terça-feira, 29 de maio de 2012

Como A Ingenuidade (?) Política...Pode Ser Gratificante!



A ingenuidade (?) política, que o Prof. Sobrinho Simões assume, parece desconcertante e torna-se gratificante. Fazendo parte de um grupo de intelectuais, que regularmente falam no programa "contra corrente" referiu, que o alertaram, que estaria entre tubarões. Todavia, nos programas que tenho visto,  tem sido o principal protagonista, na análise dos problemas com que os portugueses  debatem actualmente.

Em comentário anterior, já tive oportunidade de realçar a sua frontalidade, na crítica que fez ao sistema de ensino académico, afirmando que o sistema se transformou num negócio e que a maioria das Licenciaturas, não tinham qualquer valor cientifico. Hoje, o tema da discussão apresentado pela Ana Lourenço, entre Sobrinho Simões e António Vitorino, foi o caso das secretas.

Quem conhece, minimamente, a actividade política portuguesa reconhece, que António Vitorino, é um dos políticos mais influentes e que conhece, quase tudo, o que o cidadão normal não sabe nem sonha. Como Comissário Europeu, supervisionou os serviços de segurança, pelo qual foi elogiado. No Governo Português, fez parte do grupo restrito. Foi membro do Tribunal Constitucional. É identificado, publicamente, como pertencendo à Maçonaria, ao GOL.

Foi perante este interlocutor , altamente responsável e informado, que Sobrinho Simões desferiu uma critica, demolidora, aos responsáveis pela situação politica e a crise dos partidos, atribuindo a principal responsabilidade aos serviços e sociedades secretas, às maçonarias e aos interesses instalados! Não sei se é "ingénuo"político, como se afirma mas, foi gratificante, ver a atitude frontal de um cidadão responsável e muito respeitado. Também foi...hilariante constatar que, António Vitorino, ficou transtornado e com a cara vermelha, que parecia um pimentão, sem ousar contraditar o seu interlocutor!

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Reorganização Administrativa, Autarcas Defendem...Suas "Quintas" E Seus Lugares!




A sessão pública,sobre a Reorganização Administrativa, realizada da Sociedade Euterpe Alhandrense, evendiciou o que tenho escrito e afirmado em debates: os actuais autarcas, não querem esta reforma administrativa, nem qualquer outra, que diminua o número de municípios ou de freguesias. Os interesses do povo, que dizem representar e defender, é apenas um pretexto para tentar justificar os interesses instalados e entrelaçados entre os eleitos, familiares e amigos e as empresas que se servem da generalidade das autarquias, como tem sido denunciado por vários autores.

Voltando à sessão. Começou cerca das 22h, ou seja, atrasada meia hora. Depois, começaram as intermináveis intervenções, dos muitos convidados, até às 23.15h. Entretanto, face ao adiantado da hora, algumas das pessoas presentes começaram a abandonar o salão. Porém, apesar de terem repetido, que estavam ali para ouvir as pessoas, mal terminou as intervenções dos membros das mesas, logo começaram outras longas intervenções, dos autarcas que estavam presentes no salão.

Naturalmente, perante os contínuos discursos de propaganda e de repúdio da reforma, as poucas pessoas presentes, que não eram autarcas ou ex autarcas, acabaram por ir saindo,  sem ter podido intervir, até às 23.45h. Como tive oportunidade de afirmar a seguir, relativamente irritado, estivemos perante uma sessão de propaganda, de defesa dos interesses instalados, e não de um debate de esclarecimento para as pessoas, como se tinha proposto fazer. Quando será, que estes "senhores iluminados" respeitam o Povo, e compreendem, que o cidadão comum, não está disposto a esperar até cerca da meia noite, para eventualmente poder intervir?

Quanto ao conteúdo das intervenções, ainda que convergentes na recusa da Reforma Administrativa, assumiram contornos diferenciados. A Plataforma e os outros intervenientes do PCP, como era de esperar, assumiram uma atitude de condenação da reforma, da Troika e do Governo. Para eles, tudo está bem como está. Não há Freguesias nem Municípios a mais. Na sua opinião, os Autarcas em nada contribuíram para o deficit das contas públicas. A Reforma Administrativa, é apenas mais um ataque ao poder autárquico, ao 25 de Abril e à Constituição. A crise, em que vive a Europa, é apenas uma crise do capitalismo e o Memorando da Troika um acordo de traição nacional. Em resumo, nada de novo, excepto...o facto de terem recebido o aplauso dos autarcas socialistas!

