sexta-feira, 14 de outubro de 2011

PROTESTAR OU REFLECTIR? REFLECTIR PARA SABER PROTESTAR!

(continuação)






A situação de dependência da UE, do BCE e do FMI, em que Portugal se encontra, deriva de vários factos históricos e acontecimentos recentes, externos e internos. Como hoje já é reconhecido, por quase todos os analistas e comentadores portugueses, pelo Presidente da República e pelos partidos de direita, que estamos perante uma crise sistémica do Euro e não apenas uma situação de crise interna, não me alongarei sobre os factos externos. Todavia, não posso deixar de salientar, que se continua a omitir a principal razão da crise da Europa, em particular, e do Ocidente, em geral.


O colapso da União Soviética, a queda do "Muro de Berlim", a transformação política da China e a consequente desintegração e extinção da generalidade dos partidos comunistas, é a consequência da vitória do Capitalismo à escala mundial. Como corolário desta vitória, a Globalização económica ganha amplitude, a desregulamentação generaliza-se e o capital financeiro toma conta do mundo, através da política neoliberal.


Os factos referidos, conjugando-se objectivamente, permitiram que todas as multinacionais e grandes empresas da Europa e da América, desviassem os seus grandes investimentos, através da deslocalização das empresas, para o Leste e, em seguida, para a Ásia, China e Índia entre outros. Sem qualquer receio de perda dos seus investimentos, pois no imediato deixou de haver qualquer alternativa ao capital no mundo inteiro, o mundo financeiro conquista dois grandes objectivos: lucros fabulosos nas regiões onde a mão de obra era comparativamente mais barata e, através da movimentação de milhões de trabalhadores, desvalorizou progressivamente os salários dos operários da Europa e da América.


A Europa, na qual nós já estávamos integrados, que até então fabricava produtos para os seus povos e exportava para todo o mundo, assistia agora ao fecho das suas fábricas, à falta de trabalho para as novas gerações, agravando-se ano após ano, enquanto ao mesmo tempo os trabalhadores mais velhos se reformavam ou eram despedidos. Actualmente, dezenas de milhões de pessoas na Europa não trabalham, não produzem riqueza e muitos vivem das reformas ou subsídios. Entretanto, os vários Estados estão cada vez mais endividados e, para evitar a banca rota, vão destruindo o Estado Social, criado ao longo dos últimos cinquenta anos. Como consequência, aumenta o número de pobres e excluídos, os rendimentos dos que trabalham são cada vez menores, ao mesmo tempo em que os ricos estão cada vez mais ricos e tornaram-se nos únicos decisores sobre o futuro das sociedades.











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