Os cortes de benesses nas elites e nas camadas sociais instaladas, é inconstitucional? Admito! E as condições criadas para os trabalhadores, em particular para os jovens que entram no mercado de trabalho, ou os que perdem o emprego, estão conforme a constituição? Porque se condena apenas o corte das benesses? Não havia e há razões objectivas, estudos indesmentíveis, que classificam Portugal, como o país da União Europeia, onde a desigualdade económica e social é maior? Porque não discutir desigualdades chocantes, como a que hoje foi revelada, de que 5% dos pensionistas e reformados, arrecadam 40% do "bolo", ou seja,do valor total das reformas e pensões?
O Relatório do FMI, tal como já aconteceu com o Memorando da Troika, provocou uma espécie de levantamento nacional, promovido pelo "Quartel General" dos interesses instalados. De tudo que vi e li, criticando o relatório, o que mais ressalta nas justificações, é a eventual inconstitucionalidade das medidas sugeridas. Como seria previsível, os protagonistas são os mesmos do costume: BE, PCP, PS, Cavaquistas, Democratas Cristãos, Sindicatos e alguns representantes das Entidades Patronais. Todavia, desta vez apareceram altas figuras do "Quartel General" dos interesses instalados: António Arnaut, ex Grão Mestre da Maçonaria e Mota Amaral, da Opus Dei.
Quero no entanto realçar, que houve pessoas que assumiram dar a cara, pela defesa das reformas sugeridas. Do que tive conhecimento, destaco: Vital Moreira, Helena Garrido, Luís Pais Antunes, José Ferreira Machado e Silva Lopes. Com palavras diferentes, todos convergem na necessidade de discutir o Relatório e na inevitabilidade da aplicação de várias das medidas sugeridas, porque o actual Estado social é insustentável. Devo ainda assinalar, que afectos ao PS, Maria João Rodrigues e Francisco Assis, assumiram a necessidade da discussão e abertura para a implementação de algumas medidas, contrastando com as posições de António Costa, que navega em todas as direcções à procura de apoios.
Sou um defensor, convicto,do Estado Democrático e Social e tenho reafirmado a necessidade da sua consolidação, ao longo da minha vida social, sindical, autárquica e política.Porem, não posso aceitar o actual sistema como justo pois, já há muitos anos que deixou de ser um sistema social para os utentes e beneficiários, para se transformar numa organização ao serviço dos seus funcionários, dirigentes, políticos inactivos e amigos de todos eles.
Defendo um Estado Social, para permitir a redistribuição da riqueza, não para manter ou aumentar as desigualdades sociais, que nos tem mantido na cauda da União Europeia. Reivindico um Estado Social íntergeracional, e não um sistema que favorece uma minoria de aposentados e reformados, que privilegia as benesses dos instalados, à custa dos impostos de todos nós, particularmente, dos que entram no mercado do trabalho.
Helena Garrido, em convergência com a minha opinião, ousa afirmar, em Editorial no Jornal de Negócios, que as medidas sugeridas no Relatório do FMI, vem dar razão a Sócrates, pelas reformas que quis impor, no seu primeiro governo.Como escrevi, em anteriores artigos, algumas foram muito criticadas, ou impossibilitada a sua concretização, pelos mesmos que já sabotaram a implementação do Memorando e, agora ,condenam o Relatório: os beneficiados com reformas douradas, as corporações que capturaram o Estado, isto é, Maçonarias, Opus Dei, Organizações Secretas, discretas e afins!
As condições sociais em que vive a generalidade dos portugueses.A situação dos operários e trabalhadores manuais, que vivem com o salário mínimo ou até inferior. As centenas de milhar de desempregados, muitos dos quais sem esperança de voltar a poder trabalhar. A precariedade laboral trabalhadores, entre os quais os jovens licenciados, que começaram a trabalhar nestes últimos anos, com salários ou vencimentos de metade ou um terço, dos funcionários que foram substituir, nada preocupa as elites e os instalados no sistema. Todas estas pessoas, só podem ficar revoltadas, ao ouvir a actual contestação às reformas do Estado, enquanto as desigualdades de que são vítimas, são omitidas.
Tem-se visto as mais variadas teses de demagogia, contra os cortes nos vencimentos e nas pensões mais elevadas, vinculadas pelos média, particularmente pelas televisões. Porém, a dar crédito ao que foi publicado pelo Jornal O Sol, os adjectivos de critica e condenação do OGE, contidos no pedido de fiscalização sucessiva do Orçamento, ultrapassam o que é admissível ser dito ou escrito, por um Presidente da República!
Com que direito, qual a ética republicana, com que crédito de transparência é que Cavaco Silva, e os dois presidentes que o antecederam, criticam, condenam e sabotam, objectivamente, as reformas necessárias para sairmos da dependência da Troika, quando eles tem altas responsabilidades na situação a que o pais chegou, ainda que fosse apenas por omissão?
Porque anda grande parte da elite, particularmente os intelectuais, a criticar o FMI e a Troika, acusando-os de "incompetentes e funcionários de segunda ordem", quando foi a elite portuguesa a responsável, por perder-mos a independência financeira e, no espaço de três décadas, terem levado o pais à "banca rota"?
Porque, como já escrevi algumas vezes, a elite nacional NEM SABE GOVERNAR, NEM DEIXAM QUE NOS GOVERNEM...MAS TEM SABIDO GOVERNAR-SE!
Nota: Após a crítica de alguns amigos, à forma como estava escrito alguns parágrafos, entendi corrigir o texto, ontem publicado, mas sem alterações de conteúdo.
Nota: Após a crítica de alguns amigos, à forma como estava escrito alguns parágrafos, entendi corrigir o texto, ontem publicado, mas sem alterações de conteúdo.