Da intervenção do Presidente da Anafre, só se pode dar realce à sua demagogia. A forma como apresentou os gráficos e os quadros comparativos, sem se referir ao que antes o Governo tinha apresentado, no Livro Verde, demonstrou que vale tudo para tentar encontrar argumentos, contra qualquer reforma. Interessante, foi o facto de passar a sessão, sem se pronunciar contra a Lei, por esta não contemplar, também, a extinção de municípios apesar de, reiteradamente, ter afirmado que é nas freguesias que o "investimento", os gastos, tem maior retorno e onde existe maior ligação e preocupação com as populações.

 Quanto à ajuda na propaganda,que ele esperava do Professor Universitário, foi uma grande desilusão. Para além de ter tido uma longa intervenção, a falar de muita coisa que nada tinha a ver com a Lei sobre a Reforma Administrativa, acabou por tirar uma conclusão que, objectivamente, contrariava os "objectivos da Anafre.Os Autarcas, tem reiteradamente afirmado, que são pela reforma, mas não por esta, porque não é decidida pelas populações. A conclusão, que o Professor evidenciou, é que as únicas reformas feitas nas autarquias, foram sempre concretizadas em regimes ditatoriais, ou revolucionários os contra revolucionários, ou seja, os interesses instalados, nunca aceitaram reformas a não ser pela força. Estamos exactamente na mesma situação, Portugal perdeu a autonomia, vivemos em Estado de Excepção, a Troika manda e vamos ter reforma, ainda que incompleta.

Finalmente, quanto às intervenções dos Autarcas Socialistas, voltaram a demonstrar que a estratégia...é não ter qualquer orientação definida. Como não está em questão o Município, a Presidente da Câmara, o Presidente da Assembleia e o representante do Sobralinho, ainda que criticando a necessidade da reforma, para o qual, fizeram aprovar Moções, nas Assembleias de Freguesia e na Assembleia Municipal e terem aplaudido as intervenções contra o Governo e a Troika, acabaram por apelar para que, agora, se faça a discussão sobre a integração ou extinção de freguesias, tendo em conta, que a lei já foi promulgada pelo Presidente da República.

 Estávamos em Alhandra mas, apesar da crítica que fiz, não foi assumido pelos autarcas presentes, qual a posição que vão defender, para que a nossa freguesia não seja anexada. Alhandra, São João dos Montes e o Sobralinho, podem e devem constituir uma grande Autarquia. Todavia, como a Freguesia de São João dos Montes, não está em risco de extinção, será preciso discutir, politicamente com eles, para os persuadir, que tem mais a ganhar,do que a perder, com a integração numa nova Autarquia.

sábado, 19 de maio de 2012

Notas Dispersas, Sobre Opiniões De Outras Pessoas.


Primeira nota:
Acabei de ver, na SIC,a excelente entrevista que deu o Prof. Alexandre Quintanilha. Do muito que falou sobre ciência, de Física, matemática e Biologia, que nos fascina, retive a sua afirmação, de que, mais importante que transmitir conhecimento cientifico, é fundamental desenvolver nas pessoas e nos alunos, a curiosidade sobre o futuro e a apetência por questionar os factos, tal como nos são apresentados. Sobre o comportamento da generalidade dos portugueses, refere que continuamos sempre a chegar atrasados, não cumprimos no tempo determinado o que temos a responsabilidade de fazer, damos desculpas por tudo o que não fazemos e nunca assumimos a responsabilidade.
 Sobre a situação actual portuguesa e sua principal preocupação, assume que é possível e desejável diminuir as desigualdades sociais, tendo em conta que Portugal é, não só, um dos países da Europa em que a diferença entre os ricos e os pobres é maior mas, também, em comparação com muitos outros países do Mundo. Em suma, o Professor, fez um conjunto de afirmações que merece reflexão, fazem parte das minhas preocupações há muitos anos e, também por isso, só posso agradecer e ser solidário. Homens como este, sim, são a ELITE!

