiro que a Europa nos tinha entregue para nos desenvolvermos, o Presidente da República, com o "digno contributo" do Presidente da Câmara, decidiu inaugurar, o restaurado Bairro da Mouraria.
Assim, para iniciar as comemorações do "dia da raça" e apanhar um "banho" de multidão, agora que a sua popularidade anda pelas "ruas da amargura", escolheu um bairro popular e... foi homenagear o fado, a "canção nacional"!!! Continuam os Fs do nosso subdesenvolvimento!

Grande país, que excelente Elite...em menos de quarenta anos, fomos resgatados, três vezes, pelo FMI. A desigualdade social aumentou, proporcionalmente aos fundos recebidos. A corrupção, e a imunidade dos poderosos, perante a justiça, alastram como ervas daninhas. Os trabalhadores, tiveram que voltar a emigrar para sobreviver. Tudo isto, porque os fundos comunitários, que deveriam ter permitido o desenvolvimento cientifico, tecnológico, industrial, económico e social serviram, em grande medida, para esbanjar em festas, ostentações e homenagens, para restabelecer o poder das "grandes famílias",  a restauração dos monumentos da Igreja, gerar novos ricos e poderosos, muitos dos quais através da corrupção, à custa dos direitos do mundo do trabalho, hoje inferiores aos que tinham em 1974! 

Quem tiver interesse, em acompanhar o que se vai fazendo pelo país, nas autarquias, constata que há quase sempre festas. Os pretextos são os mais variados, desde que sirvam para tentar manter, ou cativar, novos eleitores. Algumas vezes, as "grandes obras" inauguradas, servem apenas para realçar "o culto da personalidade" do Presidente de Câmara, os quais, se julgam os novos "Príncipes", neste reino de miséria de ideias, projectos válidos e falta de responsabilidade.

 No concelho onde resido, nos últimos tempos, é raro o dia onde não há acontecimentos festivos, ou, culturais. Aos fins de semana, são tantos ou tão poucos, que para terem assistência aceitável, muitos  dos "habituais espectadores" visitam vários locais para, através dos telemóveis, registarem no Facebook a sua participação nos eventos. 

Se tivermos em atenção, quanto tempo vai durar o tempo de futebol, do Euro 2012. Se pensarmos, que o período das festas dos "Santos populares", vão começar por todo o país. A época dos touros, não tarda. As Romarias, começam em Agosto e as rivalidades, entre freguesias, gera fanatismo e grandes participações populares. Os festivais de Rock, normalmente, ocupam todo o verão dos jovens e adolescentes. Finalmente...temos as férias! O Circo continua bem organizado, o povo está sereno,ocupado...não vai pensar no que lhe poderá acontecer e, muito menos, no futuro de Portugal. 

Dirá, certamente, algum leitor amigo: mas que razão assiste ao Bexiga Lopes, para criticar os acontecimentos festivos e as pessoas que neles participam? Não vivemos em Democracia? As festas não são realizadas pela "sociedade civil"? Pois... mas a democracia está cada vez mais formal e, quanto à sociedade civil, não existe! São os fundos comunitários e os nossos impostos, que andam a pagar este autêntico desvario festivo! 

Ainda as reformas estruturais, impostas pela Troika, nem vão a meio, nos cortes de subsídios, já uma Associação Empresarial entregou a sua "expo". Outras, querem agora fundir-se, para se aguentarem, quando sempre cultivaram a divisão...do bolo. Muitas associações, ditas de apoio social, fecham porque não há dinheiro para quadros. Os bombeiros, estão em situação critica, porque acabou o monopólio de transporte de "doentes". Os jovens"empreendedores" de festas, festivais e "cultura",morreram na praia, quando os subsídios diminuíram ou acabaram,etc, etc,etc. Andava tudo chupando na teta...do Estado, no NOSSO ESTADO!

Todavia, o pão,começa a faltar para muita gente e, nós, não produzimos o suficiente para nos alimentar.  Será, que os verdadeiros detentores do poder, ainda não  compreenderam que atingimos o limite, e que, é preciso optar? Ou terá que haver menos circo e mais pão, ou, distribuir a pouca riqueza produzida, de forma a diminuir as desigualdades, ou...esperar pela "Queda de Roma"!





terça-feira, 29 de maio de 2012

Como A Ingenuidade (?) Política...Pode Ser Gratificante!



A ingenuidade (?) política, que o Prof. Sobrinho Simões assume, parece desconcertante e torna-se gratificante. Fazendo parte de um grupo de intelectuais, que regularmente falam no programa "contra corrente" referiu, que o alertaram, que estaria entre tubarões. Todavia, nos programas que tenho visto,  tem sido o principal protagonista, na análise dos problemas com que os portugueses  debatem actualmente.

Em comentário anterior, já tive oportunidade de realçar a sua frontalidade, na crítica que fez ao sistema de ensino académico, afirmando que o sistema se transformou num negócio e que a maioria das Licenciaturas, não tinham qualquer valor cientifico. Hoje, o tema da discussão apresentado pela Ana Lourenço, entre Sobrinho Simões e António Vitorino, foi o caso das secretas.

Quem conhece, minimamente, a actividade política portuguesa reconhece, que António Vitorino, é um dos políticos mais influentes e que conhece, quase tudo, o que o cidadão normal não sabe nem sonha. Como Comissário Europeu, supervisionou os serviços de segurança, pelo qual foi elogiado. No Governo Português, fez parte do grupo restrito. Foi membro do Tribunal Constitucional. É identificado, publicamente, como pertencendo à Maçonaria, ao GOL.

