quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O Estrebuchar Das Elites Das Chamadas Classes Médias!




O estrebuchar das elites, das chamadas classes médias e dos bem instalados,  constitui um espectáculo degradante, se não mesmo revoltante, particularmente, nas televisões.Esta gente, militares, políticos, altos quadros das empresas privadas e do estado, juízes, médicos, professores, etc,, etc, que se auto promoveram, nos últimos quinze vinte anos, através de carreiras profissionais elitistas, altamente remuneradas, e que chegaram ao topo, com mais velocidade que teria o TGV, agora criticam o governo, condenam a Troika e os Alemães, para tentar não pagar a factura da dívida, para o qual contribuíram de forma decisiva.

Muitos destes profissionais acumulavam, e muitos ainda continuam, vários lugares e actividades em simultâneo, enquanto os jovens licenciados não encontram lugares, ou quando os conseguem, são miseravelmente remunerados. Desde os deputados, que continuam a ser simultâneamente advogados, consultores e gestores. Depois, os que vão para o governo, quando saem, vão para os concelhos de administração das empresas do estado, ou onde o poder influencia, com remunerações altamente escandalosas, comparativamente ao mundo do trabalho.

 Os professores universitários, muitos são membros de concelhos de administração ou das assembleias das empresas, são consultores, e vendem pareceres e estudos, para tudo o que é organismo público, mas onde tudo continua inamovível. Muitos dos outros professores, passavam o tempo nas escolas ou nos sindicatos, muitos davam também aulas nas escolas privadas, trabalhavam nas empresas de formação e, quando não era possível, criavam pequenas empresas para dar explicações, das matérias que não davam ou não prestavam atenção nas escolas.
 Os resultados são conhecidos. Não deram verdadeira formação profissional, os jovens chegam às faculdades sem conhecimentos básicos. Ao que parece, todos se preocuparam com a sua formação. Houve doutorandos acima da média europeia. Todavia, as suas teses, pouco ou nada contribuíram para nos tirar da cauda da Europa, como seria de esperar com a inflação de Professores Doutores!

 Os médicos, que ocupam o tempo nos hospitais públicos e trabalham nos privados, ou nos seus consultórios, e ainda são proprietários de clínicas ou gestores nos privados, para onde enviam os doentes que lhe interessa e dá lucro à conta do Estado, para não referir ainda ,os "prémios" que recebem das multinacionais do medicamento. Não poderemos esquecer, que durante anos, os médicos e depois os enfermeiros, bloquearam a formação de novos profissionais, para não ter concorrência. Actualmente, dificultam a entrada de novos médicos e enfermeiros, para poder continuar a ganhar fortunas em horas extraordinárias

Quanto aos juízes, além das casas que lhe eram e ainda são atribuídas, mesmo que vivessem ao lado dos tribunais, muitos eram professores, ainda que oficialmente não remunerados, tinham um regime horário e de férias, que chocava o mundo do trabalho. Como contrapartida, contribuíram para que a justiça atingi-se o grau zero de credibilidade, apesar do enorme aumento do número de funcionários, da construção de novos tribunais e da compra contínua de equipamentos informáticos. Resultados..."os colarinhos brancos" não vão para as cadeias!

Sobre os militares...dizem os próprios Americanos, que temos generais e Almirantes de...cadeira. O serviço militar obrigatório acabou, a guerra colonial tinha acabado, mas...apesar da diminuição de soldados e marinheiros, o quadro dos oficiais continuou a engordar, contando com os oficiais na reserva. Continuaram com os seus hospitais privativos e outras "quintas" reservadas. Depois...muitos ainda receberam indemnizações chorudas, pelas não promoções derivadas do PREC, quando nos tinham dito, que tinham feito a revolução para o povo. Tanto quanto sei, Ramalho Eanes, foi o único que não aceitou a indemnização de quase um milhão de euros. Merece a homenagem dos portugueses!

