sábado, 17 de dezembro de 2011

FINALMENTE DESPERTAM,A IDEOLOGIA... EXISTE!


Nas últimas semanas, várias pessoas voltaram a escrever sobre ideologia. Ainda que nenhum artigo aprofunde o tema, não deixa de constituir uma tomada de consciência de que, a par da crise gerada pelas dívidas soberanas, assistimos à continuação de uma grande guerra ideológica. Desencadeada nos anos oitenta, nos EUA com Reagan e em Inglaterra com a Thatcher, Passos Coelho e Victor Gaspar, querem agora demonstrar a verdadeira face da Direita em Portugal.


Falar apenas da direita, como acabei de fazer e a generalidade dos autores tem referenciado, não só é insuficiente, como pode significar uma recusa de analisar as classes sociais, os seus interesses e contradições. Será apenas coincidência, que quando se fala no ataque à "classe média", tenham aparecido pessoas a escrever sobre a ideologia? É minha opinião, que a primeira é a causa e a segunda a consequência.


Os artigos de Francisco Assis,no Público, Pedro Vasconcelos, no Diário de Notícias, do João Cardoso Rosas, no Diário Económico, e do autor do Blog "Banco Corrido", tem em comum a critica ao actual governo, pelo facto de estar a aniquilar a classe média. Convergem, na constatação, que as políticas actuais derivam da Escola de Chicago. Condenam veemente o desmantelamento progressivo do Estado Social, particularmente, as medidas que mais atingem a "classe média".


Naturalmente, omito os textos sobre ideologia, da área do PCP e BE, porque não os considero de esquerda, porque tem uma prática em contradição com as suas teorias, e estas, não podem corresponder aos seus objectivos, que não assumem, como já referi em alguns artigos aqui publicados.


Clarificando posições: É hoje indiscutivel que, actualmente, não há alternativa ao sistema capitalista. Contudo, até ao fim do século, era possível senão obrigatório, considerar que o capitalismo de estado da China, era diferente do sistema capitalista da Rússia, assim como o sistema Americano e Inglês, eram muito diferentes do da Europa continental, único sistema capitalista onde vigorava um Estado Social.


Focando-nos agora na Europa, UE, excepto a Inglaterra, uns governos a seguir aos outros, com maior ou menor amplitude, tem vindo a desmantelar o Estado Social. Ainda que tenha começado na década de oitenta, foi com a queda do Muro de Berlim e a globalização, que se veio a seguir, que começou a ficar patente que, a estratégia da Escola de Chicago, também era para se aplicar na Europa.



A direita conservadora e reacionária, através da ideologia neo-liberal, começou a desferir golpes parcelares ao Estado Social, desregulou os mercados e a organização do trabalho, e através da "mão invisível"do capital financeiro, passou a dominar o mundo globalizado, impondo regras do capitalismo selvagem, que antecedeu a segunda grande guerra.


Não constituindo estes factos qualquer novidade, qual a razão, porque de um momento para o outro, se começou a falar e escrever que o Sistema Social Europeu estava em crise,que a Democracia estaria em perigo e que a União Europeia se desintegrará? Porque a chamada classe média europeia, começou também a pagar os efeitos do neo-liberalismo e da globalização!


A pequena e média burguesia, composta por trabalhadores de serviços, técnicos, professores, cientistas, gestores, etc,ligados aos serviços do Estado e a empresas, em que a concorrência era só do Mundo Ocidental, estão agora a pagar a falta de competitividade, perante os grandes grupos dos países emergentes, como os operários e os trabalhadores menos qualificados já pagam há duas décadas, por efeito do movimento de milhões de trabalhadores que entraram na Europa!


A ideia utópica, para não lhe chamar oportunista, da chamada classe média, que o capital financeiro, apenas obrigaria a baixar os salários e regalias dos operários, mantendo as mesmas condições remuneratórias e benesses, para a pequena e média burguesia, só pode ser aceite por quem tem pouco conhecimento político e económico da História e nada sabe de Ideologia, talves porque alguns anunciaram o seu fim!


Em síntese e por hoje, tomemos em consideração a mobilização da última greve geral. Os dados oficiais, que ainda não vi desmentidos, e muitas análises feitas após a greve, são unânimes: foi um fracasso! Como compreender o alheamento generalizado dos operários e outros trabalhadores mal remunerados? A "guerra" não era sua. Há muito que estão a pagar a crise, para se interessar por lutas de quem ganha vencimentos duas, três, quatro vezes e mais do que eles!


Como lutar e avançar, continua em próximo artigo.

sábado, 10 de dezembro de 2011

FALAR...DE CÁTEDRA

Acompanho, com alguma regularidade, os artigos de opinião que o Prof. Viriato Soromenho Marques, publica no Diário de Notícias. Partilho de muitas das suas opiniões públicas, que conheço. Direi até, que tinha grande apreço e consideração, pela capacidade intelectual demonstrada, através das múltiplas actividades que desenvolve como cidadão.

Como reflexo da consideração e respeito antes referido, predispus-me a ouvir com toda a atenção, a entrevista que deu à SIC Notícias, na noite deste passado sábado.Fiquei surpreendido. Voltei a rever horas depois e aumentou a minha surpresa! Será, que ele, como Professor, ainda não encontrou, ou não quis assimilar o sábio princípio "quanto mais sei,mais sei que nada sei"?

A forma displicente como se referiu aos políticos, nacionais e europeus, que "apenas estudam em folhas de papel A4 e são incapazes de ler um livro", deixou-me perplexo. Todavia, a forma arrogante como se recusou a responder às ultimas declarações de Sócrates, gesticulando afirma, "não falo dessa personagem" afirmando de seguida, "estamos a falar de política não de..."(???), chocou-me! O Homem que liderou o país durante seis anos, não merece o mínimo de respeito? Será que pensa, que todos os políticos apenas tem o conhecimento e a cultura geral, como a generalidade dos estudantes universitários do 1º ano?

 Com o devido respeito, não posso deixar de afirmar que parte da sua intervenção foi, o que se chama na gíria popular, falar de Cátedra, colocar-se acima dos outros!
Ao longo da minha actividade política, que já leva meio século, conheci e discuti com muitos políticos, muitos dos quais sem formação académica, como era o meu caso até à idade de 55 anos,  que tinham conhecimento e cultura geral e uma biblioteca diversificada, que acredito, sinceramente, que faria inveja, senão provocar vergonha, a muitos homens e mulheres que se vangloriam dos seus títulos de " Prof. Doutor".

Apesar de ter ficado chocado com as afirmações antes referidas, não deixei de continuar atento ao desenrolar da entrevista. Assim, tive a oportunidade de voltar a constatar algumas convergências, com o seu pensamento. Segundo afirmou, e eu concordo, a eventual superação da crise económica e financeira, que Portugal e outros países europeus atravessam, só será possível se caminhar-mos para uma governação europeia política, económica e fiscal, ou seja, segundo a minha interpretação, constituir os Estados Unidos da Europa.

Entretanto, quando se tratou de falar na austeridade actual, não escapou a juntar-se à generalidade dos comentadores, e também usou a "cassete". Em Portugal e na Europa, as comunidades do saber, isto é, a dita classe média, não pode e não vai aceitar esta contínua austeridade, sem crescimento e sem criação de empregos novos, sem se indignar, ou até, sem se revoltar!

Quando será, que a generalidade da chamada classe média e grande parte da Elite portuguesa, compreende que o mundo se globalizou e que, apesar de muitas distorções dos acordos internacionais e das leis da concorrência em Portugal e na UE, que a concorrência existe?

Quando será que compreendem, que o mundo do trabalho tem sido desvalorizado há cerca de 20 anos, com a entrada de dezenas de milhões de trabalhadores na UE, e que agora, no fundamental, as reformas exigidas para a competitividade e combate do décite, passa pela desvalorização salarial dos serviços e redução drástica dos efectivos, excessivos,porque os sectores primários e secundários da economia, nuns casos diminuíram e noutros desapareceram para os mercados asiáticos e dos países emergentes?

Poderia ainda abordar, a "fúria" de muitos analistas, que se pronunciam contra a austeridade, os cortes nos vencimentos mais altos e nas pensões mais elevadas, mas que quase deixaram de falar nas "gorduras do Estado", no entanto, como o artigo já vai longo e não quero desviar do seu objectivo, ficamos por aqui, por hoje.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

PERPLEXIDADES IV

Ao ver ontem no programa da SIC Notícias, as afirmações o Prof. Jorge Miranda, voltei a interrogar-me: Porque será, que ele é contra a alteração da Constituição, para permitir a vinculação de um limite máximo para o endividamento de Estado?

Durante as últimas semanas, vários políticos, jornalistas e comentadores têm afirmado que, estabelecer na Constituição um limite à dívida, constituiria uma ofensa à nossa dignidade e um atentado à nossa soberania. As justificações, são as mais variadas. Para uns, não se justifica porque os limites já estão contemplados em leis para constitucionais, leis reforçadas. Para outros, quem deve decidir até onde nos endividar-mos, serão os governos eleitos, porque representantes do povo. Outros ainda, porque proceder agora a mais uma alteração constitucional, significava submeter o povo português à Senhora Merkel, aos alemães.

Tais opiniões, ainda que respeitáveis, não são mais que simples lamurias, ou pretensas resistências de parte da Elite Portuguesa, uns por não quererem assumir as consequências dos seus actos ou omissões, outros, porque condenam qualquer decisão política que acentue o federalismo da UE, senão vejamos:

I É ou não um facto indiscutível, que a Constituição da Republica Portuguesa já foi alterada várias vezes, no sentido de contemplar as alterações dos Tratados que culminaram na UE ?

II Será legítimo falar agora em perda de soberania, por causa do limite de endevidamento, quando já cedemos a autoridade de emitir moeda para fazer-mos parte do Euro?

III Sendo verdade que tal limite foi uma imposição dos Alemães, isto é, os nossos principais credores,  o que justificará agora não querer "perder soberania" alterando a Constituição, quando ao mesmo tempo aceitámos, que através do Memorando da Troika, tivesse sido imposto um conjunto de medidas políticas e económicas, à margem da letra e do espírito  da Lei Fundamental da República?