Foi perante este interlocutor , altamente responsável e informado, que Sobrinho Simões desferiu uma critica, demolidora, aos responsáveis pela situação politica e a crise dos partidos, atribuindo a principal responsabilidade aos serviços e sociedades secretas, às maçonarias e aos interesses instalados! Não sei se é "ingénuo"político, como se afirma mas, foi gratificante, ver a atitude frontal de um cidadão responsável e muito respeitado. Também foi...hilariante constatar que, António Vitorino, ficou transtornado e com a cara vermelha, que parecia um pimentão, sem ousar contraditar o seu interlocutor!

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Reorganização Administrativa, Autarcas Defendem...Suas "Quintas" E Seus Lugares!




A sessão pública,sobre a Reorganização Administrativa, realizada da Sociedade Euterpe Alhandrense, evendiciou o que tenho escrito e afirmado em debates: os actuais autarcas, não querem esta reforma administrativa, nem qualquer outra, que diminua o número de municípios ou de freguesias. Os interesses do povo, que dizem representar e defender, é apenas um pretexto para tentar justificar os interesses instalados e entrelaçados entre os eleitos, familiares e amigos e as empresas que se servem da generalidade das autarquias, como tem sido denunciado por vários autores.

Voltando à sessão. Começou cerca das 22h, ou seja, atrasada meia hora. Depois, começaram as intermináveis intervenções, dos muitos convidados, até às 23.15h. Entretanto, face ao adiantado da hora, algumas das pessoas presentes começaram a abandonar o salão. Porém, apesar de terem repetido, que estavam ali para ouvir as pessoas, mal terminou as intervenções dos membros das mesas, logo começaram outras longas intervenções, dos autarcas que estavam presentes no salão.

Naturalmente, perante os contínuos discursos de propaganda e de repúdio da reforma, as poucas pessoas presentes, que não eram autarcas ou ex autarcas, acabaram por ir saindo,  sem ter podido intervir, até às 23.45h. Como tive oportunidade de afirmar a seguir, relativamente irritado, estivemos perante uma sessão de propaganda, de defesa dos interesses instalados, e não de um debate de esclarecimento para as pessoas, como se tinha proposto fazer. Quando será, que estes "senhores iluminados" respeitam o Povo, e compreendem, que o cidadão comum, não está disposto a esperar até cerca da meia noite, para eventualmente poder intervir?

Quanto ao conteúdo das intervenções, ainda que convergentes na recusa da Reforma Administrativa, assumiram contornos diferenciados. A Plataforma e os outros intervenientes do PCP, como era de esperar, assumiram uma atitude de condenação da reforma, da Troika e do Governo. Para eles, tudo está bem como está. Não há Freguesias nem Municípios a mais. Na sua opinião, os Autarcas em nada contribuíram para o deficit das contas públicas. A Reforma Administrativa, é apenas mais um ataque ao poder autárquico, ao 25 de Abril e à Constituição. A crise, em que vive a Europa, é apenas uma crise do capitalismo e o Memorando da Troika um acordo de traição nacional. Em resumo, nada de novo, excepto...o facto de terem recebido o aplauso dos autarcas socialistas!

Da intervenção do Presidente da Anafre, só se pode dar realce à sua demagogia. A forma como apresentou os gráficos e os quadros comparativos, sem se referir ao que antes o Governo tinha apresentado, no Livro Verde, demonstrou que vale tudo para tentar encontrar argumentos, contra qualquer reforma. Interessante, foi o facto de passar a sessão, sem se pronunciar contra a Lei, por esta não contemplar, também, a extinção de municípios apesar de, reiteradamente, ter afirmado que é nas freguesias que o "investimento", os gastos, tem maior retorno e onde existe maior ligação e preocupação com as populações.

 Quanto à ajuda na propaganda,que ele esperava do Professor Universitário, foi uma grande desilusão. Para além de ter tido uma longa intervenção, a falar de muita coisa que nada tinha a ver com a Lei sobre a Reforma Administrativa, acabou por tirar uma conclusão que, objectivamente, contrariava os "objectivos da Anafre.Os Autarcas, tem reiteradamente afirmado, que são pela reforma, mas não por esta, porque não é decidida pelas populações. A conclusão, que o Professor evidenciou, é que as únicas reformas feitas nas autarquias, foram sempre concretizadas em regimes ditatoriais, ou revolucionários os contra revolucionários, ou seja, os interesses instalados, nunca aceitaram reformas a não ser pela força. Estamos exactamente na mesma situação, Portugal perdeu a autonomia, vivemos em Estado de Excepção, a Troika manda e vamos ter reforma, ainda que incompleta.

Finalmente, quanto às intervenções dos Autarcas Socialistas, voltaram a demonstrar que a estratégia...é não ter qualquer orientação definida. Como não está em questão o Município, a Presidente da Câmara, o Presidente da Assembleia e o representante do Sobralinho, ainda que criticando a necessidade da reforma, para o qual, fizeram aprovar Moções, nas Assembleias de Freguesia e na Assembleia Municipal e terem aplaudido as intervenções contra o Governo e a Troika, acabaram por apelar para que, agora, se faça a discussão sobre a integração ou extinção de freguesias, tendo em conta, que a lei já foi promulgada pelo Presidente da República.