Muitas destas pessoas, acumulavam mais de uma dezena de milhares de euros mensalmente, quando não cinco vezes mais, como tem sido referenciado por alguma imprensa e denunciado em muitos blogs.
São várias destas pessoas, que estão continuamente nas rádios e televisões e enchem os jornais de artigos contra a Troika e as medidas deste governo. Como já  fizeram no anterior governo, tudo fazem, para também derrubar este. Convencidos da sua impunidade, fazem todas as manobras, chantagens e demagogia sobre o "roubo às classes médias"que, segundo eles, não teriam que pagar, até porque são o suporte da democracia?!. Entretanto, continuam a monopolizar os lugares altamente remunerados e, depois, choram lágrimas de crocodilo...porque não há emprego para "a geração mais bem formada da nossa história", ao mesmo tempo que realizam as mais variadas discussões em palestras, conferências, seminários, para que tudo...fique como está!

Mais grave ainda, é o caso das pessoas com reformas douradas, que ainda nos governam ou que continuam a acumular, com outros altos vencimentos em empresas, fundações institutos ou autarquias, como é o caso do Catroga, Bagão Félix, Alberto João Jardim, e tantos outros,  e era o caso de centenas de autarcas, antes de Sócrates ter alterado a lei. Como bem salientou Paulo Morais, em artigo publicado no Correio da Manhã, não são os reformados, que criaram este sistema político pantanoso, que quererão ou serão capazes de fazer as reformas necessárias, para sairmos dele, ou dar-se lugar aos novos.

Nunca defendi a ideologia liberal, ou neoliberal. Não votei neste governo, e até alertei, em mais que um artigo, que o seu objectivo era alterar o Estado Social. Contudo, apoiei a aplicação do Memorando, desde que tive conhecimento do seu conteúdo. Neste contexto, é revoltante ouvir, ver ou ler, continuas deturpações do que estava previsto no acordo inicial com a Troika, descaradas adulterações de algumas medidas do governo, direccionadas para fazer pagar as classes médias, mas que estas, dizem que são medidas contra todo o povo, na vã esperança de o trazerem para seu lado e impedir as reformas.

Os cortes já feitos e os que estão previstos, nos vencimentos, reformas, benefícios fiscais, benesses atribuídas e nas regalias consentidas às elites e classes médias, são a consequência do facto de se terem apropriado dos fundos, que deveriam permitir o desenvolvimento económico e social sustentável. São ainda resultado, da sua ganancia, ao continuarem a espoliar o dinheiro do Estado, mesmo à custa de empréstimos para continuarem a fazer uma vida de festa e ostentação, com remunerações acima da média europeia, enquanto o mundo do trabalho manual, continuou com os mais baixos salários da Europa e a desigualdade continuava a aumentar.

Só o facto de vários jornalistas das TVs, também remunerados acima da média, contestarem as medidas que os afecta, poderá levar a compreender, a quantidade de programas que dão aos instalados do sistema, para condenarem qualquer reforma, quando ganham dez a vinte vezes mais que os operários das fábricas. Só a cumplicidade dos média, pode justificar a quantidade de reformados que tem tempo de antena, para condenar as medidas da Troika, sobre os impostos nas reformas, quando recebem , em média, vinte vezes mais do que a generalidade dos reformados, que trabalharam toda a vida.

Não tenhamos ilusões. Os dois milhões de trabalhadores e os 90% de reformados, que não sofrem aumento de impostos, não é pelo facto do governo ter uma política social justa. Eles não pagam, porque não ganham o suficiente para pagar mais impostos, nem ter uma vida digna, vivem na margem da sobrevivência! É um paradoxo, mas o governo mais liberal do pós 25 de Abril, está a diminuir a desigualdade social! Como não se remunerou, nem se valoriza, o trabalho manual, para diminuir as desigualdades sociais,agora, para pagar a dívida, diminui-se as remunerações dos que se auto promoveram e apoderaram dos dinheiros do Estado. Sem complexos, há que reconhecer que é justo e, a continuar assim, ficaremos de acordo com as médias europeias, os de baixo e os de cima...abaixo de todos os outros...até que um dia, se acorde para a realidade do mundo em que vivemos!


terça-feira, 13 de novembro de 2012

A Hipocrisia E O Cinismo Das Elites portuguesas!




