sábado, 24 de março de 2012

Onde Começa E Acaba A Contra Informação Da Direita ?




Declaração prévia: não defendi nem fui solidário, com a última greve geral. Desde há muito tempo considero que, as greves gerais, são apenas para defender os instalados da classe média, fazem parte da estratégia do PCP, de quanto pior melhor, tem a participação consciente do BE e, ainda, a colaboração de alguns socialistas. Estes, sem formação ideológica e com memória curta, não querem compreender que o país está sob a tutela dos credores, e que o Memorando da Troika, é para cumprir.

Apesar da declaração prévia, respeito e defendo o direito à greve, como está constitucionalmente consagrado. Mesmo admitindo, que as últimas greves, tem o seu impacto principal no sector dos transportes, o que provoca prejuízos a muitos trabalhadores que querem ou são "obrigados" a trabalhar, e que normalmente é aproveitado pela direita para denegrir os direitos sindicais, na última greve, a estratégia foi outra.

Desde que a greve foi aprovada, a data da sua realização, foi praticamente omitida pelos média. Depois, no seu início, as televisões começaram por realçar um ou outro incidente, ao mesmo tempo que desvalorizavam a participação, quer através de imagens dispersas e desfocadas, quer fazendo a comparação com greves anteriores, quer ainda, entrevistando muitas pessoas que não participavam nem apoiavam.

Contudo, a manobra de contra informação, ainda não estava completa. Apesar de vários indícios, que a participação tinha ficado àquem das perspectivas da CGTP, o Governo decidiu não revelar o número de trabalhadores que aderiram à greve, com o objectivo de desvalorizar qualquer eventual polémica nos dias seguintes, sobre a quantidade de grevistas. Finalmente, através de uma outra pretensa manifestação, um grupo de pessoas, gerou pequenos confrontos com membros da CGTP, imediatamente aproveitado pelas televisões em directo.

Mas, como não fosse suficiente, o mesmo grupo continuou a manifestação até ao Camões e, então, sem razões aparentes, começou a violência da polícia contra as pessoas presentes e, estas, contra a polícia, ou seja, uma manobra orquestrada, conscientemente, por alguém! Imediatamente, as rádios e televisões passam a dar emissões e a fazer comentários em directo e, no dia seguinte, todos os jornais faziam manchete, sobre "a violência da polícia e mostravam uma ou outra agressão. Conclusão da manobra de contra informação: nos dias imediatos, não se voltou a falar da greve mas, apenas, das agressões e dos agredidos. A greve foi um não acontecimento, como o Governo pretendia, para o qual teve a colaboração preciosa dos órgãos da comunicação social, controlada pelo Governo e pelos interesses instalados da direita conservadora e simultâneamente liberal .


Como resultado da política do Governo, "ir além da troika", estamos a assistir ao maior ataque ideológico da direita, contra os direitos dos trabalhadores e dos reformados, desde o 25 de Abril. Perante a posição correcta do PS, que é de defender a aplicação do Memorando da Troika, seria de admitir, que Passos Coelho, Miguel Relvas e companhia, apenas concentrassem a luta política nos partidos e organizações, que estão contra o Memorando. Todavia, como entre as promessas que fizeram enquanto oposição e as medidas que tem tomado, há uma contradição total e os escândalos no Governo são contínuos, o objectivo principal da contra informação, é contra o PS.

Como todos sabemos, qualquer problema da actual governação, é sempre atribuído a Sócrates e ao seu governo, apesar de Passos Coelho, ter afirmado, que jamais justificaria os seus eventuais erros, com as políticas do Governo anterior. Contudo, após a privatização da EDP, inicialmente considerado um excelente negócio com os chineses, para dar cobertura ao escândalo das nomeações principescas, de Catroga e companhia, e a revelação dos seus contornos, a contra informação regressou.