 Estávamos em Alhandra mas, apesar da crítica que fiz, não foi assumido pelos autarcas presentes, qual a posição que vão defender, para que a nossa freguesia não seja anexada. Alhandra, São João dos Montes e o Sobralinho, podem e devem constituir uma grande Autarquia. Todavia, como a Freguesia de São João dos Montes, não está em risco de extinção, será preciso discutir, politicamente com eles, para os persuadir, que tem mais a ganhar,do que a perder, com a integração numa nova Autarquia.

sábado, 19 de maio de 2012

Notas Dispersas, Sobre Opiniões De Outras Pessoas.


Primeira nota:
Acabei de ver, na SIC,a excelente entrevista que deu o Prof. Alexandre Quintanilha. Do muito que falou sobre ciência, de Física, matemática e Biologia, que nos fascina, retive a sua afirmação, de que, mais importante que transmitir conhecimento cientifico, é fundamental desenvolver nas pessoas e nos alunos, a curiosidade sobre o futuro e a apetência por questionar os factos, tal como nos são apresentados. Sobre o comportamento da generalidade dos portugueses, refere que continuamos sempre a chegar atrasados, não cumprimos no tempo determinado o que temos a responsabilidade de fazer, damos desculpas por tudo o que não fazemos e nunca assumimos a responsabilidade.
 Sobre a situação actual portuguesa e sua principal preocupação, assume que é possível e desejável diminuir as desigualdades sociais, tendo em conta que Portugal é, não só, um dos países da Europa em que a diferença entre os ricos e os pobres é maior mas, também, em comparação com muitos outros países do Mundo. Em suma, o Professor, fez um conjunto de afirmações que merece reflexão, fazem parte das minhas preocupações há muitos anos e, também por isso, só posso agradecer e ser solidário. Homens como este, sim, são a ELITE!

Segunda Nota:
Vi hoje, Domingo, o programa Expresso da Meia Noite, da SIC, sobre o Prémio Pessoa. Todos os quatro oradores, já ganharam o respectivo Troféu. São, inquestionavelmente, intelectuais reconhecidos nas áreas cientificas, respectivas. Gostei de ouvir as dissertações, que cada um fez sobre o que melhor conhece ou do que mais gosta de falar. Todavia, o que retive, foi uma afirmação do Prof. Lobo Antunes, de que, os portugueses, são tão bons como os melhores de outros países. 
Ainda que não partilhe de tal opinião, pergunto: se é verdade que somos tão bons como outros povos, porque então continuamos na cauda da Europa em termos de desenvolvimento cientifico,económico e social? A Fazer fé em tal afirmação, só posso concluir, que  a grande desigualdade social que sempre temos vivido, é da responsabilidade da pretensa Elite que, ela sim, vive acima das suas posses à conta de todos nós e, que, no espaço de um quarto de século, já obrigou a três intervenções do FMI, para evitar a banca rota!

Terceira nota:
Na semana passada, tive a feliz oportunidade de assistir, a mais um excelente programa da SIC, com Ana Lourenço, Sobrinho Simões e António Barreto. Mesmo sabendo, do ódio de estimação que muitos portugueses tem por António Barreto, não perco uma oportunidade, de ver falar um dos grandes sociólogos do nosso país e um dos melhores e mais honestos intelectuais. Naturalmente, nem sempre concordo com as suas ideias. Contudo, devo reconhecer, que ele e Pacheco Pereira, são dos poucos intelectuais que abordam, com objectividade e sem meias palavras, os problemas do mundo do trabalho e a desigualdade social gritante, em que vivemos mergulhados. Ambos tem um "defeito", dizem verdades que as pessoas não gostam de ouvir.
 No último programa, depois de ter analisado vários aspectos da situação portuguesa, decorrente do Memorando da Troika, António Barreto afirmou: "vou dizer uma barbaridade mas, na verdade, não há uma estratégia política para Portugal, nem da parte do Governo, nem das oposições, limitam-se a acompanhar os acontecimentos.
 Por seu lado, Sobrinho Simões, após ter discorrido sobre a situação das Universidades, do ensino e dos efeitos da austeridade, não teve problemas em afirmar que, muitos dos cursos superiores foram apenas um negócio, que muitas licenciaturas não tem qualquer valor e o conhecimento curricular e cientifico de muitos alunos e Licenciados é medíocre. Para concluir, afirma não ter dúvidas de que, o nível social que tínhamos, assim como os outros países europeus, não voltará a repor-se. A Europa já não é o centro do Mundo! Não posso estar mais de acordo com os dois, são opiniões que tenho assumido, por escrito ou em debates.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Muito Ladram os Cães...Quando Acorrentados!



Esta semana, o desemprego atingiu novo recorde. Com a tomada de posse do novo Presidente Francês, toda a gente começou a falar de crescimento económico e emprego, inclusive, o actual Governo. Uma nova sondagem, aumenta a simpatia pelo PS e diminui em relação ao PSD. O Jornal o Público, acusa o Ministro Miguel Relvas, de pressão e chantagem, para não ser publicado novo artigo sobre as Secretas. Duarte Lima, um dos antigos expoentes do poder laranja e próximo de Cavaco, saio da prisão e foi passar férias para casa. Poderia continuar a referir mais factos, que reflectem, como o Povo Português foi enganado nas últimas eleições e como os vários protagonistas, do derrube de Sócrates, são recompensados pelo poder actual.