A hipocrisia e o cinismo das elites políticas, empresariais, académicas e outras, da sociedade  portuguesa, começa a ser insuportável, em tudo o que diz e faz. É verdade, que há muito tempo, se vem afirmando que a situação política, económica, social, de fraco desenvolvimento e agora de excessivo endividamento, é da responsabilidade da elite. Tal facto, indiscutível para quem estuda e acompanha a realidade portuguesa, é reconhecido, inclusive, por alguns destacados membros da elite que nos tem governado.

 A sorte deles e o azar do povo português e de portugal, é que a generalidade das pessoas ainda não o compreendeu, e anda a lutar contra "fantasmas", erigidos em inimigos, em vez de lutar contra o "Quartel General" dos interesses instalados, composto pelas Maçonarias, Opus Dei, Organizações secretas discretas e afins, as quais, capturaram os partidos políticos e o Estado!

Para melhor compreensão, analisemos os comportamentos das elites, apenas a partir do primeiro governo de Sócrates. Todos nos recordamos, da violenta campanha contra as reformas na educação, saúde, justiça e simplificação da burocracia estatal. Julgo hoje ser incontestável, para a
generalidade dos portugueses, que as reformas agilizaram os procedimentos, geraram melhor aproveitamento das infraestruturas, permitiram concentração de serviços dispersos e inoperantes e, acima de tudo, melhor aproveitamento dos recursos humanos abrangidos.

Porem, foi necessário enfrentar a fúria das corporações.  Nos professores, acabou-se com largas centenas de delegados e dirigentes sindicais, que foram obrigados a voltar a dar aulas. Reorganizou-se as turmas, as matérias leccionadas, o parque escolar e foi imposto a avaliação profissional,  entre outras reformas.
 Na saúde, diminuiu-se e atacou-se as variadas "quintas", nas quais, os serviços públicos estavam, de facto,organizados de acordo com os interesses da corporação, das clínicas e hospitais privados. Como consequência, eram sobrecarregados os custos do Serviço Nacional de Saúde e subaproveitadas as infraestruturas e serviços dos mesmos.
Na Justiça e nos Tribunais, combateu-se a dispersão e a manutenção de tribunais que tinham poucos processos, mas recursos humanos excedentários. Acabou-se com o regime de férias especiais, três meses. Procurou-se acabar com o sistema reinante, em que os juízes, advogados e funcionários decidiam como, quando e quais, os processos avançavam para julgamento, sem ter em conta as leis e as prioridades de entrada dos processos, além doutras medidas.

Como as reformas tinham implicações noutras corporações, como seja a diminuição da construção civil, menor compra de equipamentos e prestações de serviços, para o estado e Autarquias, foram atingidas muitas empresas "monopolistas" dos respectivos sectores, os quais se juntaram à "rebelião".

 Sob a batuta do PCP, e a colaboração do BE, generalizou-se a contestação, com alguma participação das populações, que desconheciam a desorganização reinante e estavam receosas de perda de direitos, como resultado de uma campanha de intoxicação dos órgãos de comunicação social, instrumentalizados pelas corporações e pela mobilização da CGTP.

Um dos melhores ministros caiu, o governo ficou fragilizado e acabou por perder a maioria absoluta,nas eleições seguintes. De realçar, que toda esta campanha teve a participação de altos dirigentes do PS, publicamente assumidos como membros da Maçonaria, porque, soube-se (?) posteriormente,  Sócrates não os levou para o governo, nem aceitou manter os seus interesses corporativos.

Entretanto, como consequência da crise do sistema bancário, dos Estados Unidos da América, a Europa entrou no turbilhão das falências bancárias, seguida de queda da economia e entrou, também, na cadeia da usura, do roubo, que o sistema financeiro logo criou, a pretexto das dívidas soberanas. Sócrates, como outros dirigentes europeus, recomeçaram com investimentos públicos, incitados pela Comissão Europeia, para evitar o aumento do desemprego. Recordo bem, que tais medidas, tiveram o apoio da Esquerda à Direita.