Segunda Nota:
Vi hoje, Domingo, o programa Expresso da Meia Noite, da SIC, sobre o Prémio Pessoa. Todos os quatro oradores, já ganharam o respectivo Troféu. São, inquestionavelmente, intelectuais reconhecidos nas áreas cientificas, respectivas. Gostei de ouvir as dissertações, que cada um fez sobre o que melhor conhece ou do que mais gosta de falar. Todavia, o que retive, foi uma afirmação do Prof. Lobo Antunes, de que, os portugueses, são tão bons como os melhores de outros países. 
Ainda que não partilhe de tal opinião, pergunto: se é verdade que somos tão bons como outros povos, porque então continuamos na cauda da Europa em termos de desenvolvimento cientifico,económico e social? A Fazer fé em tal afirmação, só posso concluir, que  a grande desigualdade social que sempre temos vivido, é da responsabilidade da pretensa Elite que, ela sim, vive acima das suas posses à conta de todos nós e, que, no espaço de um quarto de século, já obrigou a três intervenções do FMI, para evitar a banca rota!

Terceira nota:
Na semana passada, tive a feliz oportunidade de assistir, a mais um excelente programa da SIC, com Ana Lourenço, Sobrinho Simões e António Barreto. Mesmo sabendo, do ódio de estimação que muitos portugueses tem por António Barreto, não perco uma oportunidade, de ver falar um dos grandes sociólogos do nosso país e um dos melhores e mais honestos intelectuais. Naturalmente, nem sempre concordo com as suas ideias. Contudo, devo reconhecer, que ele e Pacheco Pereira, são dos poucos intelectuais que abordam, com objectividade e sem meias palavras, os problemas do mundo do trabalho e a desigualdade social gritante, em que vivemos mergulhados. Ambos tem um "defeito", dizem verdades que as pessoas não gostam de ouvir.
 No último programa, depois de ter analisado vários aspectos da situação portuguesa, decorrente do Memorando da Troika, António Barreto afirmou: "vou dizer uma barbaridade mas, na verdade, não há uma estratégia política para Portugal, nem da parte do Governo, nem das oposições, limitam-se a acompanhar os acontecimentos.
 Por seu lado, Sobrinho Simões, após ter discorrido sobre a situação das Universidades, do ensino e dos efeitos da austeridade, não teve problemas em afirmar que, muitos dos cursos superiores foram apenas um negócio, que muitas licenciaturas não tem qualquer valor e o conhecimento curricular e cientifico de muitos alunos e Licenciados é medíocre. Para concluir, afirma não ter dúvidas de que, o nível social que tínhamos, assim como os outros países europeus, não voltará a repor-se. A Europa já não é o centro do Mundo! Não posso estar mais de acordo com os dois, são opiniões que tenho assumido, por escrito ou em debates.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Muito Ladram os Cães...Quando Acorrentados!



Esta semana, o desemprego atingiu novo recorde. Com a tomada de posse do novo Presidente Francês, toda a gente começou a falar de crescimento económico e emprego, inclusive, o actual Governo. Uma nova sondagem, aumenta a simpatia pelo PS e diminui em relação ao PSD. O Jornal o Público, acusa o Ministro Miguel Relvas, de pressão e chantagem, para não ser publicado novo artigo sobre as Secretas. Duarte Lima, um dos antigos expoentes do poder laranja e próximo de Cavaco, saio da prisão e foi passar férias para casa. Poderia continuar a referir mais factos, que reflectem, como o Povo Português foi enganado nas últimas eleições e como os vários protagonistas, do derrube de Sócrates, são recompensados pelo poder actual.

Perante estes factos, seria natural, que as televisões não generalistas abordassem e discutissem, em horário nobre, todas as consequências políticas, particularmente, com o principal partido da oposição, o PS. Todavia, apenas tinha-mos "os cães a ladrar", para satisfação dos "ladrões". Ainda que reconheça, que os Directores de informação, de cada Televisão, tenham o direito de escolher quem querem nos seus programas, há regras de pluralismo que devem ser respeitadas. Mas...como agora o PCP e os seus funcionários políticos, já não vão protestar a todos os locais onde vai o Primeiro Ministro, como faziam com José Sócrates. Mas...como o Nogueira perdeu a oportunidade de liderar a CGTP e ficou zangado, já não tem vontade de convocar os professores para exigir a mudança de políticas e de Governo, apesar de nunca ter havido tantos professores no desemprego. Agora estão "acorrentados" ao poder que ajudaram a eleger!