Perante estes factos, seria natural, que as televisões não generalistas abordassem e discutissem, em horário nobre, todas as consequências políticas, particularmente, com o principal partido da oposição, o PS. Todavia, apenas tinha-mos "os cães a ladrar", para satisfação dos "ladrões". Ainda que reconheça, que os Directores de informação, de cada Televisão, tenham o direito de escolher quem querem nos seus programas, há regras de pluralismo que devem ser respeitadas. Mas...como agora o PCP e os seus funcionários políticos, já não vão protestar a todos os locais onde vai o Primeiro Ministro, como faziam com José Sócrates. Mas...como o Nogueira perdeu a oportunidade de liderar a CGTP e ficou zangado, já não tem vontade de convocar os professores para exigir a mudança de políticas e de Governo, apesar de nunca ter havido tantos professores no desemprego. Agora estão "acorrentados" ao poder que ajudaram a eleger!

Tivemos, assim, debates cordatos, na SIC entre o PCP e o CDS, na RTP entre o PCP e o PSD e na TVI PCP e PSD!!! Tudo em horário nobre! É Verdade...mais tarde...houve "colóquio" entre o PS e o independente do CDS. Do que tive oportunidade de ver, parte final, discutiam futebol. Manuel Alegre, defendia a sua Académica, Bagão Félix, citou parte de uma Encíclica Papal...com a assentimento do interlocutor, ainda que expressando maior simpatia por outra! São tantos os porta vozes do PS, que não sei quem é responsável por acompanhar e "pressionar" os média, para que haja pluralismo e, naturalmente, respeito pela opinião do principal partido da oposição. Atenção...António José Seguro...os adversários também estão dentro do Partido.

Como parece que o nome de Sócrates e "todos os crimes" que cometeu, já não tem audiência, Ricardo Costa...teve que fazer o Expresso da Meia Noite, a falar de Pessoa...Naturalmente, é sempre um tema importante para a História e Cultura Portuguesa. Mas...como os temas de actualidade, contrariam tudo o que ele e os seus "especialistas" de economia e política andaram a dizer...é melhor aguardar para melhor pode mudar de agulha.

Assim vai o nosso Portugal. Depois do maior ataque aos trabalhadores e aos seus direitos, desde os anos sessenta,paradoxalmente ou talvês não, o PCP, é "reconhecido" como interlocutor do Governo. Agora, que os cortes já foram concretizados no mundo do trabalho, quando o Governo oscila e cede perante os interesses instalados, os "nossos queridos comentadores" esquecem a política e passaram a comentadores desportivos. Durante semanas, tudo irão fazer para o Povo esquecer os escândalos, corrupção e o aumento das desigualdades sociais. Entretanto, os condenados não vão para a prisão, os acusados vão saindo, o branqueamento de milhões continua e...não há maneira de voltar a ver "os justiceiros" de Sócrates...a protestar nas televisões!


A culpa de tudo isto é nossa. Ainda não quero acreditar, como muitos escrevem e afirmam, que a situação em que vivemos, nada mais é que a consequência dos negócios e acordos das sociedades secretas, discretas e afins, onde todos se encontram e fazem os seus negócios, na mais discreta solidariedade...


sábado, 12 de maio de 2012

Seguro Ganha Autoridade, Diz Não A Mário Soares!

Foi a luta pela consolidação da Democracia e a defesa da entrada de portugal na CEE, protagonizadas por Mário Soares, que me incentivou a filiar no PS, após profunda reflexão sobre o Marxismo Leninismo. Desde então, apesar de nunca ter conversado com ele, considero-me um Soarista. Não por seguidismo nem por reverência à sua personalidade mas, principalmente, pelas suas ideias e a coragem de as assumir, como foi o caso da sua primeira candidatura a Presidente da República, a qual apoiei desde o início.

Apesar desses factos, não é a primeira vez que tenho opinião contrária à sua. Todavia, face à sua experiência política e conhecimento da História, sempre que discordo ou não compreendo o alcance das suas palavras, sinto-me na obrigação de reflectir, sobre as questões que ele aborda.
 Aconteceu assim, recentemente, quando decidiu apoiar as posições de Vasco Lourenço, de não comemorar o 25 de Abril na Assembleia da República. Depois de procurar um eventual enquadramento válido e de várias discussões políticas, assumi uma posição contrária e critica de Mário Soares.

Esta semana, Mário Soares, primeiro no seu artigo no DN e depois na entrevista ao Jornal i, volta a assumir posições políticas, que me surpreenderam profundamente. Defender que o PS, se deve desvincular do acordo com a Troika, porque houve modificações no Memorando, só pode contribuir para agravar a crise em que o país se encontra.
 Significa, objectivamente, deitar por terra a credibilidade que o país foi  adquirindo, progressivamente, perante o FMI, BCE e UE. Ou Mário Soares tem informações que mais ninguém possui ou, então, está a assumir uma posição política, em contradição, com a responsabilidade como no passado dirigiu o país.

Todos sabemos, quanto é grande o prestígio e, ainda, a influência política que Mário Soares tem no país e, principalmente, nos militantes e muitos dirigentes do Partido. Ao assumir a defesa da rotura com o Memorando, mais não fez do que dar cobertura, a todos quantos discordam de António José Seguro e criticam a sua forma de fazer oposição, ao actual governo.

 Posso admitir, que o seu desígnio era criar espaço ao PS, para poder contabilizar algum do descontentamento e protesto, contra as graves medidas do Governo. Contudo, o que vimos de imediato, foi o apoio de Francisco Assis à sua tese quando, até agora, tinha mantido o apoio às posições de A.J. Seguro e assumindo a manutenção do compromisso com a Troika, que ele tinha defendido, enquanto líder parlamentar. 

