domingo, 29 de janeiro de 2012

Carvalho Da Silva, CGTP E Suas Responsabilidades



A realização do Congresso da CGTP, que ocorreu em Janeiro, levanta algumas questões que merecem reflexão. Uma, a eleição de um ortodoxo, para Secretário Geral. Outra, os rasgados elogios, que as mais várias personalidades políticas e empresariais, jornalistas e meios de comunicação social, fizeram a Carvalho da Silva. Finalmente, a omissão da responsabilidade, que também a CGTP/PCP tem na situação em que o país se encontra e, particularmente, nas desigualdades económicas e sociais existentes, dentro do mundo do trabalho.

A eleição esperada e programada do ortodoxo Arménio Carlos, traduz a derrota das correntes políticas e sindicais minoritárias, dentro da CGTP, acabando com as pretensões dos bloquistas. Significa que o PCP está disposto a correr o risco de "queimar" a central sindical, para tentar impedir que as medidas do governo na função pública, nas autarquias e no sector público, possam aniquilar os seus quadros sindicais e destruir a sua base social de apoio. Representa uma rotura com a "linha conciliadora" de Carvalho da Silva, apostando na radicalização das lutas políticas e sindicais, tentando capitalizar, ao máximo, o descontentamento social, por causa da política de austeridade, neoliberal, e ganhar espaço e apoio para obrigar o governo a manter o "statu quo".

Quanto aos elogios feitos a Carvalho da Silva, tem muitos significados. Desde logo, permite ao patronato que odeia organizações sindicais, afirmar que com ele era "difícil" fazer acordos, mas com a nova liderança nada será possível. Para os poucos empresários que temos, as declarações de apoio e respeito pelo Ex Secretário Geral da CGTP são genuínas, eles sabem que a retórica "comunista" de reivindicação e luta, acabava sempre por ir ao encontro dos seus interesses, desde que eles mantivessem os lugares e algumas benesses para os quadros sindicalistas.

Mais surpreendente, ou talvez não, são as tentativas de separar Carvalho da Silva do PCP, a glorificação da sua capacidade intelectual, que lhe terá permitido "impor" uma linha sindical própria. Agora, segundo outros, irá poder desempenhar o papel "de líder federador das esquerdas", como possível e desejado candidato à Presidência da República, comparando-o a Lula da Silva, mas ressalvando que este fora apenas operário, enquanto ele já é Prof Doutor!

Compreende-se, que os Bloquistas desiludidos, após a esmagadora derrota eleitoral, queiram um novo líder. É possível, que os "indignados da geração rasca", que apenas tem conseguido criar centenas de micro organizações, sem impacto na sociedade, pensem que o Carvalho da Silva os possa organizar, "pedindo" de empréstimo os quadros activistas da CGTP, para trabalhar, enquanto eles continuam a beber e a discutir o sexo dos anjos. Todavia, acreditar na capacidade de LIDERANÇA, de um homem que apenas aplicou e seguiu directivas, significa não conhecer como funciona o PCP e não compreender que não é possível orientar as esquerdas, com ideias e políticas que a história já condenou!

Quanto à omissão da responsabilidade da CGTP, só aparentemente não é compreensível. Desde logo, apesar de se considerar como a principal força sindical, não conseguiu ou não quis, impedir que a distribuição da riqueza produzida continua-se a aumentar para o capital, em prejuízo do trabalho. Depois, apoiando-se nas camadas mais esclarecidas e reivindicativas da sociedade, fomentou a defesa intransigente dos instalados, nas empresas públicas e na função pública, à custa dos trabalhadores e operários menos qualificados, particularmente, dos jovens que iam entrando para o mercado do trabalho, o que contribuiu para o aumento das desigualdades salariais e sociais.

Finalmente, recusou-se a negociar até ao limite, qualquer alteração da lei que permiti-se polivalência e, ou, flexibilização para os que tinham contratos ou acordos de trabalho, ao mesmo tempo que nada fez para que centenas de milhares de imigrantes não desvalorizaram os salários dos trabalhadores portugueses menos qualificados , sem direitos, enquanto apoiava os quadros, nas limitações que impunham à integração dos quadros imigrantes, e na generalização de estágios para Licenciados, como forma de atrasar a sua entrada na concorrência com as "corporações"

Perante estes factos, é natural que a "classe média", as "corporações" e os representantes do patronato, únicos com acesso aos meios de comunicação social,não sintam necessidade de referir tais omissões. Quanto aos trabalhadores, vítimas destas políticas sindicais, poucos já se interessam pelo sindicalismo e os média também não lhe dão importância.

A política sindical da CGTP/PCP, nunca serviu os interesses dos operários e trabalhadores menos qualificados. Para o conseguir, quando havia MILITÂNCIA SINDICAL, sabotou os Sindicatos Verticais de Classe, (método de organização de que sou autor, ainda que o caderno fosse publicado pelas edições "A Verdade"), permitindo que os quadros e trabalhadores de serviços controlassem os "Sindicatos dos Trabalhadores", isto é, os operários. Onde não tinham força ou maioria, fomentaram as Comissões de Trabalhadores, para melhor sabotar as lutas operárias e a sua organização sindical.

Foi esta política sindical da CGTP, dirigida por Carvalho da Silva mas sempre controlado pelo PCP, e a política deste partido "do quanto pior melhor", apesar de acabar sempre por defender aquilo que antes condenou, quer as alterações às leis laborais, quer as alterações à Constituição da República, que contribuiu para a crise em que nos encontramos, que continuemos na cauda da UE, que as chefias e as corporações da chamada classe média, tenha chegado a ter médias de vencimentos e regalias superiores à média europeia e os operários, trabalhadores menos qualificados e os jovens, tenham os mais baixos salários da Zona Euro, como provam vários estudos divulgados nos últimos anos.

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