Quando se tornou público, que o negócio abrangia a manutenção das rendas excessivas, que o Memorando da Troika impunha que acabassem, para que o preço da electricidade pago pelos consumidores, diminui-se, o Governo foi identificado como defensor dos grandes interesses instalados. Mais uma vez, para iludir a sua responsabilidade e manter o povo na ignorância, os média, particularmente o Público, Correio da Manhã, Expresso e as televisões, com o apoio zeloso de juízes e agentes do Ministério público, recuperaram os eternos processos de acusação contra Sócrates - Friport, Licenciatura entre outras acusações, deles falando todos os dias, escrevendo os mais disparatados artigos e, até, perseguição das suas deambulações por París, com direito a reportes para fazer directos especiais. Consequência da contra informação: as principais notícias do país é sobre Sócrates, como ele ainda fosse primeiro ministro e responsável pela situação actual. Ao mesmo tempo, os escândalos relacionados com a EDP e o Catroga dos "pintelhos obsecado por milhões, passam a segundo ou terceiro plano, para que o Governo não seja responsabilizado.


Nestes últimos dias, os portugueses tem assistido a um tão vasto conjunto de omissões, deturpações e mentiras, por parte dos governantes, sobre a eventual reposição dos subsídios de férias e de Natal, que começa a ser difícil acreditar, no que quer que seja, que algum ministro afirme. Por outro lado, sobre a execução do programa da Troika e do Governo, começa a ficar evidente, para quem acompanha a vida política, que o Gaspar, Relvas e companhia, tem cumprido e ultrapassado, nos cortes e nos aumentos dos impostos, para o mundo do trabalho e dos reformados. Porém, no que concerne às medidas contra as rendas excessivas dos monopólios naturais, à renegociação das PPP, á liberalização do mercado das profissões liberais, entre outras medidas, Passos Coelho, continua... a manter e a defender os interesses instalados. Para não variar e tentar esconder, a aliança da Governo com os interesses instalados, e com a direita conservadora e reacionária, desencadeia nova campanha contra o PS.

Porque, apesar de todos os esforços, a condenação do Sócrates, como responsável por todos os males do país, já não é suficiente para enganar o povo, começou por se inventar uma crise no PS. Identificaram o António José Seguro, com o anterior governo, para também o responsabilizar pelo passado, ao mesmo tempo que lhe foi feito, por Marcelo Rebelo de Sousa, um dos maiores ataques à sua personalidade e honorabilidade. Objectivos desta campanha: denegrir o PS e o seu secretário geral, insinuando que não constituem alternativa política; procurar fazer esquecer as políticas e as medidas reacionárias do Governo, nem que para isso, sejam escondidas as decisões do Governo,como foi agora o caso da suspensão das reformas antecipadas.

Em síntese: Apesar de admitir, que nem todas as medidas dos governos de Sócrates foram correctas, é indispensável fazer a defesa das reformas feitas, em particular, todas as que tinham por objectivo melhorar, racionalizar e aumentar a sustentabilidade do Estado Social, que o actual governo pretende destruir. Todavia, é urgente que se retire a tónica das criticas, aos pretensos erros de governação. É indispensável, cada vez mais, que se denuncie todas as medidas que vão além da troika.

A esquerda, principalmente o PS, deve desencadear uma luta ideológica, sem quartel, contra a maioria de direita que nos governa. Nada no Governo, está a ser decidido por acaso, faz parte da agenda liberal, que Passos Coelho apresentou antes das eleições. e que é sustentado pela esmagadora maioria dos governos europeus e veiculada pelos média, controlados pela direita liberal e, simultâniamente, conservadora e ainda, pelo capital financeiro internacional.

Como a situação que nós vivemos é comum à maioria dos países europeus, é fundamental, que os Socialistas Europeus, no seguimento do que fizeram no último encontro, formulem um programa político, com medidas concretas mas, também, definam um conjunto mínimo de princípios ideológicos, susceptiveis de modernizar e tornar competitiva a economia, base necessária e indispensável, para viabilizar o Estado Social Europeu e o reforço da União Europeia!


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