Tivemos, assim, debates cordatos, na SIC entre o PCP e o CDS, na RTP entre o PCP e o PSD e na TVI PCP e PSD!!! Tudo em horário nobre! É Verdade...mais tarde...houve "colóquio" entre o PS e o independente do CDS. Do que tive oportunidade de ver, parte final, discutiam futebol. Manuel Alegre, defendia a sua Académica, Bagão Félix, citou parte de uma Encíclica Papal...com a assentimento do interlocutor, ainda que expressando maior simpatia por outra! São tantos os porta vozes do PS, que não sei quem é responsável por acompanhar e "pressionar" os média, para que haja pluralismo e, naturalmente, respeito pela opinião do principal partido da oposição. Atenção...António José Seguro...os adversários também estão dentro do Partido.

Como parece que o nome de Sócrates e "todos os crimes" que cometeu, já não tem audiência, Ricardo Costa...teve que fazer o Expresso da Meia Noite, a falar de Pessoa...Naturalmente, é sempre um tema importante para a História e Cultura Portuguesa. Mas...como os temas de actualidade, contrariam tudo o que ele e os seus "especialistas" de economia e política andaram a dizer...é melhor aguardar para melhor pode mudar de agulha.

Assim vai o nosso Portugal. Depois do maior ataque aos trabalhadores e aos seus direitos, desde os anos sessenta,paradoxalmente ou talvês não, o PCP, é "reconhecido" como interlocutor do Governo. Agora, que os cortes já foram concretizados no mundo do trabalho, quando o Governo oscila e cede perante os interesses instalados, os "nossos queridos comentadores" esquecem a política e passaram a comentadores desportivos. Durante semanas, tudo irão fazer para o Povo esquecer os escândalos, corrupção e o aumento das desigualdades sociais. Entretanto, os condenados não vão para a prisão, os acusados vão saindo, o branqueamento de milhões continua e...não há maneira de voltar a ver "os justiceiros" de Sócrates...a protestar nas televisões!


A culpa de tudo isto é nossa. Ainda não quero acreditar, como muitos escrevem e afirmam, que a situação em que vivemos, nada mais é que a consequência dos negócios e acordos das sociedades secretas, discretas e afins, onde todos se encontram e fazem os seus negócios, na mais discreta solidariedade...


sábado, 12 de maio de 2012

Seguro Ganha Autoridade, Diz Não A Mário Soares!

Foi a luta pela consolidação da Democracia e a defesa da entrada de portugal na CEE, protagonizadas por Mário Soares, que me incentivou a filiar no PS, após profunda reflexão sobre o Marxismo Leninismo. Desde então, apesar de nunca ter conversado com ele, considero-me um Soarista. Não por seguidismo nem por reverência à sua personalidade mas, principalmente, pelas suas ideias e a coragem de as assumir, como foi o caso da sua primeira candidatura a Presidente da República, a qual apoiei desde o início.

Apesar desses factos, não é a primeira vez que tenho opinião contrária à sua. Todavia, face à sua experiência política e conhecimento da História, sempre que discordo ou não compreendo o alcance das suas palavras, sinto-me na obrigação de reflectir, sobre as questões que ele aborda.
 Aconteceu assim, recentemente, quando decidiu apoiar as posições de Vasco Lourenço, de não comemorar o 25 de Abril na Assembleia da República. Depois de procurar um eventual enquadramento válido e de várias discussões políticas, assumi uma posição contrária e critica de Mário Soares.

Esta semana, Mário Soares, primeiro no seu artigo no DN e depois na entrevista ao Jornal i, volta a assumir posições políticas, que me surpreenderam profundamente. Defender que o PS, se deve desvincular do acordo com a Troika, porque houve modificações no Memorando, só pode contribuir para agravar a crise em que o país se encontra.
 Significa, objectivamente, deitar por terra a credibilidade que o país foi  adquirindo, progressivamente, perante o FMI, BCE e UE. Ou Mário Soares tem informações que mais ninguém possui ou, então, está a assumir uma posição política, em contradição, com a responsabilidade como no passado dirigiu o país.

Todos sabemos, quanto é grande o prestígio e, ainda, a influência política que Mário Soares tem no país e, principalmente, nos militantes e muitos dirigentes do Partido. Ao assumir a defesa da rotura com o Memorando, mais não fez do que dar cobertura, a todos quantos discordam de António José Seguro e criticam a sua forma de fazer oposição, ao actual governo.