É minha opinião, que a justificação para estas atitudes, deve-se ao facto de se estar com a "corda ao pescoço", impossibilitados de fazer face aos compromissos, quando foi aceite o Memorando. Agora, como o dinheiro vai sendo emprestado para pagamento das dívidas e os vencimentos dos funcionários públicos, parte da Elite já começou a readquirir a "vaidade balofa", já se vai sentindo com força para tentar impedir algumas reformas, adulterar outras,  tudo para a defesa da chamada classe média, que até parece ser o único problema de Portugal.

 Em síntese, o que nós vamos assistindo é a uma acção concertada das "corporações", instaladas no aparelho do Estado, na defesa dos seus interesses e dispostas a tudo para os manter, à custa de baixos salários e vencimentos do mundo do trabalho, que pouco beneficiou dos fundos da UE e dos empréstimos concedidos para todas as megalomanias!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

PERPLEXIDADES III

Há poucos dias abordei, aqui, o "alarido" que foi feito a propósito das declarações da Troika, sobre a necessidade de baixar os salários no sector privado. Agora, quando o Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, afirma que Portugal deve ser vigiado, controlado pelos Órgãos da União Europeia, durante mais de uma década,quase ninguém quer comentar e, menos ainda, condenar! Até ao momento que escrevo e tanto quanto é do meu conhecimento, nem os Partidos Políticos, nem os Sindicatos ou as Associações patronais, tomaram posição. Já nem falo da "virgem" ofendida, o Presidente do BPI, nem da Elite "chocada" com as anteriores afirmações.
 
Será...porque desta vez, ao contrário da anterior, as televisões não transmitiram em directo para a generalidade do povo português e, este, não pode confirmar, mais uma vez, que não temos Elite capaz de nos governar? Será...porque tal afirmação foi feita por um português? Será... porque as classes dirigentes já interiorizaram a inevitabilidade de nos mantermos décadas como "Protetorado" e já perderam os "tics" da defesa da "honra nacional"?

Quando se constata, que várias das medidas impostas,no Memorando da Troika, não estão a ser cumpridas pelo Governo, já nem defendidas pelo PS, que o negociou, algo terá que acontecer para cumprir as metas e pagar aos credores, para não entrar-mos em "bancarrota". Parece, que a generalidade dos portugueses que, de forma directa ou indirecta, beneficiaram com as dezenas de milhares de milhões de euros dos fundos comunitários e viveram acima das posses, contribuindo para a dívida que nos sufoca, não querem pagar, não aceitam reformas, nem querem mudar de vida. Desejo, sinceramente, estar errado na análise que faço, contudo, tudo se conjuga para, não apenas sermos vigiados pela União Europeia, mas também, para sermos directamente governados pela Comissão Europeia!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

PERPLEXIDADES II

Qual a razão, porque uma sugestão da Troika provocou uma onda de críticas, quando as imposições expressas no Memorando, tinham sido reconhecidas como indispensáveis por muitos, apoiadas por outros e "criticadas" por alguns? É porque foi afirmado perante as câmaras de televisão e todos os portugueses ficaram a saber "quem manda", ao contrário do Memorando que foi escondido de eleitorado? Será apenas porque não concordam com cortes no sector privado, ou receiam, que os atingidos tenham que ser apenas a classe média, os grandes proprietários e o capital, porque os que trabalham na produção ou nos serviços, já vivem próximo da miséria? Ou será que temem, que a sugestão da Troika de cortes no sector privado, quando passa nas televisões europeias, levará as pessoas e alguns organismos internacionais a concordar, pois conhecem estudos e relatórios, que demonstra ser Portugal um dos países onde a desigualdade na distribuição dos rendimentos é maior?


Quando se constata que, o Presidente da República, a Igreja, os partidos políticos, os sindicatos e até os dirigentes patronais, são contra a redução de subsídios ou de remunerações do sector privado, algo está errado. Então, não devem ser todos os portugueses, com rendimentos acima de certo nível, que devem pagar?

Admitindo que a C.R.P. ainda é válida e, como consequência, o corte de salários ou de subsídios seria inconstitucional, porque ninguém quer sugerir um imposto especial temporário, que qualquer governo tem legitimidade para aprovar?

Continuo perplexo... e chego a pensar, que eles se esquecem que as dívidas são para pagar..., são da sua responsabilidade, ainda que muitos de nós também tenhamos contribuído para a "banca rota".


Nota: Não posso deixar de lamentar, que até Mário Soares, um dos políticos que mais respeito e aprecio, e António José Seguro, que apoiei a SG e com quem me identifico, politicamente, em muitos aspectos, tenham entrado neste coro de criticas sem alternativa.

PERPLEXIDADES I


Devo admitir, que a situação económica e social em Portugal, não é agradável. Todavia, não deixa de ser surpreendente, constatar que o PCP, o BE e o patrão do BPI, convergem na crítica à Troika. Nós, já sabíamos, que as posições políticas do PCP e do BE ,nos últimos tempos, tiveram como objectivo principal ajudar a direita a derrubar o Governo de Sócrates.

Passos Coelho, das poucas verdades que disse, é que queria governar com o FMI. A pretensa esquerda, para enganar os trabalhadores incautos e os políticos ingénuos,nem sequer quis qualquer contacto com os negociadores do Memorando.

Poucos meses passados, a "esquerda" da direita já aceitou discutir com a Troika no Parlamento, isto é, com a UE, o BCE e o FMI e...os patrões, já estão fartos das suas conferências de imprensa! Sinceramente, não poderei deixar de ficar perplexo...

domingo, 6 de novembro de 2011

IGNORÂNCIA, OCULTAÇÃO OU DETURPAÇÃO DOS FACTOS, O QUE SERÁ PIOR?

Na actual situação política e económica, em que Portugal se encontra, o que será mais prejudicial para o nosso futuro: A ignorância ou a ocultação e deturpação dos factos ? Sinceramente, tenho alguma dificuldade em responder! No último artigo, já caracterizei várias situações políticas, económicas e sociais. Também assumi, haver necessidade de tomar várias medidas pelo governo, para tentar superar a crise em que vivemos. Penso, também, que identifiquei alguns dos factos e acontecimentos que contribuíram para o período de austeridade que vamos viver.

Hoje, vou procurar analisar, politicamente, dois estudos internacionais sobre a economia mundial. Um, sobre o crescimento desigual, publicado no blog ,"PUXA PALAVRA". Outro, sobre a distribuição da riqueza nos EUA, publicado no blog, "Esquerda Republicana". Embora a distribuição de riqueza, seja quase sempre dependente das políticas internas de cada país ou espaço económico, também é o resultado do PIB, isto é, da riqueza que cada sociedade consegue criar. Todavia, como não pode haver distribuição sem prévia criação de riqueza, ainda que possa haver mais justa redistribuição das dívidas acumuladas, vamos abordar o estudo sobre crescimento desigual.


Analisando o crescimento do PIB das economias avançadas, UE e EUA, a partir de 2007, ou seja antes da crise, e comparando com o PIB dos países emergentes e em particular os Asiáticos, a situação revelada é esclarecedora e chocante para o Ocidente. Enquanto a crise de 2008/2009, afectou profundamente a Europa e os Estados Unidos, provocando a queda do crescimento, os países emergentes apenas sofreram ligeiros desvios a um acentuado crescimento e os Asiáticos continuaram a crescer vertiginosamente.


Contudo, a situação mais grave, é revelada ao comparar-mos os dados de 2011. Na análise gráfica, partindo todas economias de uma base 100, a Europa desceu para 99,4, os Estados unidos "cresceu" para 100,6, as economias emergentes para 124,5 e as Asiáticas em desenvolvimento para 136,8. A conclusão é por demais evidente: No Ocidente, em quatro anos,não houve crescimento económico, nos emergentes um crescimento de 6%ao ano e na Ásia quase 10% de crescimento anual de riqueza!!!


Perante estes factos, será legítimo continuar apenas a lutar contra os governos, de esquerda ou de direita, sem colocar em questão a deslocalização das indústrias da Europa para o oriente, sem reequacionar o modelo social do período "neocolonial" Europeu, quando produzíamos e exportava-mos para todo o mundo? As crises das dívidas soberanas e privadas externas de Portugal, Grécia, Irlanda, Itália e os outros países que estão na calha, são o resultado de termos perdido competitividade em relação às economias emergentes, reflecte a consequência de continuar-mos a gastar mais do que produzimos, enganados com o crédito barato que agora temos que pagar!


Simultaniamente e, também, reflexo da política neoliberal e do domínio de mundo pelo capital financeiro, temos milhões de desempregados na Europa, os salários e vencimentos do mundo do trabalho continuam a desvalorizar, as regalias sociais, conquistadas e instituídas de acordo com o Estado Social, umas estão a ser cortadas e outras diminuídas, ao mesmo tempo que as rendimentos dos altos quadros são enormes, escandalosos, e os detentores do capital ganham e roubam o que querem provocando uma desigualdade que já não existia à décadas!


Para concluir, cumpre agora relacionar o estudo sobre a distribuição da riqueza nos EUA. O gráfico apresentado, demonstra que já foi atingido uma desigualdade com valores idênticos aos anos trinta, do Século XX, e também que políticas contribuíram para a actual situação. Com pequenas oscilações, os rendimentos dos mais ricos e dos mais pobres, mantiveram-se com a mesma diferença, desde o início dos anos quarenta até á década de oitenta do Século XX. A partir de 1982, sobe a liderança de Regan e a política neoliberal, a desigualdade recomeçou novamente a crescer até chegar à actualidade idêntica à dos anos trinta, apesar de ter havido uma ligeira diminuição no mandato de Clinton.


Não sendo os Estados Unidos uma boa referência histórica, em termos de distribuição de rendimentos, poderá dizer-se, que actualmente representa bem o modelo universal do domínio financeiro e das políticas neoliberais, apesar do Presidente Obama, inicialmente, ter tentado contrariar um pouco o poder absoluto dos bancos e voltar à regulação do sistema capitalista. Os factos referidos, devem servir de meditação, para todos os que acreditaram na propaganda do neoliberalismo, da vantagem da iniciativa privada em contrapartida com o domínio público em muitos sectores estratégicos, ao mesmo tempo que criticaram e condenaram a política e os políticos como sendo todos iguais e corruptos. A ideologia nunca acabou, as classes sociais continuam e os Partidos Políticos não são todos iguais!


