sábado, 28 de abril de 2012

Nuvens Carregadas Sobre O 25 De Abril Provocará Tempestade?

A comemoração do 25 de Abril, foi antecedida por algumas nuvens dispersas, cheias de contestação dos promotores e alguns dos tradicionais apoiantes, que se recusaram a participar nas cerimónias da Assembleia da República. Apesar do ambiente nublado, a decisão da Associação 25 de Abril, apoiada por Mário Soares e Manuel Alegre, apenas provocou ligeiro chuvisco o que, manifestamente, não impediu que a festa se realiza-se de acordo com a tradição. 

Também as declarações de Sousa e Castro, outro protagonista do Movimento dos Capitães, no programa prós e contras, adensou o ambiente, com criticas duras e frontais ao governo e a todos que tem responsabilidade na situação a que chegamos, particularmente, pela desigualdade na distribuição dos sacrifícios para superar a dívida de Portugal.

Todavia, para afastar o eventual agravamento das alterações climáticas, a primeira Mulher a presidir à Assembleia da República preparou, antecipadamente, um cenário colorido como há muito não se via, com os cravos a monopolizaram tudo, desde a Tribuna até aos Deputados. Assunção Esteves, até convidou  Paulo de Carvalho para recordar que o fascismo só caiu, Depois do Adeus, e os Compadres Alentejanos, para reafirmar, que em Grândola Vila Morena, o Povo é quem mais ordena.

Indo ao encontro da ideia que se começa a generalizar, que só "depois do adeus" deste governo, a situação poderá deixar de piorar, Os Verdes, ainda que continuando a realçar o vermelho mítico de Abril, já deixou transparecer, que um PEC cor de rosa, é preferível a esta austeridade acastanhada.

 Por seu lado, o BE, em homenagem ao seu lider Miguel Portas, que tinha afirmado que o socialismo e o comunismo não leva a lado nenhum, tratou de criticar duramente o Governo e até o Presidente da República, por ter atacado Sócrates no ano anterior e, agora, não ter feito o mesmo a Passos Coelho. O caminho de Louça é sinuoso mas...a Social Democracia de "esquerda" é, certamente, o seu espaço adequado ainda que, inicialmente,em "coligação" ou numa "frente" mais ampla.

Entretanto, como dia estava cada vez mais instável e as nuvens carregadas ameaçavam, o PCP, descarregou granizo. Apesar da intervenção, ter sido feita por um dos velhos quadros, o conteúdo, não deixa de reflectir já uma linguagem mais actual, mais consentânea com a juventude da maioria dos seus deputados.Excepção feita à demagogia em torno da necessidade do não cumprimento do Memorando, para o qual eles e o BE deram o seu contributo, ao recusar o PEC IV, o discurso contra as medidas do actual Governo, foi dos mais duros, denso e elaborado, apresentado nos últimos tempos na Assembleia.

 É verdade que o PCP também criticou o PS, porém, talvez por efeito do tempo estar com as nuvens escuras, o vermelho das conquistas da revolução, foi ofuscado pela defesa de reformas mínimas do Estado Social, com um tom cor de rosa. Quero acreditar, que perante as actuais convergências do Fídel Castro, com o Papa, eles preferem, antes e já, uma recepção no reino dos aventais, em alternativa, a terem que ir a Fátima com o Fídel, o Papa e companhia, para pedir a nova "reconversão" da URSS e um lugar no reino da utopia!

Quando se pensava que o mau tempo já tinham passado, eis que se assiste a uma mudança do vento, trazendo consigo mais chuva e ameaças de trovoada. Em nome do PS, Zorrinho, com a calma e a pouca convicção que lhe é peculiar, desencadeou uma série de criticas ao Governo, particularmente, contras as medidas de austeridade impostas, que vão para além da Troika. As criticas e as sugestões, para além de justas, tinham o inconveniente de não serem novas. Todavia, saturado de ver recusado as propostas que apresenta, em nome do Grupo Parlamentar, particularmente, a proposta de adenda ao novo tratado, que tem cada vez mais apoio internacional, o PS, decide ameaçar o Governo, com uma "rotura democrática"! Com ou sem razão, muitos começaram a admitir que haveria ameaça de tempestade.

Próximo do fim do dia, o temporal ainda piora. Escudado numa multidão revoltada, com os cortes das reformas, dos subsídios de férias e de natal e um aumento generalizado dos preços e dos impostos, onde a juventude, já em grande número, deu ainda mais colorido e agitação, Vasco Lourenço, leu uma espécie de declaração de guerra contra o governo . Parte da crítica, duríssima,  que fez a este governo, já o tinha feito com o anterior governo de Sócrates, conforme sublinhou. Porém,de seguida, foram tantos os ataques às medidas do governo, aos tribunais e a justiça ou falta dela, que se permitiu afirmar: o actual governo e as coisas como estão, são contra a razão e o espírito do 25 de Abril.

 Referindo-se às Forças Armadas,  Vasco Lourenço alertou, se é que não intimou o governo, a não cortar os seus direitos e regalias, a respeitar a dignidade dos militares e da Instituição que eles constituem. Finalmente, afirma, que no trabalho não há direitos nem respeito pela dignidade de quem trabalha, concluindo: estamos como no tempo do fascismo! E avisa que, os militares, não aceitarão que se destrua o regime implantado com o 25 de Abril, que não foi desencadeado apenas pela liberdade e democracia mas, também, por um novo regime social!

Conclusão: perante este tempo tão instável, com a maioria do povo a contestar,o Capelão das Forças Armadas a condenar, com a mudança de ventos que abanou Ramalho Eanes, chuvadas desencadeadas por  Manuela Ferreira Leite e trovoada e granizo por Pacheco Pereira, revoltado com os elogios que Cavaco fez  às políticas de Sócrates que ele tanto condenou, será que teremos uma tempestade a sério nos próximos tempos?

 Como as nuvens das críticas começam a ser feitas de todos os quadrantes e o ambiente a aquecer descontroladamente, é muito possível que, se o anticiclone da Madeira e as rendas das PPPs  continuarem a aumentarem à velocidade do TGV, transformem o ambiente e tudo possa acontecer! Ou...talvez não...o povo é sereno...?!






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