sábado, 10 de dezembro de 2011

FALAR...DE CÁTEDRA

Acompanho, com alguma regularidade, os artigos de opinião que o Prof. Viriato Soromenho Marques, publica no Diário de Notícias. Partilho de muitas das suas opiniões públicas, que conheço. Direi até, que tinha grande apreço e consideração, pela capacidade intelectual demonstrada, através das múltiplas actividades que desenvolve como cidadão.

Como reflexo da consideração e respeito antes referido, predispus-me a ouvir com toda a atenção, a entrevista que deu à SIC Notícias, na noite deste passado sábado.Fiquei surpreendido. Voltei a rever horas depois e aumentou a minha surpresa! Será, que ele, como Professor, ainda não encontrou, ou não quis assimilar o sábio princípio "quanto mais sei,mais sei que nada sei"?

A forma displicente como se referiu aos políticos, nacionais e europeus, que "apenas estudam em folhas de papel A4 e são incapazes de ler um livro", deixou-me perplexo. Todavia, a forma arrogante como se recusou a responder às ultimas declarações de Sócrates, gesticulando afirma, "não falo dessa personagem" afirmando de seguida, "estamos a falar de política não de..."(???), chocou-me! O Homem que liderou o país durante seis anos, não merece o mínimo de respeito? Será que pensa, que todos os políticos apenas tem o conhecimento e a cultura geral, como a generalidade dos estudantes universitários do 1º ano?

 Com o devido respeito, não posso deixar de afirmar que parte da sua intervenção foi, o que se chama na gíria popular, falar de Cátedra, colocar-se acima dos outros!
Ao longo da minha actividade política, que já leva meio século, conheci e discuti com muitos políticos, muitos dos quais sem formação académica, como era o meu caso até à idade de 55 anos,  que tinham conhecimento e cultura geral e uma biblioteca diversificada, que acredito, sinceramente, que faria inveja, senão provocar vergonha, a muitos homens e mulheres que se vangloriam dos seus títulos de " Prof. Doutor".

Apesar de ter ficado chocado com as afirmações antes referidas, não deixei de continuar atento ao desenrolar da entrevista. Assim, tive a oportunidade de voltar a constatar algumas convergências, com o seu pensamento. Segundo afirmou, e eu concordo, a eventual superação da crise económica e financeira, que Portugal e outros países europeus atravessam, só será possível se caminhar-mos para uma governação europeia política, económica e fiscal, ou seja, segundo a minha interpretação, constituir os Estados Unidos da Europa.

Entretanto, quando se tratou de falar na austeridade actual, não escapou a juntar-se à generalidade dos comentadores, e também usou a "cassete". Em Portugal e na Europa, as comunidades do saber, isto é, a dita classe média, não pode e não vai aceitar esta contínua austeridade, sem crescimento e sem criação de empregos novos, sem se indignar, ou até, sem se revoltar!

Quando será, que a generalidade da chamada classe média e grande parte da Elite portuguesa, compreende que o mundo se globalizou e que, apesar de muitas distorções dos acordos internacionais e das leis da concorrência em Portugal e na UE, que a concorrência existe?

Quando será que compreendem, que o mundo do trabalho tem sido desvalorizado há cerca de 20 anos, com a entrada de dezenas de milhões de trabalhadores na UE, e que agora, no fundamental, as reformas exigidas para a competitividade e combate do décite, passa pela desvalorização salarial dos serviços e redução drástica dos efectivos, excessivos,porque os sectores primários e secundários da economia, nuns casos diminuíram e noutros desapareceram para os mercados asiáticos e dos países emergentes?

Poderia ainda abordar, a "fúria" de muitos analistas, que se pronunciam contra a austeridade, os cortes nos vencimentos mais altos e nas pensões mais elevadas, mas que quase deixaram de falar nas "gorduras do Estado", no entanto, como o artigo já vai longo e não quero desviar do seu objectivo, ficamos por aqui, por hoje.

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