Os últimos acontecimentos, na Itália e na Grécia, como já aconteceu também a Portugal, Irlanda e em certa medida a Espanha demonstram, inequivocamente, que não são os povos a decidir quem governa, quem elege os governos. Berluscon e Papandreu tinham maioria absoluta. Todavia, perante os juros das dívidas soberanas que o capital financeiro vai impondo, nada lhe vai resistindo. As novas "lideranças" nos governos,apenas se limitam a cumprir as decisões do capital financeiro, para que as dívidas sejam pagas mesmo à custa do retrocesso social dos povos. Só a luta política dos povos da Europa e não cada país isoladamente, pode alterar esta política neoliberal, acabar com o domínio absoluto do capital financeiro. É indispensável que a política volte a comandar a economia. É necessário que os povos se voltem a interessar pela política e retomem o poder de eleger os lideres dos governos. É tempo de os Povos Europeus constituírem os Estados Unidos da Europa!

domingo, 23 de outubro de 2011

PROTESTAR OU REFLECTIR? REFLECTIR PARA SABER PROTESTAR!

(Continuação, 4ª parte)




Feito a referência, a alguns factos que contribuíram para a manutenção das desigualdades dentro do mundo do trabalho e entre este e o capital, será possível retirar uma ilação: é preciso protestar e contestar as medidas de austeridade! No entanto, é indispensável, identificar os objectivos da contestação. Já afirmei e escrevi várias vezes, que o acordo com a Troika, é para cumprir. A dívida pública e privada, fruto da nossa irresponsabilidade colectiva, tem que ser paga, consequentemente, terá que haver medidas de austeridade.




A contestação e as eventuais manifestações, devem pois exigir uma melhor repartição dos sacrifícios. O capital, os lucros, as grandes fortunas mobiliários e imobiliárias, tem que ser taxadas a sério. As reformas duplicadas ou triplicadas, derivadas de funções públicas em qualquer organismo do Estado, terão que acabar. As reformas douradas, escandalosas,algumas das quais vinte vezes superiores ao salário mínimo nacional, terão que ter um tecto máximo. As subvenções atribuídas aos políticos que tem reformas do Estado, ou ainda activos à frente de grandes grupos , com vencimentos elevadíssimos, devem ser anuladas. Não venham, agora, invocar direitos adquiridos, quando a generalidade dos que trabalham e de muitos reformados, assistem à suspensão dos acordos e contratos de trabalho isto é, de direitos adquiridos.




Retomando o tema, das razões que nos colocaram na situação de banca rota, a questão dos fundos, vindos da União Europeia, constitui certamente um dos maiores escândalos no pós 25 de Abril. Recebemos subsídios para a agricultura, pescas, indústria e formação profissional, entre muitas outra áreas, para modernizar e reorganizar o país. Todavia, quando a globalização se começou a generalizar e aumentou a concorrência, o país acordou e constatou que não tinha capacidade de concorrer, porquê? Porque, os fundos não foram aplicados para cumprir os objectivos pré determinados mas, antes, para criar uma infinita organização de serviços de formação, reorganização e modernização com milhares de "quadros", remunerados com vencimentos escandalosos, praticando enormes desvios de dinheiro para os mais diversos fins e outros, para benefício pessoal.




Mas poderá dizer-se, que não houve nenhum aproveitamento de todas as ajudas vindas da então CEE? Claro que não! Portugal modernizou-se em muitos aspectos. Foram construídas muitas infra estruturas necessárias, estradas, hospitais, escolas, universidades,abastecimento de águas e saneamento, etc. No entanto, a megalomania típica dos portugueses contribuiu, decisivamente, para maior desperdício dos fundos europeus, como por exemplo: Centro Cultural de Belém e Casa da Música do Porto, quase sem actividade cultural;sede da Caixa Geral de Depósitos, para ostentação do poder económico; estádios de futebol para o euro, agora vazios e alguns já à venda; auto estradas por todo o lado,sem comércio e movimento que as justifique e com encargos que nos arrasam as finanças públicas; etc, etc.




Estes factos e muitos outros que poderia enumerar, são apenas da responsabilidade dos políticos, como agora nos querem fazer acreditar? Não! A responsabilidade é de todos nós, os que fizeram, e os que permitiram fazer, ainda que apenas por omissão de cidadania. Não foram apenas os empresários e patrões que desviaram os fundos. Na formação profissional, houve milhares de trabalhadores que receberam subsídios de formação e não participaram nas acções, outros aceitaram os subsídios e continuaram a trabalhar nas empresas sem receber formação, em ambos os casos, apenas assinando os recibos com a conivência dos patrões e formadores ou empresas de formação.




Como sabemos, foram muitos os casos de desvios de fundos e de corrupção pelos mesmos, que acabaram nos tribunais. Todavia, como vai sendo usual no nosso país... os culpados não são condenados por falta de provas e, outros casos, acabam por prescrever numa teia de cumplicidades que, a não ser combatida e erradicada, pode acabar com o regime democrático. Concluindo, podemos e devemos condenar as medidas de austeridade, o actual governo e até o regime democrático, como já muitos defendem, sem estar disponível para alterar-mos os nossos comportamentos e apenas exigir tudo aos outros? Continuamos a reflectir...








sábado, 22 de outubro de 2011

PROTESTAR OU REFLECTIR? REFLECTIR PARA SABER PROTESTAR!

(Continuação)



Feito o enquadramento político, ideológico e económico internacional, nos dois artigos anteriores, cumpre agora analisar, se devemos reflectir para contestar as medidas do actual Governo, ou se, seguindo a generalidade das pessoas que vão tomando posição, devemos apenas contestar. Tendo em consideração, tudo o que se diz e escreve nos média, mas também o que se vai escrevendo nos blogues e nos comentários aos artigos, ás notícias, ou às opiniões expressas nos blogues, direi que, quase tudo já foi dito mas, não sistematizado.


Penso, contudo, que continua sem se discutir e sem tirar conclusões sobre três problemas importantes, não só decisivos para compreender a situação de dependência em que nos encontramos, como também, para se entender como chegamos à banca rota: A desigualdade inaceitável da sociedade portuguesa; A de lapidação dos fundos que vieram da União Europeia; O facto de vivermos à décadas acima do que produzimos, ou seja, termos vivido como "ricos", quando apenas trabalhamos para ter vida de "pobres".


Vejamos a questão da desigualdade. Quantos relatórios de organismos internacionais foram publicados, referindo a desigualdade na sociedade portuguesa, não só entre o capital e o trabalho mas, também, entre os que exercem funções subordinadas? Quantos documentos e artigos estrangeiros, denunciaram que os gestores, os professores, os médicos e outras profissões mais ou menos liberais, ganhavam acima da média europeia, de que o exemplo mais paradigmático, era o vencimento do Governador do Banco de Portugal ser superior ao do Presidente da Reserva Federal Americana?


Entretanto, como se ia "combatendo" as desigualdades? Portugal chegou a parecer um autentico estaleiro com obras por todo o lado. Fundos para reorganização e modernização das empresas, eram às centenas de milhões de euros. O Fundo Social Europeu, comparticipou com com valores astronómicos para a formação profissional. Contudo, a generalidade dos trabalhadores e dos operários que não pertenciam à "elite" dos funcionários públicos ou das empresas e outras entidades públicas, continuavam sem recuperar dos cortes salariais dos períodos em que o FMI "dirigia" Portugal, porque?


Porque, quando havia muita necessidade de mão de obra e, como consequência, os trabalhadores poderiam exigir maiores salários e condições de trabalho, os empresários (para não lhe chamar apenas patrões), com a conivência de vários governos, "inundaram" o mercado com centenas de milhar de emigrantes, uns legais e outros clandestinos, o que impedia os aumentos de salário para muitos e a desvalorização para muitos outros dos operários e trabalhadores portugueses!


Simultaniamente, as Ordens dos Médicos, Engenheiros, Professores, Arquitectos e outras profissões qualificadas, a chamada "classe média" tudo fizeram para impedir a entrada de emigrantes nessas áreas, apesar da falta que faziam e muitos, inclusive, se encontrarem a trabalhar nas obras. Esta situação, entre muitas outras, ainda agudizou mais a desigualdade entre os que executavam os trabalhos e os que "mandavam". E digo que mandavam, porque quem dirigia de facto eram muitos engenheiros e técnicos estrangeiros, como o que morreu na ponte Vasco da Gama, enquanto os eng. portugueses assistiam engravatados!


Falta contudo referir ainda um aspecto importante, a responsabilidade dos sindicatos. Enquanto a situação do mundo de trabalho se degradava nas fábricas e na construção civil, na função pública e no Sector Empresarial do Estado, começou a generalizar-se duas categorias de trabalhadores: os que tinham contrato, acordo ou outro vínculo de trabalho, e os que não tinham qualquer garantia de trabalho. Os sindicatos, para manter ou até aumentar vencimentos e outras regalias dos trabalhados antigos, nada fizeram para impedir que as empresas contratassem trabalhadores a prazo, sem qualquer regalia e com vencimentos muito inferiores, muitas vezes menos de metade.

Como consequência, em poucos anos, nalgumas empresas, eram mais os trabalhadores com conrato a prazo, ou cedidos por empresas de trabalho temporário, do que os funcionários efectivos. Agora...tudo se conjuga...para a suspensão dos acordos, contratos e direitos para todos!


(Continua)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

PROTESTAR OU REFLECTIR? REFLECTIR PARA SABER PROTESTAR!

(continuação)






A situação de dependência da UE, do BCE e do FMI, em que Portugal se encontra, deriva de vários factos históricos e acontecimentos recentes, externos e internos. Como hoje já é reconhecido, por quase todos os analistas e comentadores portugueses, pelo Presidente da República e pelos partidos de direita, que estamos perante uma crise sistémica do Euro e não apenas uma situação de crise interna, não me alongarei sobre os factos externos. Todavia, não posso deixar de salientar, que se continua a omitir a principal razão da crise da Europa, em particular, e do Ocidente, em geral.


O colapso da União Soviética, a queda do "Muro de Berlim", a transformação política da China e a consequente desintegração e extinção da generalidade dos partidos comunistas, é a consequência da vitória do Capitalismo à escala mundial. Como corolário desta vitória, a Globalização económica ganha amplitude, a desregulamentação generaliza-se e o capital financeiro toma conta do mundo, através da política neoliberal.