 Posso admitir, que o seu desígnio era criar espaço ao PS, para poder contabilizar algum do descontentamento e protesto, contra as graves medidas do Governo. Contudo, o que vimos de imediato, foi o apoio de Francisco Assis à sua tese quando, até agora, tinha mantido o apoio às posições de A.J. Seguro e assumindo a manutenção do compromisso com a Troika, que ele tinha defendido, enquanto líder parlamentar. 

Posteriormente, um grupo de deputados vota contra a orientação do líder parlamentar, violando a disciplina de voto e, Vieira da Silva, critica Seguro, por falta de liderança. Se tivermos em atenção, que vários dos deputados, que furaram a disciplina de voto, foram membros do Governo ou tiveram grandes responsabilidades no partido, quando Sócrates negociou e aprovou o Memorando, este facto é, no mínimo, incompreensível. 

Mais incompreensível e, na minha opinião, inadmissível, é o facto de todas aquelas atitudes políticas e as de muitos comentadores, que diariamente nos mentem com total impunidade, só terem aparecido, depois do Governo ter retirado direitos e regalias ao mundo do trabalho, "destruído" o Código do Trabalho,
e pouco ou nada ter feito, para acabar com os interesses instalados, que capturam o Estado! 

 Será, que para estas pessoas, o problema de Portugal, começa e acaba na a dita classe média? E os milhões de trabalhadores, que ganham o salário mínimo ou pouco mais, e que na prática já não lhe reconheciam direitos  sociais e económicos, não contam? Este esquecimento...pode sair caro ao regime democrático! Quando será, que se assume com frontalidade, que o problema de Portugal não são os trabalhadores, mas antes, as Elites que nos governaram e os que dirigem as empresas e o país?

Tenho plena consciência, que o Governo está, progressivamente, a destruir o Estado Social. Sou vítima, como muitos outros portugueses, das medidas de austeridade. Penso, que pouco ou nada contribuí, para a situação em que o país se encontra e "paguei o preço", de lutar contra a corrupção. Todavia, considero meu dever, apoiar as medidas que permitam Portugal sair do "Estado de Excepção" e recuperar a plenitude de um Estado de Direito Democrático e Social. 

Em síntese, dentro do actual contexto, continuarei a apoiar António José Seguro e a sua orientação política, que uma grande maioria dos militantes aprovou no último Congresso. Consequentemente, saúdo e apoio as posições que o Secretário Geral do PS assumiu, quer sobre o 25 de Abril, quer sobre a não rotura do Memorando!


domingo, 6 de maio de 2012

A Vitória De Hollande Em França E A Derrota Dos Socialistas Na Grécia, Tem Algo Em Comum?




A vitória  de Holande em França e a derrota dos Socialistas na Grécia, tem algo em comum? Certamente. Se juntarmos a estas duas eleições, a derrota dos conservadores ingleses à poucos dias, a situação em que se encontra Passos Coelho, passado um ano após ser eleito e, particularmente, o governo de direita de Espanha, eleito à meses, conclui-se que há um denominador comum. 

Todos os governos, de esquerda ou direita, que tem liderado nos últimos anos os seus países, são derrotados nas eleições. Passados meses, após o acto eleitoral, os governos recentemente eleitos, já estão a sofrer uma contestação social generalizada e revelam incapacidade de superar as crises, dos respectivos Estados.

Perante estes factos, como socialista,  considero que foram indiferentes os resultados? Não. Sinto alegria e uma dose contida de esperança, pela vitória de Hollande, para novo Presidente da República Francesa. Como afirmou A. J. Seguro, na sua mensagem de felicitações, a vitória de Hollande traduz "uma lufada de ar fresco",mas apenas isso e sem saber, sequer,o que isso significa.

Enquanto os políticos não quiserem falar verdade, a dívida e a crise económica não começa a ser superada. Os dirigentes políticos, que acreditam no sistema político vigente na Europa, terão que afirmar que os cortes nas regalias e direitos sociais, são indispensáveis e incontornáveis., Os políticos, que dizem não acreditar no sistema mas, simultaneamente, são incapazes de apresentar sistema alternativo, deveriam assumir, que já 
não é mais possível reivindicar benefícios sociais, mas apenas lutar por melhor distribuição da riqueza produzida.

