terça-feira, 11 de maio de 2010

CRITICA AO RELATIVISMO OU TENTATIVA DE REGRESSO AO PASSADO?

Na última semana, o J. M. Fernandes, ex Director do jornal Público, quis dizer ao portugueses onde se encontrava com Bento XVI! Ficamos a saber, que dizendo-se não crente, está de acordo com a Igreja, entre outras coisas, na critica ao relativismo.
Também há poucos dias, Pacheco Pereira, veio defender a critica ao relativismo através da identificação com as posições de Bento XVI.

Tive também a oportunidade, de assistir a uma conferência na Faculdade de Direito de Lisboa, cujo tema era a Laicidade do Estado. Os oradores que ouvi, todos Prof. Doutores, defenderam a necessidade do reconhecimento da pluralidade religiosa, afirmando mesmo que o Estado Português é exemplar nesse reconhecimento. Todavia, quanto ao pluralismo...só confecional pois, não há lugar para o ateísmo!


Em Dezembro passado, na época do Natal, o Cardeal Patriarca de Lisboa, ao mesmo tempo que valorizou a tolerância entre as várias religiões, desencadeou um ataque à sociedade materialista e aos ateus.


Poderia continuar a fazer referências a outras intervenções recentes, em particular a esta já de Junho, de mais um Pr. Doutor, chamado Carlos Santos.

Todas estas intervenções, fazem parte de uma " cruzada " contra todos aqueles que não professam qualquer religião, ainda que as criticas, surjam com o pretexto de condenar determinadas decisões governamentais e, particularmente, o P.M. José Sócrates.
Quando decidi começar a elaborar este artigo, tinha a intenção de o circunscrever apenas ao debate político e ideológico, por constatar um ataque a tudo o que foi símbolo ou sinónimo de progresso desde o Iluminismo.
Entretanto, certamente não por acaso, foi anunciado um manifesto político de cariz fascista, que pretende voltar a defender como princípios a família, a Igreja e a Pátria. Será, que os ataques que tem sido desencadeados, a pretexto do divórcio e do aborto, onde a Igreja católica, tem desempenhado papel relevante, tem algo a ver com o manifesto do novo partido?
Paralelamente a estes acontecimentos, apareceu também uma pretensa organização -partido pró norte - que reúne várias (??? ) tendências politicas, ou seja um partido regionalista, contra os actuais partidos.
O ataque descarado que tem sido movido contra os Partidos, o Governo, a Assembleia da república e os políticos em geral, não augura nada de bom. Pode e deve aceitar-se, que algumas criticas ao governo e ao sistema até seriam aceitáveis. Contudo, a maioria dos autores, não se preocupa em propor soluções alternativas dentro do sistema, mas apenas em tentar demolir o Governo e os políticos em geral, que acusam de serem os responsáveis pela actual crise, omitindo quase sempre a referência à crise internacional.
Perante estes factos, penso, que é o tempo dos homens e Mulheres que defendem o sistema democrático, passarem a acção na defesa da Democracia. Não se deve subestimar este movimento " subterrâneo " de ataque à Politica e aos Políticos. Há que discutir de forma transparente a crise económica e a forma de a superar identificando as causas, os responsáveis e os que foram ou/e continuam a ser os beneficiados.
Não se pode continuar a falar em reformas estruturais, que abrangem apenas o mundo do trabalho e os que não o tem, deixando intocável os privilégios das corporações, dos gestores e dirigentes que mantém remunerações e outras benesses, muito acima da média europeia, como tem sido continuamente denunciado e documentado em vários estudos e documentos.
Que o país tem necessidade de superar o défice, ninguém consciente e conhecedor da situação do país, pode negar. No entanto, paralelamente, ou, imediatamente a seguir, terá que ser feito as reformas indispensáveis, que permitam em primeiro lugar, a diminuição das desigualdades sociais existentes, sob pena,de cada vez mais portugueses, alinharem em qualquer movimento reacionário, contra o actual sistema politico!
Este artigo só foi publicado em 10/06/2010

Sem comentários:

Enviar um comentário