Os factos referidos, conjugando-se objectivamente, permitiram que todas as multinacionais e grandes empresas da Europa e da América, desviassem os seus grandes investimentos, através da deslocalização das empresas, para o Leste e, em seguida, para a Ásia, China e Índia entre outros. Sem qualquer receio de perda dos seus investimentos, pois no imediato deixou de haver qualquer alternativa ao capital no mundo inteiro, o mundo financeiro conquista dois grandes objectivos: lucros fabulosos nas regiões onde a mão de obra era comparativamente mais barata e, através da movimentação de milhões de trabalhadores, desvalorizou progressivamente os salários dos operários da Europa e da América.


A Europa, na qual nós já estávamos integrados, que até então fabricava produtos para os seus povos e exportava para todo o mundo, assistia agora ao fecho das suas fábricas, à falta de trabalho para as novas gerações, agravando-se ano após ano, enquanto ao mesmo tempo os trabalhadores mais velhos se reformavam ou eram despedidos. Actualmente, dezenas de milhões de pessoas na Europa não trabalham, não produzem riqueza e muitos vivem das reformas ou subsídios. Entretanto, os vários Estados estão cada vez mais endividados e, para evitar a banca rota, vão destruindo o Estado Social, criado ao longo dos últimos cinquenta anos. Como consequência, aumenta o número de pobres e excluídos, os rendimentos dos que trabalham são cada vez menores, ao mesmo tempo em que os ricos estão cada vez mais ricos e tornaram-se nos únicos decisores sobre o futuro das sociedades.











PROTESTAR OU REFLECTIR? REFLECTIR PARA SABER PROTESTAR!


O corte dos subsídios de férias e do Natal, o aumento do IVA para vários produtos e serviços, a alteração dos horários de trabalho, a diminuição da remuneração do trabalho extra ordinário, o aumento do IMI e outros impostos e taxas, que significam! Início da destruição do Estado Social!


Esta minha conclusão, significa, que se o PEC IV tivesse sido aprovado e o Governo do PS, liderado por Sócrates, continua-se, não seriam tomadas medidas de austeridade? Não! Como todos sabemos, o memorando da Troika, foi negociado e aprovado pelo Governo do PS, como consequência, teria que executar as medidas necessárias para a consolidação orçamental.


O que esteve subjacente ao chumbo do PEC IV e hoje é claro e evidente, são duas agendas políticas, duas formas de superar a crise económica e financeira, a luta ideológica entre uma visão política de esquerda e reformadora do PS e uma visão de direita, PSD/CDS,liberal na forma e conservadora na sua essência Uma luta, entre os defensores do Estado Social, conscientes e dispostos a fazer as reformas necessárias para o manter, e uma direita, ansiosa por aproveitar as medidas indispensáveis do acordo e as reformas por eles desejadas, para destruir e Estado Social.


As decisões que o Governo do PSD/CDS vem tomando, constituem uma vingança há muito desejada e agora possível, com um Governo, uma Assembleia e um Presidente da direita, o qual, com a conivência do PCP e do BE, tudo fez para derrubar o Governo de Sócrates! Perante estes factos, como compreender a atitude das vítimas da austeridade que, agora, aceitam e querem manifestar-se sob a liderança dos que ajudaram a direita a conquistar o poder? É por essas e outras atitudes que, antes de protestar, devemos reflectir sobre quais foram os factos e motivações que nos conduziram à situação de crise actual, ou seja, porque voltamos a ser um "protetorado".


(continua)

domingo, 12 de junho de 2011

Porque dou o meu apoio à candidatura de António José Seguro a Secretário Geral do PS.





Quem conhece a minha actividade política, no Partido Socialista ou em outras organizações, sabe que sou homem de causas e convicções. Significa, que não sigo pessoas, por mais importante que seja a sua personalidade e a influência que possa exercer através do poder.


Nunca tive a oportunidade, de participar em qualquer debate político com A. J. Seguro ou F Assis mas, considero, que ambos são excelentes quadros do Partido. Não são camaradas das minhas relações pessoais, dentro do Partido, apesar de conhecer muitos militantes e já ter intervido em inúmeras reuniões, debates internos e públicos.


Quero, com estas notas prévias, deixar claro qual o motivo que me "obrigou" a expressar, publicamente, o meu apoio à candidatura de A. J. Seguro a Secretário Geral do Partido Socialista.


Penso conhecer, razoavelmente, o pensamento político e ideológico dos dois candidatos. Considero não cometer qualquer erro se afirmar que, F.Assis, está mais próximo da tese dos que defendem, que "o PS deve ser um grande partido popular", ou seja, da chamada Terceira Via.


A. J. Seguro, tanto quanto tenho conhecimento, sempre se identificou mais com a orientação "tradicional" do PS, sempre assumiu que o Partido deve ser de esquerda, valorizar as suas raízes e assumir a sua matriz ideológica com base no Socialismo Democrático.


As diferenças, entre Assis e Seguro,que acabo de referir, já seriam suficientes para me aproximar mais da orientação do A.J.Seguro. Todavia, além das posições políticas que cada um dos candidatos defendeu ao longo da sua carreira partidária, da maior ou menor coerência assumida na prática, é relevante as declarações políticas, feitas na apresentação das candidaturas.


F. Assis, apresentou-se com pouco á vontade e, aparentemente, sem grande convicção. Depois, o seu discurso não foi claro nem objectivo, não revelou um esboço de programa minimamente estruturado e, acima de tudo, não ter assumido as suas posições em documento escrito pode gerar dúvidas. Por falta de tempo de preparação, ou de convicção, a sua apresentação, não alterou as ideias que já tinha a seu respeito.


Na minha opinião, a declaração de candidatura, com que A. J. seguro se apresentou aos militantes socialistas e ao povo português, foi clara, objectiva e explicita quanto ao conteúdo das propostas de dinamização do partido, quer quanto aos objectivos de acção política para o futuro do partido e do país.


Como todos tem acesso à declaração do A. J. Seguro, quero apenas realçar alguns aspectos que considero mais relevantes, com os quais me identifico totalmente e que tenho defendido, por escrito, ou em intervenções nas reuniões partidárias.


Afirmar que o combate às desigualdades sociais, a defesa da escola pública, do serviço nacional de saúde e dos direitos sociais, não depende de qualquer crise ou problema externo, mas apenas das decisões dos portugueses, só pode ter a minha total concordância. Embora a forma fosse diferente, eu escrevi um artigo onde defendia, como prioridade nacional, a necessidade de discutirmos o que apenas depende de nós, portugueses.


Assumir como grave problema, a situação dos desempregados, não é apenas justo e obrigatório para um partido que quer ser alternativa de governo, como foi uma das principais lacunas, nos discursos e propaganda da campanha do PS nas últimas eleições.


Finalmente, quero realçar, a defesa que A, J. Seguro fez, da necessidade e obrigatoriedade de ouvir os militantes e de dinamizar os órgãos dirigentes do Partido, a todos os níveis, mas, especialmente, a abertura que defendeu para os deputados exprimirem posições diversificadas e, a reafirmação, do princípio da participação colectiva nas decisões de todos os órgãos do partido!


Em síntese, acredito no Homem, confio nos seus propósitos de renovação interna, partilho das opções políticas e ideológicas, expressas na declaração de candidatura, quero contribuir para que A. J. Seguro seja eleito Secretário Geral do Partido Socialista!


domingo, 5 de junho de 2011

LOUÇÃ E O BLOCO, RECEBERAM O PRÉMIO DE TER CHUMBADO O PEC IV!


Acabei de viver uma das piores noites eleitorais. Até nos discursos, foi perceptível, a diferença entre o ciclo que encerrou e o período negro ,de retorno ao passado, que se anuncia. Não regresso ao fascismo, mas ao que ele significou, pela negativa, em termos económicos e sociais ou, noutros termos, o não reconhecimento de direitos económicos e sociais para o mundo do trabalho. Mais paradoxal e revoltante, é o facto de esta alteração de ciclos ter sido proporcionado pelos "arautos" da defesa dos direitos e regalias sociais!


Desagradou-me, profundamente, a derrota do Partido Socialista nestas eleições. A direita portuguesa, sedente de poder e revanchista, sabia que, ao tentar desencadear um processo eleitoral com o chumbo de PEC IV, dificilmente deixaria de ganhar as eleições. Todos os processos eleitorais na Europa, desde 2009, tinham constituído pesadas derrotas para os partidos no poder, fossem de esquerda ou de direita. O que foi chocante, foram as atitudes políticas do PCP e do BLOCO, que certamente conscientes dessa quase inevitabilidade, tenham colaborado com a direita, não só para a queda do governo, como, durante a campanha tenham feito do PS o inimigo principal!


Apurados os votos, o resultado é elucidativo: vitória com maioria absoluta para a direita, o PCP, ganhou um deputado como consequência do aumento da abstenção, o Bloco, sofreu a maior derrota em termos percentuais e ficou reduzido, para metade, o seu grupo de deputados! Os eleitores já compreenderam o que é e para que serve o BLOCO, já lhe deram o prémio merecido. Com as medidas aprovadas com a UE, BCE e FMI, e ainda as mudanças decorrentes do programa neoliberal do PSD, o PCP, certamente receberá o seu prémio em próximas eleições, ainda que ,antes disso, os seus activistas e eleitores comecem a pagar a factura da sua irresponsabilidade.


Quanto aos resultados do PS, ainda que fosse difícil ganhar, pelas razões atrás aduzidas, tive a oportunidade de aqui escrever e de afirmar em reuniões dentro do Partido, que deveria ter havido uma ou outra "bandeira" e, principalmente, alteração na propaganda e comunicação política. Entretanto, como José Sócrates acabou por se demitir, a análise dos resultados eleitorais, em termos nacionais e concelhios, será feito posteriormente, já enquadrado no novo processo eleitoral interno do PS.


Em síntese, o dia 5 de Junho, será possivelmente recordado como uma vitória da direita, que tudo fará para acabar com os direitos sociais conquistados após o 25 de Abril, mas, indiscutivelmente, como o dia em que, o nosso país, perdeu um LÍDER, quando o povo mais precisaria dele! Antes de pouco tempo, será melhor compreendido e até desejado, inclusive, por muitos que o atacaram e contribuíram para a sua derrota!

sábado, 21 de maio de 2011

Em Campanha Não Se Altera, Mas Pode Ser Corrigida A Estratégia!


Afirmei no meu último artigo, que o acontecimento relevante no jantar de campanha, em Lisboa, tinha sido a intervenção de Sócrates. A síntese, das medidas reformistas que levou a cabo no primeiro governo e das que tomou para enfrentar a crise, foi excelente. Foi a capacidade e a coragem de desencadear reformas difíceis que lhe deu a imagem de Líder e Homem de Estado!


