quarta-feira, 7 de maio de 2014

QUARENTA ANOS APÓS O 25 DE ABRIL, FORAM APRESENTADAS AS MAIS VARIADAS ANÁLISES HISTÓRICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS, MAS NÃO SE ASSUMIRAM RESPONSABILIDADES!

Segunda parte:



Uma das frases mais repetidas nos últimos tempos, em abono da defesa do regime, é que temos a maior e melhor geração formada de sempre. Os dados estatísticos não permitem ter dúvidas quanto à quantidade porém, quanto à qualidade, são vários os autores que colocam reservas àquela afirmação. Admitindo que possa ser verdade, algo parece não bater certo. Como entender então, que nos quarenta anos de democracia, o país já tenha caído em banca rota três vezes? Serão sempre, e só, razões externas?

 Tendo em conta que após o 25 de Abril, todos os partidos "defendiam" o Socialismo, de uma maneira ou outra, o que transformou o Estado "generoso", perante as lutas da classe operária. Admitindo que a crise do petróleo de 1973 teve impacto negativo, mesmo após a revolução. Aceitando que o regresso de mais de meio milhão de portugueses, após a independência das colónias, também constituiu um "fardo financeiro" para o país, apesar da ajuda internacional que se recebeu, até se poderá admitir, como um facto compreensível e justificado, a vinda do FMI em 1977.

Quanto à crise de 1983/85 haverá, como sempre em Portugal, "justificações" para tudo mas, parece ser indiscutível, que já então se repetiu o que os Romanos diziam de nós: nem sabemos governar, nem deixamos que nos governem. Bom...mas ainda não tinham começado a chegar os "comboios de dinheiro" da CEE, para investir no ensino e, por isso, ainda não  tínhamos quadros "bem formados" e como havíamos perdido os mercados garantidos das colónias, fomos à falência...para manter a vida sumptuosa de uma Elite preguiçosa, que se recusa a organizar e odeia tudo o que se relaciona com o trabalho!

Seria plausível, que a conferência entre ex Presidentes da República e os debates entre os mais variados ex governantes, sempre com muita presença da Elite universitária, que no mínimo dessem aos portugueses uma explicação convincente, objectiva, do descalabro de 2011, que iremos continuar a pagar durante mais vinte anos. Nada de concreto foi afirmado. Se um criticava o passado, outro respondia sobre o presente. Quando alguém analisava o presente, respondiam-lhe que apenas interessava o futuro. Todavia, quase todos e sempre chegavam a um acordo: a culpa da crise em que vivemos é da Troika, dos países do Norte e, particularmente, de Merkel.

Primeira questão: Como é possível aceitar como verdadeira a afirmação, de que temos a geração mais bem formada de sempre, se não souberam impedir a crise que nos levou à banca rota? Como compreender que a "geração mais bem formada", não conseguisse reorganizar a indústria, a economia e os serviços e torna-la competitiva, após a adesão ao Euro, apesar de se ter "investido" mais de três mil milhões de Euros na formação profissional e na modernização das empresas? Isto para não referir o escândalo do negócio "mafioso" das universidades privadas, algumas encerradas, outras sem qualquer crédito universitário, tendo contribuído, principalmente, para dar emprego e promoção social, aos ex governantes e políticos, distribuir "canudos" aos amigos e criar um exército de licenciados sem os conhecimentos que o país precisa.

Segunda questão: Como foi possível receber tanto dinheiro da União Europeia, para modernizar o país e não se consiga fazer frente, à primeira crise financeira e de competitividade, para termos caído na banca rota? Por efeito de maus investimentos? Pelo desvio dos fundos para obras faraónicas?Pelo efeito da corrupção? A Elite que participou dos debates nada nos explicou. Todavia, os portugueses vão sabendo dia a dia o volume da corrupção, desde os bancos aos submarinos, passando pelas autarquias, etc. Também muitos cidadão sabem que a construção dos estádios de futebol, do Centro Cultural de Belém, da casa da música e da sede da Caixa Geral de Depósitos, entre outras, foram construções megalómanas, que arrasaram os cofres públicos. 

