terça-feira, 13 de novembro de 2012

A Hipocrisia E O Cinismo Das Elites portuguesas!




A hipocrisia e o cinismo das elites políticas, empresariais, académicas e outras, da sociedade  portuguesa, começa a ser insuportável, em tudo o que diz e faz. É verdade, que há muito tempo, se vem afirmando que a situação política, económica, social, de fraco desenvolvimento e agora de excessivo endividamento, é da responsabilidade da elite. Tal facto, indiscutível para quem estuda e acompanha a realidade portuguesa, é reconhecido, inclusive, por alguns destacados membros da elite que nos tem governado.

 A sorte deles e o azar do povo português e de portugal, é que a generalidade das pessoas ainda não o compreendeu, e anda a lutar contra "fantasmas", erigidos em inimigos, em vez de lutar contra o "Quartel General" dos interesses instalados, composto pelas Maçonarias, Opus Dei, Organizações secretas discretas e afins, as quais, capturaram os partidos políticos e o Estado!

Para melhor compreensão, analisemos os comportamentos das elites, apenas a partir do primeiro governo de Sócrates. Todos nos recordamos, da violenta campanha contra as reformas na educação, saúde, justiça e simplificação da burocracia estatal. Julgo hoje ser incontestável, para a
generalidade dos portugueses, que as reformas agilizaram os procedimentos, geraram melhor aproveitamento das infraestruturas, permitiram concentração de serviços dispersos e inoperantes e, acima de tudo, melhor aproveitamento dos recursos humanos abrangidos.

Porem, foi necessário enfrentar a fúria das corporações.  Nos professores, acabou-se com largas centenas de delegados e dirigentes sindicais, que foram obrigados a voltar a dar aulas. Reorganizou-se as turmas, as matérias leccionadas, o parque escolar e foi imposto a avaliação profissional,  entre outras reformas.
 Na saúde, diminuiu-se e atacou-se as variadas "quintas", nas quais, os serviços públicos estavam, de facto,organizados de acordo com os interesses da corporação, das clínicas e hospitais privados. Como consequência, eram sobrecarregados os custos do Serviço Nacional de Saúde e subaproveitadas as infraestruturas e serviços dos mesmos.
Na Justiça e nos Tribunais, combateu-se a dispersão e a manutenção de tribunais que tinham poucos processos, mas recursos humanos excedentários. Acabou-se com o regime de férias especiais, três meses. Procurou-se acabar com o sistema reinante, em que os juízes, advogados e funcionários decidiam como, quando e quais, os processos avançavam para julgamento, sem ter em conta as leis e as prioridades de entrada dos processos, além doutras medidas.

Como as reformas tinham implicações noutras corporações, como seja a diminuição da construção civil, menor compra de equipamentos e prestações de serviços, para o estado e Autarquias, foram atingidas muitas empresas "monopolistas" dos respectivos sectores, os quais se juntaram à "rebelião".

 Sob a batuta do PCP, e a colaboração do BE, generalizou-se a contestação, com alguma participação das populações, que desconheciam a desorganização reinante e estavam receosas de perda de direitos, como resultado de uma campanha de intoxicação dos órgãos de comunicação social, instrumentalizados pelas corporações e pela mobilização da CGTP.

Um dos melhores ministros caiu, o governo ficou fragilizado e acabou por perder a maioria absoluta,nas eleições seguintes. De realçar, que toda esta campanha teve a participação de altos dirigentes do PS, publicamente assumidos como membros da Maçonaria, porque, soube-se (?) posteriormente,  Sócrates não os levou para o governo, nem aceitou manter os seus interesses corporativos.

Entretanto, como consequência da crise do sistema bancário, dos Estados Unidos da América, a Europa entrou no turbilhão das falências bancárias, seguida de queda da economia e entrou, também, na cadeia da usura, do roubo, que o sistema financeiro logo criou, a pretexto das dívidas soberanas. Sócrates, como outros dirigentes europeus, recomeçaram com investimentos públicos, incitados pela Comissão Europeia, para evitar o aumento do desemprego. Recordo bem, que tais medidas, tiveram o apoio da Esquerda à Direita.