Quem leu o acordo com o FMI, UE e BCE, assinado pelo Governo e subscrito pelo PSD e CDS, sabe que terão de ser feitas grandes reformas no Estado e na sociedade, que vão muito para além da consolidação das finanças públicas, particularmente, a imposição de medidas contra as ordens neocorporativas instaladas, que muito tem contribuído para o aumento das desigualdades. Quem deu melhores provas para realizar as reformas necessárias? Indiscutivelmente, José Sócrates e os seus governos!


Quem acompanhou e ainda não esqueceu aquele período, sabe que, apesar da contestação desencadeada pelos poderes instalados, as sondagens continuavam a dar a a vitória ao Governo e ao PS. Sou de opinião, que no último debate, Sócrates desvalorizou esse capital precioso. É verdade que falou na defesa dos três pilares de Estado Social: Serviço Nacional de Saúde, Escola Pública e Sistema de Segurança Social. Todavia, não me pareceu suficientemente claro nas propostas de reforma, para manter os sistemas públicos, apesar do acordo, em contraposição ás propostas do PSD, que querem desmantelar e privatizar os Serviços Públicos, aproveitando a "boleia" do acordo com a Troyka.


Há ainda outro problema, que não pode continuar a ser subvalorizado por Sócrates e o PS e, ao mesmo tempo, aproveitado demagógicamente por todos os outros partidos: o aumento do desemprego e o fim dos subsídios para muitos desempregados. Sem por em dúvida o combate necessário contra os "caçadores" de subsídios de desemprego e outros, terá que haver uma resposta, um apoio, para todos aqueles que perderam o subsídio, querem trabalhar, mas não encontram emprego em lado algum. Esta situação, só pode aumentar as desigualdades e a contestação social. Uma nova redistribuição, da riqueza produzida ou da "miséria" existente, tem que ser encontrada.Não se pode ficar indiferente perante o aumento das "reformas douradas" acima de 4000E e, simultaniamente , abandonar à sua sorte milhares de trabalhadores sem emprego.


Em síntese, sem alterar a estratégia de critica á incoerência, oportunismo e demagogia do PSD e os outros partidos e, particularmente, contra a agenda neoliberal da direita, protagonizada por Passos Coelho, que nos querem fazer regressar ao 24 de Abril, é indispensável, que a campanha do PS e de Sócrates, aborde e dê respostas, aos problemas que referi e não gastem todo o tempo a falar no Estado Social em abstracto, nem nas Novas Oportunidades, apesar de serem importantes. Não se pode permitir, que se possa generalizar a ideia, de que os discursos de Sócrates, sejam "uma cassete". É tempo, dos que pensam a estratégia do PS, reflectirem no que eventualmente deve ser corrigido, pois, é fundamental que o apoio das pessoas aumentem. Portugal e os portugueses precisam da vitória do PS e da liderança de José Sócrates!

sábado, 14 de maio de 2011

A Victória Eleitoral, Só É Garantida Com Os Votos!




Participei no jantar de campanha, para as eleições de 5 de Junho, no Pavilhão Atlântico. Pareceu-me digno de registo, a quantidade de militantes e simpatizantes do Partido Socialista. A forma como participaram e aclamaram a chegada do Líder do Partido, José Sócrates, demonstrou solidariedade e confiança na Victoria eleitoral. Os oradores da noite, fizeram brilhantes intervenções, com excepção de Ferro Rodrigues, com uma intervenção lida e muito longa, quando o jantar já estava atrasado duas horas.


Todavia, o que de relevante aconteceu, foi a excelente intervenção do Secretário Geral do Partido Socialista José Sócrates. Ter conseguido, em pouco tempo, expor as reformas que os seus governos levaram a cabo. Justificou a necessidade de mudança e responsabilizou os que a ela se opuseram. Reafirmou a vontade de continuar a reformar o Estado Social, apesar da crise e dos seus condicionalismos. Demonstrou, que a obrigatoriedade de aplicação do Memorando, pode ter consequências antagónicas:ou reformar e consolidar o Estado Social em que temos vivido,como defende o PS, ou, destruir as bases do actual regime democrático e impor o neoliberalismo, como deseja o PSD.


Naturalmente, a intervenção de Sócrates, firme, clara e persuasiva, provocou grandes aplausos, muito entusiasmo e muita expectativa na vitoria. Ainda bem que assim aconteceu, que foi possível dinamizar ainda mais o Partido, no entanto, como as eleições são ganhas por quem conquistar mais votos, é preciso também incutir a consciência que é preciso continuar se não aumentar a mobilização, até porque, nada nos garante que não seja desencadeada mais uma campanha negra. A gravação vídeo de Sócrates, deve ser estudada e assimilada, a fim de poder servir de referência para intervenções locais, para enriquecer o conteúdo político de prestações de quem não tem conhecimentos ou capacidades suficientes.


Por outro lado, quem leu os jornais, ouvia as rádios e viu as televisões, só pode constatar o desespero dos jornalistas e comentadores ao serviço da direita, como consequência da sondagem de sexta feira, para a TVI. Mais esclarecedor do estado de desânimo que atinge a direita em geral e o PSD em particular, é o que se escreve nos blogs. Não andarei longe da verdade, se afirmar, que são muitos os que já "ligaram os fornos" para "assar o coelho" , ao mesmo tempo que elogiam o demagogo e mentiroso, Paulo Portas.


Os dois factos referidos, uma certa euforia no PS e a crescente desmoralização da direita, podem ser desmobilizadores para a campanha do PS. Todos os portugueses, que querem e defendem o Estado Social, devem continuar optimistas e activos no combate eleitoral contra a direita, mas, nada de euforia e deslumbramento. Vamos, antes, continuar na dinamização da campanha do PS, reforçar a democracia, impedir o aumento das desigualdades que a direita quer voltar a impor, em síntese, lutar pela manutenção do ESTADO SOCIAL EUROPEU , em Portugal!

domingo, 8 de maio de 2011

Falam de tudo mas não dos problemas de Portugal!

II



Se a discussão e o debate dos problemas que Portugal enfrenta não é relevante, o que preocupará a nossa intelectualidade e os inúmeros comentadores, em especial os Economistas, incapazes de prever a crise que nos atinge, mas sempre prontos a fazer "propostas" e "projectos" para o futuro?



Em primeiro lugar e acima de tudo, criticar o governo e condenar Sócrates pela situação a que chegamos. Tudo fazem, para que o povo não seja informado e tome consciência de que a crise que vivemos é comum a muitos países na Europa. Criticam a falta de reformas, mas omitem, que quando o primeiro governo de Sócrates as iniciou, os partidos da oposição, apoiando-se e apoiando a generalidade dos comentadores das televisões, tudo fizeram para generalizar a contestação ao governo, impedir a sua concretização e denegrir os seus principais protagonistas. Correia de Campos e Maria de Lurdes.



Depois, especulam sobre as eventuais medidas que seriam aplicadas como consequência do Memorando, sempre as mais gravosas possíveis para atribuir a responsabilidade a Sócrates, mas ficam estupefactos e mesmo revoltados, porque o Primeiro Ministro faz uma comunicação ao país desmentindo toda a campanha das oposições partidárias, que tiveram o apoio de toda a comunicação social, alimentada pelos mais variados "especialistas" de economia e gestão.



Entretanto, porque o Governo e o Partido Socialista afirmaram que aceitariam "governar com o FMI", ou seja, tomar medidas indiscutivelmente impopulares, mesmo algumas contrárias ao seu ideário ideológico e programático e, mesmo assim, todas as sondagens apontavam para uma substancial subida do PS e a queda do PSD, a "brigada" da direita na comunicação social volta a atacar Sócrates, e agora também o PS, para o qual teve a inestimável contribuição de Francisco Louçã.



Como apesar de tudo as criticas ao Governo e a "demonização" de Sócrates não dão para ocupar tão vasto aparelho dos média num país tão pequeno, e como não consideram relevante discutir as imposições do memorando, vão "enchendo chouriços" com noticias sobre interpretações do memorando e vinculando já as criticas que os "neocorporativistas" vão fazendo contra a "utopia" e a "impossibilidade" de aplicação das medidas do memorando.



Concluindo, o que nós vamos lendo, vendo e ouvindo, são mirabolantes histórias para o "Portugal dos pequeninos" ,a procurar explicar e justificar a irresponsabilidade dos partidos da oposição em permanente contradição. O PCP e o BE, que continuam a criticar tudo e todos sem querer assumir qualquer tipo de responsabilidade, ainda que agora o BE fale em aceitar participar num governo do PS...sem Sócrates!!! Pelo lado do CDS, continuamos a assistir a mais uma elaborada manobra de conquista de ministérios, seja com governo liderado pelo PS ou pelo PSD, enquanto que critica os outros partidos por falta de coerência!?



Finalmente, temos o partido "liderado" por Passos Coelho, mas de facto controlado por Cavaco Silva através do seu "emissário" Catroga, que cada dia que passa contraria o que afirmou no anterior, que cada dirigente contradiz uma "personalidade" independente, que aceitaria governar com o PS...sem Sócrates, mas perante a derrocada das perspectivas de vitória anunciada pelas sondagens, agora afirma que já não governará nem com Sócrates nem com o PS!!!




O que poucos querem reconhecer, é que a elite do nosso país, que tem vivido num "fartar vilanagem", só mudará obrigada e por imposições dos nossos credores e, como consequência, esconde do povo as propostas feitas no memorando e fará tudo para não as discutir publicamente e não se compreender as razões porque chegamos quase à banca rota, passados apenas 25 anos de entrarmos na União Europeia, é a vergonha nacional!


Falam de tudo mas não dos problemas de Portugal!




Lido as notícias nos jornais, analisado os comentários nos blogues e a informação que as televisões nos dão sobre congressos, programas, comícios e debates, na última semana, só posso tirar a seguinte conclusão: os problemas da sociedade portuguesa, evidenciados no Memorando da UE, BCE e FMI, responsabiliza tanto as elites, que estas, continuam a recusar-se a discutir as eventuais soluções dos problemas elencados!