Posteriormente, um grupo de deputados vota contra a orientação do líder parlamentar, violando a disciplina de voto e, Vieira da Silva, critica Seguro, por falta de liderança. Se tivermos em atenção, que vários dos deputados, que furaram a disciplina de voto, foram membros do Governo ou tiveram grandes responsabilidades no partido, quando Sócrates negociou e aprovou o Memorando, este facto é, no mínimo, incompreensível. 

Mais incompreensível e, na minha opinião, inadmissível, é o facto de todas aquelas atitudes políticas e as de muitos comentadores, que diariamente nos mentem com total impunidade, só terem aparecido, depois do Governo ter retirado direitos e regalias ao mundo do trabalho, "destruído" o Código do Trabalho,
e pouco ou nada ter feito, para acabar com os interesses instalados, que capturam o Estado! 

 Será, que para estas pessoas, o problema de Portugal, começa e acaba na a dita classe média? E os milhões de trabalhadores, que ganham o salário mínimo ou pouco mais, e que na prática já não lhe reconheciam direitos  sociais e económicos, não contam? Este esquecimento...pode sair caro ao regime democrático! Quando será, que se assume com frontalidade, que o problema de Portugal não são os trabalhadores, mas antes, as Elites que nos governaram e os que dirigem as empresas e o país?

Tenho plena consciência, que o Governo está, progressivamente, a destruir o Estado Social. Sou vítima, como muitos outros portugueses, das medidas de austeridade. Penso, que pouco ou nada contribuí, para a situação em que o país se encontra e "paguei o preço", de lutar contra a corrupção. Todavia, considero meu dever, apoiar as medidas que permitam Portugal sair do "Estado de Excepção" e recuperar a plenitude de um Estado de Direito Democrático e Social. 

Em síntese, dentro do actual contexto, continuarei a apoiar António José Seguro e a sua orientação política, que uma grande maioria dos militantes aprovou no último Congresso. Consequentemente, saúdo e apoio as posições que o Secretário Geral do PS assumiu, quer sobre o 25 de Abril, quer sobre a não rotura do Memorando!


domingo, 6 de maio de 2012

A Vitória De Hollande Em França E A Derrota Dos Socialistas Na Grécia, Tem Algo Em Comum?




A vitória  de Holande em França e a derrota dos Socialistas na Grécia, tem algo em comum? Certamente. Se juntarmos a estas duas eleições, a derrota dos conservadores ingleses à poucos dias, a situação em que se encontra Passos Coelho, passado um ano após ser eleito e, particularmente, o governo de direita de Espanha, eleito à meses, conclui-se que há um denominador comum. 

Todos os governos, de esquerda ou direita, que tem liderado nos últimos anos os seus países, são derrotados nas eleições. Passados meses, após o acto eleitoral, os governos recentemente eleitos, já estão a sofrer uma contestação social generalizada e revelam incapacidade de superar as crises, dos respectivos Estados.

Perante estes factos, como socialista,  considero que foram indiferentes os resultados? Não. Sinto alegria e uma dose contida de esperança, pela vitória de Hollande, para novo Presidente da República Francesa. Como afirmou A. J. Seguro, na sua mensagem de felicitações, a vitória de Hollande traduz "uma lufada de ar fresco",mas apenas isso e sem saber, sequer,o que isso significa.

Enquanto os políticos não quiserem falar verdade, a dívida e a crise económica não começa a ser superada. Os dirigentes políticos, que acreditam no sistema político vigente na Europa, terão que afirmar que os cortes nas regalias e direitos sociais, são indispensáveis e incontornáveis., Os políticos, que dizem não acreditar no sistema mas, simultaneamente, são incapazes de apresentar sistema alternativo, deveriam assumir, que já 
não é mais possível reivindicar benefícios sociais, mas apenas lutar por melhor distribuição da riqueza produzida.

Acredito, que me possam considerar um louco e um idealista. Sei, que fazendo afirmações deste tipo, perante quem não se interessa pela política, que abomina os políticos e que só se move pelos seus interesses, imediatamente me rotulará de fascista ou outros nomes equivalentes. Compreendo e não os condeno por isso. 

Os responsáveis, são aqueles que desbarataram centenas de milhões de contos, que deveriam servir para modernizar e industrializar o país, mas foram gastos, em grande medida, em obras de fachada para enriquecer os construtores civis e os interesses instalados e alimentar  o povo de ilusões, de  que tudo teriam, sem grandes esforços.

 Foram, ainda, todos os que nos governaram depois da redução dos fundos comunitários, que continuaram a fazer obra como se fossemos um país rico e, simultaneamente, a esconder das pessoas que os gastos que o Estado, as empresas e as famílias estavam a fazer, incitadas pelos bancos, era com recurso a crédito, por não produzirmos ou exportarmos, para compensar o que importávamos e gastávamos. 

Quando, pela primeira vez, José Sócrates, fez alguns cortes e desencadeou uma forte reorganização do Estado, caiu-lhe tudo em cima. Os interesses instalados, que não queriam ser prejudicados nas suas benesses e regalias, tentaram tudo para sabotar. O povo, alimentado de promessas e ilusões por todos os oportunistas, não queria abdicar de qualquer subsídio, impunidade no trabalho, ou serviços junto de casa, a qualquer hora.