Porem, como a principal razão da crise era a perda de competitividade do Mundo Ocidental, particularmente da Europa, quase de imediato começaram a ter relevância pública, os famosos PECs.
Como sabemos, as medidas dos Planos de Estabilidade e Crescimento, tinham por objectivo diminuir o deficit das contas públicas, o que implicava a reorganização de largos sectores do estado e das Autarquias locais. Novamente, as elites e os interesses instalados, reagiram da Esquerda à Direita, inclusive do PS, que dirigia o Governo. Ninguém queria aceitar as medidas, o PEC IV não passou, Sócrates caiu e Passos Coelho entra em cena, depois de ter ganho as eleições, com propostas políticas e económicas, contra as medidas defendidas por Sócrates.

É interessante recordar, que vários elementos das elites, comodamente instalados e remunerados através de várias fontes, foram afirmando, publicamente, inclusive perante as câmaras de televisão, que, atendendo à crise, até aceitavam  cortes nas suas reformas (douradas) ou nos vencimentos (principescos), face aos salários e vencimentos miseráveis do mundo do trabalho. Pois...mas a realidade é teimosa e, como diz o povo, a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima.

Ao tomar conta do "pote", Passos Coelho recomeçou, agravando, a aplicar as medidas que não deixou Sócrates executar. Imediatamente, a elite e os interesses instalados, que tinham contribuído para a sua vitória, em colaboração com o PCP e o BE, desencadearam novas  lutas contra as reformas que já estavam contempladas no PEC IV e foram desenvolvidas no Memorando da Troika. 

Por paradoxal que possa parecer, nenhuma organização política, sindical ou empresarial, quis publicar o conteúdo do Memorando. Porquê? Porque assim escondiam, que a maioria das medidas previstas, não eram contra o mundo do trabalho, mas antes, contra os interesses instalados no Estado, nas Autarquias, contra as corporações profissionais liberais, contra os oligopolios, de facto, na banca, nas telecomunicações, na energia etc.

Como seria expectável, as corporações,tudo fizeram, discretamente,para que as medidas que os deviam atingir, não fosse aplicadas, ou, que apenas fossem aparentemente. Simultaneamente, através da comunicação social, com a participação de "personalidades ilustres", alguns dos quais, anteriormente diziam aceitar cortes de regalias, tudo fizeram e fazem para  fazer passar a mensagem, de que, as poucas e irrisórias medidas contra os seus interesses, eram e são contra a generalidade dos trabalhadores e dos reformados, na vã tentativa de os colocar a seu lado.

Como consequência de tudo isto, e com o actual governo, cada vez mais vergado perante as corporações e, simultaneamente, pressionado pela Toika , para controlar as despesas públicas e reduzir o deficit opta, com cumplicidade absoluta, pela manutenção dos interesses instalados. O corte substancial dos municípios, a extinção do apoio financeiro às Fundações, a redução profunda dos Institutos, a reorganização e diminuição dos Altos Quadros do Estado, a diminuição substancial das rendas nas PPP e na energia, entre outras medidas, previstas no memorando, são abandonadas ou mitigadas, enquanto o Direito do Trabalho, foi completamente arrasado! 

Conclusão: o cinismo das elites continua a resultar e a sua hipocrisia não está desmascarada. Como eles impedem os cortes previstos, o deficit aumenta, e o Governo prepara-se para mais um corte, de quatro  mil milhões de euros, na saúde, na educação e na segurança social. O dinheiro que devia ser cortado às elites, para diminuir o deficit, vai acabar por ser pago por todos, quando o mundo do trabalho já perdeu todos os seus direitos e regalias e os seus baixos salários e vencimentos, nada contribuíram para a "banca rota". Não nos deixemos mais enganar. A Troika, não é o nosso inimigo, é o representante dos credores. o  verdadeiro inimigo dos trabalhadores e do povo português, é o "Quartel General" dos interesses instalados, Maçonaria, Opus Dei, Organizações secretas, discretas e afins!