Dos investimentos...sabe-se que se construiu instalações para distribuição de água e tratamento de efluentes, para uma população de 40 milhões de pessoas. Edificou-se centenas de escolas, tribunais, pavilhões, piscinas, etc e hoje estão abandonados. E...que dizer do excesso de auto estradas hoje quase vazias, do metro do Porto e da margem sul, autênticos  cancros para os cofres da nação? Ninguém é culpado? 

A razão pela qual não discutiram a situação em que nos encontramos, é porque eles sabem que são os principais responsáveis e não o querem assumir. A quantidade de quadros dirigentes que vagueiam em tudo o que é organização do Estado, Forças Armadas e de Segurança, em Institutos Públicos, Observatórios, Fundações, Poder Autárquico Nacional, Regional e Local, Empresas Públicas e Municipais, constitui uma burocracia infernal, criou duplicações de organismos e funções e absorve, despudoradamente, grande parte dos impostos que os portugueses pagam e, ainda, dificultam a reorganização e desenvolvimento do país.

A chamada crise Portas, de Junho passado, representa o corolário da resistência à mudança e reforma do aparelho de Estado, no seu todo. A grande maioria das reformas, previstas no Memorando inicial da Troika, para reduzir substancialmente as despesas do Estado, foram sendo proteladas e substituídas por impostos, com o apoio explícito de todos os sindicatos e corporações e, silenciosamente, pelos poderes fácticos, ocultos. 

Quando muitos dos conferencistas até falaram em "crise de representatividade", sintomas de "degenerescência democrática" e provável "colapso do regime", porque não explicaram aos portugueses, a razão de nunca se ter feito a reforma administrativa e das funções do Estado, após décadas de promessas, criação de comissões e até nomeações de Ministros e Secretários de Estado com esse objectivo? Porque não querem assumir as suas responsabilidades e se consideram uma "casta" acima do comum dos portugueses.

A Democracia Portuguesa é cada vez mais formal. A representatividade dos partidos políticos, não chega a 40% dos eleitores. Os Órgãos do Estado tem credibilidade mínima. A corrupção está generalizada e atinge todos os  limites, parecendo não haver justiça no país. Em suma, o actual regime democrático está à beira do colapso. Porquê? Porque o Estado foi capturado pelo "Quartel Geral " dos interesses instalados: Maçonarias, Opus Dei, serviços e organizações secretas, discretas e afins. Enquanto não houver coragem para discutir os poderes fácticos, ocultos, e o controle que eles tem nos partidos políticos, não voltará a haver vida política partidária, representatividade eleitoral, participação política dos cidadãos e, consequentemente, verdadeiro Estado Democrático, de Direito e Pluralista.

Em Democracia todos os cidadãos tem direito a fundar ou participar em qualquer tipo de organização, desde que não defendam a luta violenta contra o regime. Nesta conformidade, nada teria contra as organização das Maçonarias, da Opus Dei, ou outras similares, desde que a sua actividade fosse pública, como acontece com a generalidade dos países ocidentais. Pelos estudos, reportagens e pela divulgação de listas por "infiltrados"(?) é possível conhecer cerca de três mil nomes pertencentes às  várias Lojas Maçonicas. 

Durante alguns anos era difícil compreender, porque determinados militantes dos partidos, eram sempre os escolhidos para os lugares de responsabilidade no partido, nas autarquias, no parlamento e para o governo. Também não se entendia, facilmente, a "mudança de cadeiras" nas empresas e institutos públicos, nos órgãos de comunicação social e até nas organizações desportivas de massas. Actualmente, tudo é mais fácil de compreender. As pessoas pertencentes às Maçonarias e Opus Dei ,controlam quase toda a sociedade portuguesa!




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