Contudo, dirão alguns, o que é que estes últimos factos, tem a ver com as eleições em França, Grécia, Inglaterra ou outros? Tudo se relaciona. Os acontecimentos políticos, económicos e financeiros, em que quase todos os países da União Europeia se viram envolvidos, desde o fim do século passado e, particularmente, desde 2008, derivam dos mesmos problemas. 

Admitir, que o novo Presidente da República Francesa, apesar de ser um dos grandes países da Europa e o principal fundador da U E,  pode alterar as regras do Tratado, manter o seu Estado Social e contribuir para ajudar a sair da crise, Portugal ou outros países, ou reflecte ignorância, ou é pura demagogia, de quem se recusa a ver a realidade do Mundo actual.

Sem me alongar em considerandos, é para mim indiscutível, que actualmente há quatro realidades incontornáveis e que tudo condicionam: O capital financeiro, define os seus interesses e decide o destino do mundo, os políticos limitam-se a executa-los; As fábricas, que produzem para  todo o mundo estão na Ásia, particularmente, na China e na Índia e, consequentemente, as centenas de milhões de postos de trabalho foram criados lá; O mundo ocidental, particularmente a Europa, deslocalizou dezenas de milhares das suas fábricas, perdeu dezenas de milhões de postos de trabalho e, naturalmente, diminuiu a riqueza produzida.
A globalização, liderada pelo neoliberalismo conservador, como braço executante dos mercados financeiros, alterou radicalmente a relação de forças entre as potências mundiais, modificou as relações entre o capital e o trabalho dentro de cada país e, teve como consequência, aumentar as desigualdades sociais, apesar de nunca se ter produzido tanta riqueza no mundo.

Perante estas realidades, o que vai Holande poder fazer? Muito pouco. Só uma União Europeia forte pode lutar, no actual contexto internacional,por modificar as relações de força. Todavia, antes tem de reconhecer, que já não pode viver como no passado, quando era o principal produtor e exportados do mundo. Tem que se entender, que sem nova industrialização não haverá trabalho para milhões de desempregados, não haverá riqueza para pagar as dívidas e, particularmente, para manter o Estado Social Europeu.

 Porém, em vez de se esforçarem pela unidade europeia, quase todos os países criticam ou condenam a Alemanha, quando a realidade nos demonstra que a crise não passa por lá, que quando foi necessário reformar e cortar regalias não regatearam, que continuam com a economia e as finanças fortes, o trabalho é dos mais produtivos do mundo e, ainda, é um dos países com menores desigualdades sociais.

Em síntese, haverá mudanças, quando alguma das actuais realidades se alterarem, quando acabar os nacionalismos europeus, os quais, na maioria dos casos, vivem de saudosismo de antigos impérios e, principalmente, na esperança de conseguir manter "estatuto" das pretensas elites, à custa da miséria do povo e dos empréstimos que vão conseguindo...dos Alemães!


sábado, 28 de abril de 2012

Nuvens Carregadas Sobre O 25 De Abril Provocará Tempestade?

A comemoração do 25 de Abril, foi antecedida por algumas nuvens dispersas, cheias de contestação dos promotores e alguns dos tradicionais apoiantes, que se recusaram a participar nas cerimónias da Assembleia da República. Apesar do ambiente nublado, a decisão da Associação 25 de Abril, apoiada por Mário Soares e Manuel Alegre, apenas provocou ligeiro chuvisco o que, manifestamente, não impediu que a festa se realiza-se de acordo com a tradição. 

Também as declarações de Sousa e Castro, outro protagonista do Movimento dos Capitães, no programa prós e contras, adensou o ambiente, com criticas duras e frontais ao governo e a todos que tem responsabilidade na situação a que chegamos, particularmente, pela desigualdade na distribuição dos sacrifícios para superar a dívida de Portugal.

Todavia, para afastar o eventual agravamento das alterações climáticas, a primeira Mulher a presidir à Assembleia da República preparou, antecipadamente, um cenário colorido como há muito não se via, com os cravos a monopolizaram tudo, desde a Tribuna até aos Deputados. Assunção Esteves, até convidou  Paulo de Carvalho para recordar que o fascismo só caiu, Depois do Adeus, e os Compadres Alentejanos, para reafirmar, que em Grândola Vila Morena, o Povo é quem mais ordena.

Indo ao encontro da ideia que se começa a generalizar, que só "depois do adeus" deste governo, a situação poderá deixar de piorar, Os Verdes, ainda que continuando a realçar o vermelho mítico de Abril, já deixou transparecer, que um PEC cor de rosa, é preferível a esta austeridade acastanhada.

 Por seu lado, o BE, em homenagem ao seu lider Miguel Portas, que tinha afirmado que o socialismo e o comunismo não leva a lado nenhum, tratou de criticar duramente o Governo e até o Presidente da República, por ter atacado Sócrates no ano anterior e, agora, não ter feito o mesmo a Passos Coelho. O caminho de Louça é sinuoso mas...a Social Democracia de "esquerda" é, certamente, o seu espaço adequado ainda que, inicialmente,em "coligação" ou numa "frente" mais ampla.

Entretanto, como dia estava cada vez mais instável e as nuvens carregadas ameaçavam, o PCP, descarregou granizo. Apesar da intervenção, ter sido feita por um dos velhos quadros, o conteúdo, não deixa de reflectir já uma linguagem mais actual, mais consentânea com a juventude da maioria dos seus deputados.Excepção feita à demagogia em torno da necessidade do não cumprimento do Memorando, para o qual eles e o BE deram o seu contributo, ao recusar o PEC IV, o discurso contra as medidas do actual Governo, foi dos mais duros, denso e elaborado, apresentado nos últimos tempos na Assembleia.