Acredito, que me possam considerar um louco e um idealista. Sei, que fazendo afirmações deste tipo, perante quem não se interessa pela política, que abomina os políticos e que só se move pelos seus interesses, imediatamente me rotulará de fascista ou outros nomes equivalentes. Compreendo e não os condeno por isso. 

Os responsáveis, são aqueles que desbarataram centenas de milhões de contos, que deveriam servir para modernizar e industrializar o país, mas foram gastos, em grande medida, em obras de fachada para enriquecer os construtores civis e os interesses instalados e alimentar  o povo de ilusões, de  que tudo teriam, sem grandes esforços.

 Foram, ainda, todos os que nos governaram depois da redução dos fundos comunitários, que continuaram a fazer obra como se fossemos um país rico e, simultaneamente, a esconder das pessoas que os gastos que o Estado, as empresas e as famílias estavam a fazer, incitadas pelos bancos, era com recurso a crédito, por não produzirmos ou exportarmos, para compensar o que importávamos e gastávamos. 

Quando, pela primeira vez, José Sócrates, fez alguns cortes e desencadeou uma forte reorganização do Estado, caiu-lhe tudo em cima. Os interesses instalados, que não queriam ser prejudicados nas suas benesses e regalias, tentaram tudo para sabotar. O povo, alimentado de promessas e ilusões por todos os oportunistas, não queria abdicar de qualquer subsídio, impunidade no trabalho, ou serviços junto de casa, a qualquer hora.

Contudo, dirão alguns, o que é que estes últimos factos, tem a ver com as eleições em França, Grécia, Inglaterra ou outros? Tudo se relaciona. Os acontecimentos políticos, económicos e financeiros, em que quase todos os países da União Europeia se viram envolvidos, desde o fim do século passado e, particularmente, desde 2008, derivam dos mesmos problemas. 

Admitir, que o novo Presidente da República Francesa, apesar de ser um dos grandes países da Europa e o principal fundador da U E,  pode alterar as regras do Tratado, manter o seu Estado Social e contribuir para ajudar a sair da crise, Portugal ou outros países, ou reflecte ignorância, ou é pura demagogia, de quem se recusa a ver a realidade do Mundo actual.

Sem me alongar em considerandos, é para mim indiscutível, que actualmente há quatro realidades incontornáveis e que tudo condicionam: O capital financeiro, define os seus interesses e decide o destino do mundo, os políticos limitam-se a executa-los; As fábricas, que produzem para  todo o mundo estão na Ásia, particularmente, na China e na Índia e, consequentemente, as centenas de milhões de postos de trabalho foram criados lá; O mundo ocidental, particularmente a Europa, deslocalizou dezenas de milhares das suas fábricas, perdeu dezenas de milhões de postos de trabalho e, naturalmente, diminuiu a riqueza produzida.
A globalização, liderada pelo neoliberalismo conservador, como braço executante dos mercados financeiros, alterou radicalmente a relação de forças entre as potências mundiais, modificou as relações entre o capital e o trabalho dentro de cada país e, teve como consequência, aumentar as desigualdades sociais, apesar de nunca se ter produzido tanta riqueza no mundo.

Perante estas realidades, o que vai Holande poder fazer? Muito pouco. Só uma União Europeia forte pode lutar, no actual contexto internacional,por modificar as relações de força. Todavia, antes tem de reconhecer, que já não pode viver como no passado, quando era o principal produtor e exportados do mundo. Tem que se entender, que sem nova industrialização não haverá trabalho para milhões de desempregados, não haverá riqueza para pagar as dívidas e, particularmente, para manter o Estado Social Europeu.

 Porém, em vez de se esforçarem pela unidade europeia, quase todos os países criticam ou condenam a Alemanha, quando a realidade nos demonstra que a crise não passa por lá, que quando foi necessário reformar e cortar regalias não regatearam, que continuam com a economia e as finanças fortes, o trabalho é dos mais produtivos do mundo e, ainda, é um dos países com menores desigualdades sociais.

Em síntese, haverá mudanças, quando alguma das actuais realidades se alterarem, quando acabar os nacionalismos europeus, os quais, na maioria dos casos, vivem de saudosismo de antigos impérios e, principalmente, na esperança de conseguir manter "estatuto" das pretensas elites, à custa da miséria do povo e dos empréstimos que vão conseguindo...dos Alemães!