Prova mais evidente da recusa dessa discussão, é o facto de, até este momento e que eu tenha conhecimento , não ter sido traduzido e publicado o Memorando. Tanto quanto sei, apenas o blogue "aventar" tomou essa responsabilidade, o que me possibilitou a mim e a quem tiver acesso fazer o seu estudo. Como cidadão, quero agradecer e felicitar os bloguistas do "aventar", pelo contributo que deram para o conhecimento da situação do país e a sua possível discussão, por todos os que não conhecem a língua Inglesa, entre os quais me incluo!



Como em tudo na vida, há excepções. Dos intelectuais que acompanho mais de perto, Vital Moreira, tem defendido nos seus artigos muitas reformas, que vão ao encontro do que agora é exigido, particularmente o fim do "neocorporativismo" nas profissões liberais. Também Pacheco Pereira, em variados momentos tem defendido reformas, particularmente nos Órgãos do Estado e nos partidos políticos, o que lhe está a provocar mais uma marginalização no PSD, ainda que aparentemente diferente da que sofreu quando apoiou as reformas iniciadas no primeiro governo de Sócrates.



Outro intelectual que acompanho há muitos anos e que muito respeitava, António Barreto, voltou esta semana a reafirmar a necessidade e urgência de algumas mudanças defendidas por si ao longo dos anos. Todavia, a análise subjectiva que fez da actual situação do país, contrariamente ao que fazia no passado em que ponderava e relacionava os vários factos com objectividade, apenas para poder afirmar que "Sócrates deve ser castigado" por tudo o que de mau aconteceu nos últimos anos em Portugal, omitindo o contexto europeu e internacional no contributo para a crise em que vivemos, é uma atitude intelectualmente desonesta que muito me surpreendeu e me deixou desiludido! Tal atitude, em nada contribui para a discussão e resolução dos bloqueamentos da nossa sociedade, como ele vinha referindo e criticando.






domingo, 1 de maio de 2011

Comemorar o 25 de Abril, e agora o 1 de Maio,num estado de frustração e revolta!

III





Quem estuda os movimentos sociais e políticos, sabe que, os que tem o poder, tudo fazem para o aumentar e consolidar e, ao mesmo tempo, procuram desvalorizar, quando não esmagar, os seus adversários ou os seus símbolos. Enquanto alguns países vivem uma crise financeira gravíssima, a " central " do neoliberalismo, desencadeou dois acontecimentos mediáticos para entreter e ocupar a mente dos povos, para que estes não se preocupem com a sua situação profissional e social e os desviar da luta contra os responsáveis, de comemorar o 1 de Maio.






Os espectáculos do casamento dos " Princepes" em Inglaterra e da " beatificação " de João Paulo II, atingiram tais proporções nos média, com milhares de enviados especiais, que durante dias, a todas as horas, absorveram quase todo o tempo das emissões televisivas e de rádio e as páginas dos jornais e revistas! Tudo natural, voltarão a dizer os incautos. Será apenas coincidência, que a figura de João Paulo II, passou a ser " venerada " no dia do trabalhador, ou como eles dizem, dia da Mãe? Bom, dirão outros, que isso se passou em todo o lado, não só em Portugal , e não foi para desvalorizar o 1 de maio! Será assim? Não! Para os que ainda tem dúvidas, o actual Papa, elogiou a liderança de João Paulo II, na luta e na victória contra o Marxismo e a ideologia do progresso. A " agenda " neoliberal andou de mãos dadas com a negação do Vaticano II!






Terá sido por mero acaso, que nos últimos dias tem sido transmitido "grandes jogos " de futebol nas televisões generalistas? Que no 1 de maio foram realizados a maioria dos jogos de futebol á tarde, particularmente o do Benfica, com transmissão na TVI? Foram só interesses económicos e desportivos, que justificaram a final de ténis do Estoril e a prova final de motos no dia do trabalhador?






Quem são os verdadeiros autores das afirmações, que nos últimos dias tem vinculado como certo ou necessário, a redução do salário mínimo, o desconto dos dias no desemprego afectar a contagem do tempo para a reforma, querer acabar com a justa causa para o despedimento, propor a adaptação do código do trabalho às pequenas e médias empresas, tudo com o objectivo de criar receio nos trabalhadores e desmobiliza-los da luta?






São estes factos e muitos outros que poderia referir, que me provocam revolta. É a cegueira política de alguns que pretendendo atacar tudo e todos, nada fazem para convergir na defesa de quem trabalha, me aumenta a frustração.São os roubos escandalosos, praticado pelo capital financeiro contra os povos e os estados, aplicando juros elevadíssimos, para pagar as dividas de uma crise provocada por esse mesmo capital financeiro, que me obriga ,conscientemente, a condenar a actual (des)ordem no mundo, que quer acabar com o Estado Social Europeu, onde o capital só tenha direitos e os trabalhadores só deveres!






Comemorar o 25 de Abril, e agota o 1 de Maio,num estado de frustração e revolta!

II



Aquando da criação do movimento " geração rasca " e porque este se apresentava contra o governo, os promotores ou quantos falavam em seu nome, eram ouvidos, apresentados e promovidos, por toda a comunicação social. Antes da manifestação, já as televisões faziam cobertura directa e apelavam à participação das pessoas, particularmente, dos jovens.



Não vou voltar a referir o que penso da " geração rasca ", pois o artigo está aqui publicado. Apenas fiz referência, para sublinhar o contraste com o que se passou ontem, dia 30 de Abril, e nos dias anteriores, de uma ou outra forma relacionado com as comemorações do 1 de Maio.

Porque não me parecia fruto do acaso, o realce dado a um conjunto de acontecimentos, estive atento nos últimos dias, particularmente no sábado, para saber como seria dado relevo, ou não, às manifestações para o dia 1 de Maio.



Acompanho, com particular interesse e cuidado, a informação relevante do país e do mundo. Naturalmente, não poderei acompanhar tudo, no entanto, do muito que li, vi e ouvi, não constatei uma referência ao dia dos trabalhadores, ao 1 de Maio! Dirão algumas pessoas que, tal facto, não tem em si nada de extraordinário, porque são eventos normais que se repetem todos os anos!? A minha opinião é diferente. A omissão e, objectivamente, a desvalorização das comemorações do dia mundial dos trabalhadores, teve como contrapartida a criação de factos novos e a promoção de eventos para comemorar o passado, que interessa à direita reacionária e conservadora e faz parte da agenda neoliberal mundial, vinculada pelos média internacional

Comemorar o 25 de Abril, e agora o 1 de Maio num estado de frustração e revolta!

Em 1974, a comemoração do 1 de Maio foi, principalmente, a saída da Povo para a rua para celebrar a Liberdade! Nesse tempo, comemorava-se a luta da classe operária contra o capitalismo, contra o imperialismo, pela revolução e o socialismo!

Entretanto, como resultado da integração europeia, das alterações cientificas e tecnológicas, do serviço terciário nas sociedades capitalistas ocidentais ter aumentado e os operários perderam a sua preponderância, em termos quantitativos e qualitativos o 1 de Maio da classe operária acabou!Em consequência, emergia a chamada " classe trabalhadora " ,como resultado das alterações sociais, com o domínio dos sindicatos e dos partidos de esquerda, pelos trabalhadores com formação superior e pelas " teses revisionistas " defensoras da " transição pacifica ".

Progressivamente, no mundo ocidental, as manifestações do 1 de Maio passaram a ser designadas como o dia do trabalhador, já não se luta pela revolução e o socialismo, que deixaram de ser alternativas. Ao mesmo tempo, na União Europeia as desigualdades sociais aumentam, os ricos e poderosos aumentam escandalosamente as suas fortunas, e o capital quer retirar todos os direitos aos trabalhadores!

Para quem, como eu, que dedicou grande parte da vida à defesa dos direitos e deveres de quem trabalha, primeiro lutando pela revolução e do socialismo, depois na participação na consolidação do regime democrático, através do partido, sindicato, comissões de trabalhadores e participação nas autarquias, não pode deixar de se sentir alguma frustração pela situação do país, apesar de reconhecer que a maioria do povo português vive ainda melhor que no passado fascista.

O momento que o país atravessa justifica, certamente, algumas contenções reivindicativas nas manifestações do 1 de Maio. Temos assistido nos últimos tempos, ás mais variadas sugestões, propostas e manifestos, para procurar resolver a grave situação política, económica e financeira em que nos encontramos.

Ainda hoje, saio mais um Manifesto, tendo como subscritor mais mediático, Boaventura Sousa Santos, onde, na minha opinião, além da analise da situação internacional, da critica a alguns dos aspectos mais revoltantes, fica-se por um apelo demasiado idealista, quanto à forma de convater o neoliberalismo e os mercados financeiros, verdadeiros detentores do poder político mundial.

Retomando ao tema do 1 de Maio, são várias as razões porque as comemorações significam para mim frustração e revolta. Frustração, porque a dita elite de esquerda anda distraída e o povo indiferente, revolta, porque a direita saudosista e reacionária, usando os média de que é proprietária e ou influencia,está ao ataque em toda a linha, senão vejamos:











segunda-feira, 25 de abril de 2011

Comemorar o 25 de Abril, num estado de frustração e revolta!

VI

( continuação nos próximos dias)

Comemorar o 25 de Abril, num estado de frustração e revolta!

V



Entretanto, ainda que separados no tempo, houve ainda três acontecimentos, que analisados num outro contexto, já várias vezes me obrigou a reflexão:

Um, já então tive oportunidade de acompanhar uma"dissidência" de um jovem universitário, residente na Bélgica, conhecido por Nobre que, penso ser, o senhor da AMI, que já então actuava à margem das regras e se considerava uma "personalidade" , curiosamente não regressou com o 25 da Abril.

Outro, a realização de um evento político e cultural, pelo PCP ml, através do MTPI, que levou a Paris quase todos os cantores de intervenção, entre os quais Zé Mário Branco e Zeca Afonso, e que proporcionou uma das maiores realizações políticas na imigração. Aliás, jamais poderei esquecer,porque trabalhei quase 24 h seguidas para fazer toda a instalação eléctrica e, quando se tratou de jantar...os que nada tinham feito já tinham comido tudo!

Finalmente, pouco antes do 25 de Abril, participei numa reunião com o PCP, PS ( entretanto criado ) e algumas "personalidades" independentes. Devo afirmar, que nessa altura critiquei o Mário Soares, porque ele apenas queria unidade para implantar a democracia. A determinado momento, perante o impasse da discussão, Mário Soares afirmou, perentório, para os revolucionários presentes: " como querem vocês unidade, se afirmam que caso vença a revolução, o PS será extinto e os seus dirigentes presos " ? Embora contrariado, não deixei de reflectir, ainda que só compreende-se o verdadeiro significado no pós 25 de Abril!