 É verdade que o PCP também criticou o PS, porém, talvez por efeito do tempo estar com as nuvens escuras, o vermelho das conquistas da revolução, foi ofuscado pela defesa de reformas mínimas do Estado Social, com um tom cor de rosa. Quero acreditar, que perante as actuais convergências do Fídel Castro, com o Papa, eles preferem, antes e já, uma recepção no reino dos aventais, em alternativa, a terem que ir a Fátima com o Fídel, o Papa e companhia, para pedir a nova "reconversão" da URSS e um lugar no reino da utopia!

Quando se pensava que o mau tempo já tinham passado, eis que se assiste a uma mudança do vento, trazendo consigo mais chuva e ameaças de trovoada. Em nome do PS, Zorrinho, com a calma e a pouca convicção que lhe é peculiar, desencadeou uma série de criticas ao Governo, particularmente, contras as medidas de austeridade impostas, que vão para além da Troika. As criticas e as sugestões, para além de justas, tinham o inconveniente de não serem novas. Todavia, saturado de ver recusado as propostas que apresenta, em nome do Grupo Parlamentar, particularmente, a proposta de adenda ao novo tratado, que tem cada vez mais apoio internacional, o PS, decide ameaçar o Governo, com uma "rotura democrática"! Com ou sem razão, muitos começaram a admitir que haveria ameaça de tempestade.

Próximo do fim do dia, o temporal ainda piora. Escudado numa multidão revoltada, com os cortes das reformas, dos subsídios de férias e de natal e um aumento generalizado dos preços e dos impostos, onde a juventude, já em grande número, deu ainda mais colorido e agitação, Vasco Lourenço, leu uma espécie de declaração de guerra contra o governo . Parte da crítica, duríssima,  que fez a este governo, já o tinha feito com o anterior governo de Sócrates, conforme sublinhou. Porém,de seguida, foram tantos os ataques às medidas do governo, aos tribunais e a justiça ou falta dela, que se permitiu afirmar: o actual governo e as coisas como estão, são contra a razão e o espírito do 25 de Abril.

 Referindo-se às Forças Armadas,  Vasco Lourenço alertou, se é que não intimou o governo, a não cortar os seus direitos e regalias, a respeitar a dignidade dos militares e da Instituição que eles constituem. Finalmente, afirma, que no trabalho não há direitos nem respeito pela dignidade de quem trabalha, concluindo: estamos como no tempo do fascismo! E avisa que, os militares, não aceitarão que se destrua o regime implantado com o 25 de Abril, que não foi desencadeado apenas pela liberdade e democracia mas, também, por um novo regime social!

Conclusão: perante este tempo tão instável, com a maioria do povo a contestar,o Capelão das Forças Armadas a condenar, com a mudança de ventos que abanou Ramalho Eanes, chuvadas desencadeadas por  Manuela Ferreira Leite e trovoada e granizo por Pacheco Pereira, revoltado com os elogios que Cavaco fez  às políticas de Sócrates que ele tanto condenou, será que teremos uma tempestade a sério nos próximos tempos?

 Como as nuvens das críticas começam a ser feitas de todos os quadrantes e o ambiente a aquecer descontroladamente, é muito possível que, se o anticiclone da Madeira e as rendas das PPPs  continuarem a aumentarem à velocidade do TGV, transformem o ambiente e tudo possa acontecer! Ou...talvez não...o povo é sereno...?!






quarta-feira, 25 de abril de 2012

O MEU 25 DE ABRIL!

Trinta e oito anos após o 25 de Abril, depois de muitas e variadas versões e até contradições, acerca os motivos do Golpe Militar e sobre quem foram os principais protagonistas, permita-me que, pela primeira vez, escreva na primeira pessoa, fale sobre a minha participação política, antes e depois, da gloriosa arrancada dos Capitães de Abril.

Antes disso, como cidadão e activista político, há mais de cinquenta anos, quero expressar o mais sincero agradecimento, a todos os militares que realizaram o Golpe de Estado, contra o regime fascista e que, contribuíram, para que o 25 de Abril se transforma-se numa revolução democrática. Na pessoa de Otelo Saraiva de Carvalho, organizador e coordenador das operações, e na do saudoso Melo Antunes, ideólogo do Programa do Movimento das Forças Armadas, deixo um grande abraço de solidariedade, admiração e um muito sentido OBRIGADO, extensível a todos os que com eles colaboraram!

O meu 25 de Abril, começou às 7,30 horas, em Paris. Preparava-me para começar a trabalhar, numa das quatro grandes subestações de electricidade que alimentavam o Metro de Paris, Barbés Rochechouart, quando, inesperadamente, entra nas instalações o meu camarada de trabalho e grande amigo africano, da Guiné Conacry, a gritar: Béxiga! Béxiga! Golpe de Estado em Portugal!

Apesar de meio sonâmbulo, pois tinha passado quase toda a noite em mais uma das intermináveis discussões por causa da cisão do PCP-ml e da necessidade de unir os marxistas leninistas, reagi saltando, gritando e abraçando todos quantos estavam a trabalhar comigo! Ainda incrédulo, saí de imediato para poder confirmar, através da rádio e vários contactos telefónicos, se era ou não verdade e quais eram as motivações dos autores do golpe. Após receber várias informações partidárias e de amigos, regressei ao local de trabalho para afirmar: hoje já não trabalho e, se, como espero e desejo, o golpe tenha derrubado o regime fascista, não trabalharei mais em França e regressarei a Portugal logo que me seja possível!