Porem, como a principal razão da crise era a perda de competitividade do Mundo Ocidental, particularmente da Europa, quase de imediato começaram a ter relevância pública, os famosos PECs.
Como sabemos, as medidas dos Planos de Estabilidade e Crescimento, tinham por objectivo diminuir o deficit das contas públicas, o que implicava a reorganização de largos sectores do estado e das Autarquias locais. Novamente, as elites e os interesses instalados, reagiram da Esquerda à Direita, inclusive do PS, que dirigia o Governo. Ninguém queria aceitar as medidas, o PEC IV não passou, Sócrates caiu e Passos Coelho entra em cena, depois de ter ganho as eleições, com propostas políticas e económicas, contra as medidas defendidas por Sócrates.

É interessante recordar, que vários elementos das elites, comodamente instalados e remunerados através de várias fontes, foram afirmando, publicamente, inclusive perante as câmaras de televisão, que, atendendo à crise, até aceitavam  cortes nas suas reformas (douradas) ou nos vencimentos (principescos), face aos salários e vencimentos miseráveis do mundo do trabalho. Pois...mas a realidade é teimosa e, como diz o povo, a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima.

Ao tomar conta do "pote", Passos Coelho recomeçou, agravando, a aplicar as medidas que não deixou Sócrates executar. Imediatamente, a elite e os interesses instalados, que tinham contribuído para a sua vitória, em colaboração com o PCP e o BE, desencadearam novas  lutas contra as reformas que já estavam contempladas no PEC IV e foram desenvolvidas no Memorando da Troika. 

Por paradoxal que possa parecer, nenhuma organização política, sindical ou empresarial, quis publicar o conteúdo do Memorando. Porquê? Porque assim escondiam, que a maioria das medidas previstas, não eram contra o mundo do trabalho, mas antes, contra os interesses instalados no Estado, nas Autarquias, contra as corporações profissionais liberais, contra os oligopolios, de facto, na banca, nas telecomunicações, na energia etc.

Como seria expectável, as corporações,tudo fizeram, discretamente,para que as medidas que os deviam atingir, não fosse aplicadas, ou, que apenas fossem aparentemente. Simultaneamente, através da comunicação social, com a participação de "personalidades ilustres", alguns dos quais, anteriormente diziam aceitar cortes de regalias, tudo fizeram e fazem para  fazer passar a mensagem, de que, as poucas e irrisórias medidas contra os seus interesses, eram e são contra a generalidade dos trabalhadores e dos reformados, na vã tentativa de os colocar a seu lado.

Como consequência de tudo isto, e com o actual governo, cada vez mais vergado perante as corporações e, simultaneamente, pressionado pela Toika , para controlar as despesas públicas e reduzir o deficit opta, com cumplicidade absoluta, pela manutenção dos interesses instalados. O corte substancial dos municípios, a extinção do apoio financeiro às Fundações, a redução profunda dos Institutos, a reorganização e diminuição dos Altos Quadros do Estado, a diminuição substancial das rendas nas PPP e na energia, entre outras medidas, previstas no memorando, são abandonadas ou mitigadas, enquanto o Direito do Trabalho, foi completamente arrasado! 

Conclusão: o cinismo das elites continua a resultar e a sua hipocrisia não está desmascarada. Como eles impedem os cortes previstos, o deficit aumenta, e o Governo prepara-se para mais um corte, de quatro  mil milhões de euros, na saúde, na educação e na segurança social. O dinheiro que devia ser cortado às elites, para diminuir o deficit, vai acabar por ser pago por todos, quando o mundo do trabalho já perdeu todos os seus direitos e regalias e os seus baixos salários e vencimentos, nada contribuíram para a "banca rota". Não nos deixemos mais enganar. A Troika, não é o nosso inimigo, é o representante dos credores. o  verdadeiro inimigo dos trabalhadores e do povo português, é o "Quartel General" dos interesses instalados, Maçonaria, Opus Dei, Organizações secretas, discretas e afins!

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