É nesse mundo fascinante de liberdade em que vivia, com frustrações à mistura, que em 25 de Abril,às 7,30h, quando me preparava para iniciar o meu dia de trabalho na automatização do Metro de Paris, que o meu amigo e camarada de trabalho da Guiné Conakri me informou, gritando: "Bexiga, o fascismo em Portugal acabou, houve um golpe de estado dado pelos militares"!!! Chorei de alegria e depois de ter sido felicitado por todos os camaradas de trabalho presentes, afirmei: acabou a minha estadia em França, não trabalho nem mais um minuto!

E foi assim que voltei a abandonar a estabilidade profissional, neste caso altamente remunerada e já com a atribuição de ir liderar os trabalhos de automatização da estação do metro da Torre Eifel, recusei, e regressei a Portugal!

Comemorar o 25 de Abril, num estado de frustração e revolta!

IV



Paris, cidade da luzes, centro do mundo político, nas décadas sessenta e setenta. Contudo, o mundo da cultura burguesa, como então se dizia, pouco interesse me despertou. Mais importante, era a participação nos eventos revolucionários dos imigrantes e exilados, que viviam em França e, em especial, tudo o que se relacionava com o Maio de 68 que ainda não se tinha extinguido. Paralelamente, continuava a estudar toda a documentação e propaganda relacionada com o marxismo Leninismo e a reconstrução de um novo partido comunista. Depois de profunda reflexão, acabei por me integrar no "PCP-ml", por ter considerado ser o único que defendia, teoricamente, o marxismo Leninismo e Mao Tsé Tung. Mais tarde, acabei a participar em mais uma "cisão", quando tudo tentava fazer pela unidade das várias organizações ML.



Enquanto tudo isto ia acontecendo, alguma frustração começava novamente a fazer-se sentir. Não conseguia compreender, porque os operários franceses, portugueses ou de outros países, não aderiam às organizações ML, apesar de se falar sempre em "revolução operária" e para os operários? Porque as organizações ML eram compostas quase exclusivamente por estudantes e intelectuais? Porque os lideres dessas organizações se guerreavam continuamente, nada fazendo pela unidade ou a convergência com outro tipo de organizações na luta concreta contra o fascismo? A experiência e formação que então tinha ainda não me permitia tirar conclusões.







Comemorar o 25 de Abril, num estado de frustração e revolta!

III



Apesar de o início da minha vida em Paris ter sido muito difícil, não era agradável fazer trabalhos não qualificados e mal remunerados, quando já era reconhecido como profissional altamente produtivo e qualificado. Todavia, tal situação, não me impedia de "mergulhar fundo" no mundo político. Eram os tempos das grandes clivagens: socialismo,como alternativa ao capitalismo, marxismo Leninismo de Mao Tsé Tung contra revisionismo soviético, revolução ou democracia para o derrube dos regimes fascistas em Portugal, Espanha e Grécia, tudo ou quase, tendo como principal motor de agitação,manifestação e revolta a luta contra a guerra no Vietname e, no caso português, a luta dos jovens exilados contra a guerra colonial.



Foi o tempo da minha primeira grande reflexão: porquê, havendo tantas organizações politicas, só uma, o PCP, era capaz de trabalhar organizadamente? Porque todas se degladiavam pela liderança da oposição, e nada faziam para convergir na luta pelo derrube do fascismo? É certo, que nessa data ainda não tinha uma formação ideológica consistente, apesar de já ter estudado os "princípios fundamentais de filosofia de Politzer", no entanto, o conhecimento político já adquirido através de jornais, revistas, livros e colóquios, permitia-me não apenas participar conscientemente na actividade política, como, ainda, começar a compreender a razão da nossa incapacidade de nos organizar. Foi a primeira frustração!



Como revolucionário marxista Leninista, "entro de cabeça" em tudo o que é actividade política contra o capitalismo e as guerras. Ao mesmo tempo, vou conhecendo e adquirindo, tudo sobre o marxismo que é publicado em francês e português. Dessa pesquisa e estudo da documentação, fico estupefacto, mesmo revoltado! Não só compreendi como foram falsas as razões para a criação do MRPP, mas também, como a realidade política portuguesa era deturpada pelas mais variadas organizações que pareciam existir. Pior ainda, foi constatar que, à data, já existia uma dezena de organizações, ou apenas jornais, que se reivindicavam de marxistas e que defendiam a reorganização do PCP!!!






Comemorar o 25 de Abril, num estado de frustração e revolta!

II



Formado o MRPP, por um ou outro intelectual, vários estudantes universitários e por seis operários, dos quais fazia parte, iniciou-se uma grande actividade política de propaganda e agitação, ultrapassando todas as que se conheciam ou diziam existir. Como resultado dessa actividade e por falta de organização conspirativa, como mais tarde vim a saber, deu-se várias prisões, casos do Fernando Rosas do "Zé dos frangos" de Vila Franca.




Após as prisões e porque eles conheciam pessoalmente vários militantes e alguns organismos, entre os quais aqueles que eu estava ligado, foi decidido passar à clandestinidade. Assim passei três semanas onde constatei: falta de solidariedade, falta de organização conspirativa e, acima de tudo, falta de confiança política no Arnaldo Matos, com o qual reuni várias vezes em minha casa, que era acusado de pertencer à CIA. Após a confirmação que ambos tinham falado na prisão e denunciado tudo o que conheciam, parti imediatamente para França, através da rede dos imigrantes clandestinos.




Chegado a Paris sem qualquer contacto político, num período em que o governo francês já dificultava ao máximo a legalização dos clandestinos, estive nove meses com documentação provisória e para me conseguir legalizar tive que trabalhar nos mais variados trabalhos de limpeza, apesar de já ter trabalhado como electricista seis anos, para os franceses em Portugal e três na Efacec, inclusive como encarregado. Conseguido que foi a minha legalização, no dia imediato voltei a trabalhar na Alsthon, em Paris.

Comemorar o 25 de Abril, num estado de frustração e revolta!

I



Sem eventos de reflexão séria e profunda onde participar, com manifestações apelando a reformas e transformações que a História já julgou e condenou como ultrapassadas, decidi (des)escrever sobre a minha frustração do regresso ao país após o golpe do 35 de Abril e, em especial, para exprimir a minha revolta, por voltar-mos a ser dirigidos e controlados por organizações internacionais!



Vejamos alguns factos de dão corpo à minha frustração:


No início de 1969 passei a trabalhar e a residir em Alhandra, com o único objectivo de me juntar organizadamente aos comunistas. Nas eleições desse ano, tive participação pública activa nos debates e comícios da CDE e já colaborei na organização. Como corolário desse trabalho, integrei a primeira direcção concelhia do Movimento, após as eleições,ainda que não fosse militante do PCP.



Posteriormente ao acto eleitoral, como reflexo da minha disponibilidade e convatividade, fui eleito para a comissão de empresa pelos trabalhadores da Efacec, participei na criação das cooperativas de consumo de Alhandra e Vila Franca de Xira, fui integrado na inter sindical inicial, como estrutura do Movimento pós eleitoral, ao mesmo tempo em que participava em quase todos os colóquios na região de Lisboa. Em resultado desta actividade intensa, fui convidado para reorganizar os comunistas portugueses do qual resultou a criação do MRPP.









domingo, 13 de março de 2011

Manifestação " Rasca " Rica De Equívocos! III

Nota: Mais uma vez, algum especialista apagou esta parte. Aos eventuais leitores, as minhas desculpas por não poderem ler as conclusões.

Manifestação " Rasca " Rica De Equívocos! II

Terceiro, o PSD tem reafirmado continuamente, que é preciso "tirar as gorduras do estado", por outras palavras, tem defendido a diminuição do número de funcionários públicos. Também é do conhecimento público, que da agenda liberal de Passos Coelho, faz parte a liberalização dos despedimentos e a manutenção da precaridade do trabalho, traduzida na frase " é melhor um trabalho precário que a estabilidade no desemprego". Tendo em conta algumas das reivindicações das manifestações relacionadas com a precaridade no trabalho, será politicamente admissível que possa haver convergência entre elas e as propostas do PSD, mesmo tendo em conta a participação do lider da JSD a distribuir notas com a imagem de Sócrates? Quem quer enganar quem, o PCP e companhia a organizar uma manifestação "apartidária" ou a direita que diz que a "juventude" terminou com o ciclo do Sócrates? Se estas formas de fazer política não são pantanosas...não sei o que será um pântano político!
Quarto e possivelmente o maior equívoco. Sou de opinião, que o governo terá cometido um ou outro erro na aplicação das medidas de austeridade, particularmente, nas reformas mais baixas. Todavia, parece indiscutivelmente justo, que a tributação dos vencimentos e agora das reformas acima de 1500,00£, foi justa, ainda que insuficiente para os valores superiores. Daqui decorre, que a esmagadora maioria dos trabalhadores não foram penalizados, para além do IVA e do IRS.
Como relacionar então, o facto de só agora ter avançado a manifestação, com a pressuposta teoria, de que o PCP e companhia defendem os trabalhadores mais desfavorecidos? Será que o PSD está disponível para integrar os jovens licenciados nos organismos do estado em troca do apoio do PCP para o derrube do Governo? Ou estarão todos eles a disputarem eleitoralmente o voto da juventude licenciada com promessas que sabem não poderem serem cumpridas no actual quadro político e económico de Portugal e da União Europeia? Que pântano...

sábado, 12 de março de 2011

Manifestação " Rasca " Rica De Equívocos!

Participei em muitas manifestações. Presenciei muitas outras, para melhor compreender a forma de participação e mobilização e o seu eventual impacto. Que me recorde, nunca tinha assistido a tanta promoção de uma manifestação e, em particular, a uma cobertura televisisa e de outros orgãos da comunicação social,como aconteceu hoje!