Perante esta minha tomada de posição, todos os meus camaradas de trabalho apoiaram, pois sabiam ser essa a minha intenção desde sempre e sabiam que eu era um Homem de luta e de palavra. Porém, ao mesmo tempo, o responsável pela coordenação dos trabalhos, chamou-me a atenção, que eu já tinha assumido a responsabilidade de ir coordenar os trabalhos, na subestação da Torre Eiffel. Nada me demoveu, e parti para as portas da Embaixada de Portugal, para participar nas manifestações com outros exilados, jovens desertores do serviço militar e alguns, poucos, trabalhadores imigrados!

 Só regressei ao local de trabalho passado dias, para me despedir dos meus queridos camaradas,depois de ter pedido a demissão e a compreensão, por não poder assumir os compromissos anteriores.Agradeci ao dirigente da Alsthom, Pierre Pichet,meu grande amigo desde que dirigiu a empresa em Portugal e onde eu tinha trabalhado cinco anos, antes de sair para fazer o serviço militar, que me facilitou a resolução de todos os problemas, assim como, anteriormente, já me tinha dado trabalho, logo no primeiro dia em que me consegui legalizar.

Dia de alegria e felicidade indescritível e inesquecível. Tinha chegado o dia em que podia regressar a Portugal em Liberdade! Terminava a luta, "Por um Portugal que não precisemos de imigrar", que entre outras coisas, tinha levado à realização dos jogos Florais, em Paris, em que intervieram quase todos os cantores revolucionários e me obrigou a trabalhar 36 horas seguidas para ultimar a instalação eléctrica. Era o tempo de partir e participar na consolidação da Liberdade, na construção  da Democracia e do Desenvolvimento, em Portugal.

Seguiram-se incontáveis contactos, reuniões e discussões, tendo em conta as responsabilidades de direcção que tinha, a nível partidário sindical e associativo. Ao mesmo tempo preparava a regularização da situação da minha companheira de então e da minha querida filha, assim como da casa onde habitávamos e ainda da despedida de amigos da minha região, que por nunca se terem interessado pela política, não compreendia a minha decisão e insistiam que eu ficasse, tendo em conta a minhas excelentes condição de trabalho e remuneração.

No início de Maio, no comboio dos sonhos,regresso com a família, a Portugal. Deixo para traz o país que adoro, que me acolheu, quando fugi do fascismo para não ser preso, como foram outros camaradas meus, entre os quais o Fernando Rosas. Deixo, agradecido, o Povo que me permitiu a realização e o respeito profissional, que me deu a possibilidade de aprender a viver em Liberdade. Deixo a França amiga e acolhedora de todos os exilados de Portugal, Espanha, Grécia e de outros países europeus, bem como, exilados de todo o Mundo.

Abandono a Cidade das Luzes, das grandes universidades, bibliotecas e livrarias, mas também das grandes fábricas, que alimentavam o intelecto de tantos revolucionários e democratas, que lutavam pelas transformações, ou apenas, reformas dos seus países. A cidade das manifestações contínuas, dos grandes comícios e debates pela Democracia nos países fascistas, pela Liberdade dos Povos colonizados, como foi o caso do comício aquando a declaração de independência da Guiné e Cabo Verde e, principalmente, contra a guerra no Vietname!

Terminava assim, dois anos e meio de exílio onde, para além de alguns fins de tarde ou fins de semana em que dedicava à minha querida filha, levando-a a passear nos jardins, dediquei todo o meu tempo ao estudo e leitura, de tudo o que era livros e imprensa comunista e revolucionária, que me tinha deixado deslumbrado quando entrei na Masperó.Paralelamente, desenvolvi intensa actividade política, cultural e associativa, no sentido de mobilizar ,alguns trabalhadores imigrantes,para a actividade política. Em suma, abandonei Paris, sem ter tido tempo para dedicar ao conhecimento da rua riqueza cultural e dos seus extraordinários Monumentos!

Deixei para traz uma carreira profissional consolidada, de operário altamente qualificado, onde trabalhei menos de dois anos porque, desde que cheguei, passei cerca de oito meses em quatro empresas, para tentar legalizar-me. Foram meses muito difíceis em que esteve iminente a minha expulsão, por falta de documentos, que normalmente as pequenas empresas prometiam, mas não davam, para obrigar os clandestinos a todo o tipo de trabalho mal remunerado. Fiz todos os trabalhos que me apareceram, inclusive, andar de mobilex com aspirador às costas, pelas ruas de Paris, para limpar casas particulares e estabelecimentos comerciais!

No 25 DE ABRIL, de 1974, vivi como cidadão, o dia mais feliz da minha vida, na cidade mais bela do Mundo. Decidi abandonar a Cidade das Luzes, para regressar a Portugal, entretanto iluminado pela Liberdade, oferecida pelos Capitães de Abril. Quando cheguei, com cerca de 100 k.
de livros, revistas, jornais e documentos, para me ajudar a reiniciara actividade política e sindical, que tinha deixado em 1971, agora com outros camaradas e com a participação do Povo. Creio não ter tido qualquer descanso durante mais de um ano, todavia, essa aventura maravilhosa...fica para outro dia. VIVA O 25 DE ABRIL E OS SEUS AUTORES!