Apetece dizer, que houve uma manifestação organizada pela comunicação social "rasca", participada pela "geração rasca" , com objectivos "rasca" ,mas com aproveitamento político variado e cheio de equívocos, senão vejamos:



Primeiro, será por mero acaso, que o Secretário Geral do PCP e o Cordenador do BE apoiaram a manifestação e o Carvalho da Silva participou? Quem acompanha e pensa a política nacional , sabe que estas organizações assumem estar contra a política do Governo do PS e, implicitamente, contra o sistema democrático e suas aliânças. Como compreender então, que os comentadores políticos da direita e, em particular, do PSD afirmem que se tratou de uma grande manifestação e que prova o fim de ciclo do PS e a exigência de novas eleições? Admitem, que é a resposta do PCP à proposta do Bagão Felix?!



Segundo, se a juventude "rasca" tem reivindicações a fazer, na minha opinião tem muitas, se o processo inicial era apenas o problema da precaridade de emprego nas suas multiplas facetas, ainda que, quase sempre relacionado apenas com os jovens licenciados, como compreender, que nas manifestações, tenha estado outras gerações em tão grande número e muita propaganda tenha sido contra o Governo Socrates, contra o PS e até o PSD? Mas então, a precaridade de trabalho e a diminuição de direitos, não existe há vários anos para os trabalhadores jovens não licenciados?

Nota:
Mais uma vez não consegui a publicação integral do artigo! Algo que me ultrapassa.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

A " Teoria Do Caos" Implica Não Ter Ideias? I

As revoluções dos povos árabes, a moção de censura anunciada pelo BE e as manifestações sugeridas ou convocadas para o dia 12 de Março, tem algo em comum? Aparentemente sim, para os incautos, com falta de informação e que " navegam " nas ondas do antipartidarismo!
Acompanho desde o início e com muito interesse, o desenrolar das grandes manifestações nos países árabes, que no processo se transformaram em revoluções e que já provocou a queda de dois ditadores e está a abalar seriamente outros tiranos. Do muito que li, vi e ouvi nos média portugueses, sou obrigado a concluir que: ou não são competentes para relacionar as causas e consequências, ou acreditam que tudo é o resultado da " teoria do caos " , ou, pior ainda, muitos ainda mantêm o complexo de superioridade do " mundo ocidental civilizado" , desvalorizando as lutas actuais, porque " estes povos não estão preparados para a democracia e a liberdade " e que levará à criação de regimes iguais ao Irão.
Para muitos dos nossos comentadores e " analistas " , quase tudo tem acontecido de forma expontânia, ainda que reconheçam, e alguns sobre valorizem, a importância das novas tecnologias de informação na mobilização das pessoas. Todavia, são poucas as referências ao principal meio de comunicação que deu relevo, desde o início, aos acontecimentos na Tunísia a Al Jaazira, enquanto os média europeus se alheavam ou seguiam os seus governos no apoio aos regimes ditatoriais, com destaque negativo do governo francês.
É minha opinião, que os acontecimentos políticos revolucionários iniciados na Tunísia, tem causas remotas, como o nível de vida miserável das populações e uma juventude desempregada sem perspectivas, algo comum a muitos países, e causas próximas, como foi o discurso célebre do Presidente Obama na Universidade do Cairo e, mais recentemente, as revelações do Wikileaks.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Resultados Eleitorais Terão Consequências!

Reflexões sobre a campanha e os resultados eleitorais ( continuação...)







" Todavia, como será possivel mobilizar os cidadãos" quando:





Portugal, é o Estado da União Europeia onde existe a maior diferença salarial entre os que menos ganham e os que mais recebem. No entanto, de acordo com vários estudos comparativos, os dirigentes e altos quadros das empresas públicas e privadas, institutos e outros organismos de estado, tem vencimentos e outras regalias acima da média europeia.





O governo português, por causa da crise económica e financeira, foi obrigado a tomar uma série de medidas fiscais e de redução de regalias sociais. Foi aumentado o IVA e outros impostos que a todos abrangem, foi diminuido e nalguns casos cortado, os apoios sociais aos mais carentes e necessitados, mas, não houve vontade ou força suficiente para cortar nas reformas douradas, no mínimo, equivalente ao corte nos vencimentos superiores a 1500,00 euros.

Nota: por razões que desconheço, não consegui publicar a mensagem completa. Aos eventuais leitores, as minhas desculpas.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Resultados Eleitorais Terão Consequências!

continuação...





-A última conclusão, tem em apreço as candidaturas de Francisco Lopes e Defensor de Moura. Quanto ao primeiro, como todos sabemos, a candidatura é apenas do PCP. Ainda que a diferença de votos seja significativa em relação à última protagonizada por Jerónimo de Sousa, assistimos, mais uma vez, à demonstração da capacidade de organização e mobilização do PCP que, não obstante, não deixa de confirmar a dimunuição da sua implantação e influência no eleitorado. Ocorre dizer: "victoria em victoria" até à derrota final!



Defensor de Moura, apesar de ter tido um número pouco significativo de votos, não deixou de cumprir os seus objectivos. Primeiro, com a sua candidatura, abrir espaço de votação para os socialistas que não pretendiam votar em Manuel Alegre, nos quais me incluo, mas queriam que o seu voto fosse útil para forçar uma eventual segunda volta. Segundo, contribuir para uma maior transparência política no sistema democrático, fazendo da corrupção um dos seus alvos, em particular , do "polvo" chamado BPN. Terceiro, deu um contributo relevante, para dismistificar a personagem " honesta e impoluta " da candidato Cavaco Silva, o que certamente contribuio para que a reeleição de cavaço tenha sido a que obteve menos percentagem de votos e tenha perdido algumas centenas de milhares de votantes!





Reflexões sobre a campanha e os resultados Eleitorais.





Ao analizar a campanha, através dos vários órgãos de comunicação social, é para mim evidente que, por um lado, não foram abordados e discutidos os problemas nacionais e a acção que o Presidente da República pode e deve desempenhar na resolução dos mesmos, tendo em conta os seus poderes constitucionais. Por outro lado, foi visivel o desinteresse generalizado das populações nos comícios e arruadas, demonstrando um desinteresse e alheamento procupante.





É certo, que as medidas tomadas ultimamente pelo governo, também contribuiram para a diminuição do interesse pela campanha no entanto, como sabemos, nestas eleições não estava em questão o julgamento político da actividade gonernamental. Na minha opinião, a falta de participação das pessoas nas campanhas e, principalmente, os resultados eleitorais, são o reflexo de uma degeneração progressiva do nosso sistema político democrático!



Como compreender, que mais de metade dos cidadãos eleitores se tenham abstido de votar? Todavia, os resultados são ainda mais preocupantes se juntarmos aos absticionistas, os votos em branco, os votos de J.M.Coelho e do Fernando Nobre assumidamente contra os partidos e, implicitamente, contra o actual sistema democrático, os votos no Francisco Lopes/PCP, que continua a convater o sistema "capitalista" a U.E e a NATO. Quem participou acreditando na Democracia? Como os eleitores inscritos eram 9629630 e as candidaturas de Cavaco, Alegre e D. de Moura apenas somaram 3128353 votos, conclui-se que menos de um terço dos eleitores !!!





É minha convicção, que os resultados eleitorais refletem realidades económicas e sociais injustas e incompreensiveis num país europeu no século XXI, independentemente da crise ecnómica e financeira que actualmente atinge quase todos os paises europeus, ainda que esta tenha contribuido para agravar a situação em que nos encontravamos. É para mim indiscutível, que em democracia todos temos direitos mas, também, deveres cívicos e de participação na porocura das melhores alternativas políticas, económicas e sociais para o país. Todavia, como será possível mobilizar os cidadãos

domingo, 23 de janeiro de 2011

Resultados Eleitorais Terão Consequências!

Como era quase unanimamente previsível, para os analistas e as pessoas atentas à realidade da vida política,Cavaco Silva voltou a ganhar as eleições presindenciais. Quem perdeu as eleições? Indiscutivelmente, Manuel Alegre! Escreverão alguns, nada de novo, de relevante, aconteceu para o sistema democrático e para o país.



Todavia, as denuncias e criticas feitas na campanha eleitoral e os resultados obtidos pelos vários candidatos, obrigam a tirar algumas conclusões e, fundamentalmente, a reflectir sobre o futuro político e sistema democrático.



Conclusões:


-A percentagem obtida por Cavaco Silva, ficou aquém do esperado e desejado pelos seus apoiantes, apesar das chantagens dos últimos dias sobre a eventual segunda volta. Este facto, traduz uma diminuição do seu poder de influenciar, ou chantagiar, os outros órgãos de poder, que visivelmente ele demonstrou vontade na campanha, ao pretender imiscuir-se nos poderes legislativos da Assembleia da republica, e no Governo, ao criticar algumas das suas opções politicas.



-A derrota de Manuel Alegre, prova, que para a esmagadora maioria dos socialistas, as reformas iniciadas no primeiro governo de Sócrates eram justas e indispensáveis, que as criticas e ataques, então feitas por Manuel Alegre, eram inaceitáveis para um alto dirigente do partido e, como consequência, agora não votaram nele. Só a vaidade, individualismo e elitismo de Manuel Alegre, conseguio impediruma eventual vitória da Mário Soares nas anteriores eleições como candidato do PS, como agora lhe provocou uma derrota com uma percentagem de votos vergonhosa!



-O resultado eleitoral obtido por Fernando Nobre, apesar de não ser surpreendente, por ter tido apoio público de muitos socialistas, inclusive alguns dirigentes, não deixa de constituir um facto negativo e perigoso. A sua campanha, além de demonstrar falta de preparação política para poder exercer a presidência da republica, revelou um candidato a "ditador", através das suas criticas, implícitas, ao sistema político democrático e denegrindo os partidos políticos com criticas e ataques desconexos.



-Verdadeiramente surpreendente e preocupante, foram os 4,5% conseguido pelo J. Manuel Coelho! Apesar de podermos reconhecer que ele fez algumas criticas justas conta A. J. Jardim e sobre alguns casos de corrupção, que soube utilizar uma linguagem acessível e comum à generalidade dos cidadãos, a sua campanha, foi fundamentalmente folclore, para não dizer palhaçada à "tiririca". Os próximos tempos, revelarão ou não, se e quem fomentou e apoiou a sua candidatura pois, não parece fácil a um individuo sem organização politica reunir as assinaturas necessárias à candidatura. Mesmo considerando o resultado "histórico" na Madeira, quase igual ao de Cavaco, a média de resultados nos vários distritos do continente obriga a pensar que, ou houve "poderes " ocultos a dar-lhe apoio, ou a percentagem obtida, revela fragilidades sérias do nosso sistema político democrático.
Continua...



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