domingo, 6 de maio de 2012

A Vitória De Hollande Em França E A Derrota Dos Socialistas Na Grécia, Tem Algo Em Comum?




A vitória  de Holande em França e a derrota dos Socialistas na Grécia, tem algo em comum? Certamente. Se juntarmos a estas duas eleições, a derrota dos conservadores ingleses à poucos dias, a situação em que se encontra Passos Coelho, passado um ano após ser eleito e, particularmente, o governo de direita de Espanha, eleito à meses, conclui-se que há um denominador comum. 

Todos os governos, de esquerda ou direita, que tem liderado nos últimos anos os seus países, são derrotados nas eleições. Passados meses, após o acto eleitoral, os governos recentemente eleitos, já estão a sofrer uma contestação social generalizada e revelam incapacidade de superar as crises, dos respectivos Estados.

Perante estes factos, como socialista,  considero que foram indiferentes os resultados? Não. Sinto alegria e uma dose contida de esperança, pela vitória de Hollande, para novo Presidente da República Francesa. Como afirmou A. J. Seguro, na sua mensagem de felicitações, a vitória de Hollande traduz "uma lufada de ar fresco",mas apenas isso e sem saber, sequer,o que isso significa.

Enquanto os políticos não quiserem falar verdade, a dívida e a crise económica não começa a ser superada. Os dirigentes políticos, que acreditam no sistema político vigente na Europa, terão que afirmar que os cortes nas regalias e direitos sociais, são indispensáveis e incontornáveis., Os políticos, que dizem não acreditar no sistema mas, simultaneamente, são incapazes de apresentar sistema alternativo, deveriam assumir, que já 
não é mais possível reivindicar benefícios sociais, mas apenas lutar por melhor distribuição da riqueza produzida.

Acredito, que me possam considerar um louco e um idealista. Sei, que fazendo afirmações deste tipo, perante quem não se interessa pela política, que abomina os políticos e que só se move pelos seus interesses, imediatamente me rotulará de fascista ou outros nomes equivalentes. Compreendo e não os condeno por isso. 

Os responsáveis, são aqueles que desbarataram centenas de milhões de contos, que deveriam servir para modernizar e industrializar o país, mas foram gastos, em grande medida, em obras de fachada para enriquecer os construtores civis e os interesses instalados e alimentar  o povo de ilusões, de  que tudo teriam, sem grandes esforços.

 Foram, ainda, todos os que nos governaram depois da redução dos fundos comunitários, que continuaram a fazer obra como se fossemos um país rico e, simultaneamente, a esconder das pessoas que os gastos que o Estado, as empresas e as famílias estavam a fazer, incitadas pelos bancos, era com recurso a crédito, por não produzirmos ou exportarmos, para compensar o que importávamos e gastávamos. 

Quando, pela primeira vez, José Sócrates, fez alguns cortes e desencadeou uma forte reorganização do Estado, caiu-lhe tudo em cima. Os interesses instalados, que não queriam ser prejudicados nas suas benesses e regalias, tentaram tudo para sabotar. O povo, alimentado de promessas e ilusões por todos os oportunistas, não queria abdicar de qualquer subsídio, impunidade no trabalho, ou serviços junto de casa, a qualquer hora.

Contudo, dirão alguns, o que é que estes últimos factos, tem a ver com as eleições em França, Grécia, Inglaterra ou outros? Tudo se relaciona. Os acontecimentos políticos, económicos e financeiros, em que quase todos os países da União Europeia se viram envolvidos, desde o fim do século passado e, particularmente, desde 2008, derivam dos mesmos problemas. 

Admitir, que o novo Presidente da República Francesa, apesar de ser um dos grandes países da Europa e o principal fundador da U E,  pode alterar as regras do Tratado, manter o seu Estado Social e contribuir para ajudar a sair da crise, Portugal ou outros países, ou reflecte ignorância, ou é pura demagogia, de quem se recusa a ver a realidade do Mundo actual.

Sem me alongar em considerandos, é para mim indiscutível, que actualmente há quatro realidades incontornáveis e que tudo condicionam: O capital financeiro, define os seus interesses e decide o destino do mundo, os políticos limitam-se a executa-los; As fábricas, que produzem para  todo o mundo estão na Ásia, particularmente, na China e na Índia e, consequentemente, as centenas de milhões de postos de trabalho foram criados lá; O mundo ocidental, particularmente a Europa, deslocalizou dezenas de milhares das suas fábricas, perdeu dezenas de milhões de postos de trabalho e, naturalmente, diminuiu a riqueza produzida.
A globalização, liderada pelo neoliberalismo conservador, como braço executante dos mercados financeiros, alterou radicalmente a relação de forças entre as potências mundiais, modificou as relações entre o capital e o trabalho dentro de cada país e, teve como consequência, aumentar as desigualdades sociais, apesar de nunca se ter produzido tanta riqueza no mundo.

Perante estas realidades, o que vai Holande poder fazer? Muito pouco. Só uma União Europeia forte pode lutar, no actual contexto internacional,por modificar as relações de força. Todavia, antes tem de reconhecer, que já não pode viver como no passado, quando era o principal produtor e exportados do mundo. Tem que se entender, que sem nova industrialização não haverá trabalho para milhões de desempregados, não haverá riqueza para pagar as dívidas e, particularmente, para manter o Estado Social Europeu.

 Porém, em vez de se esforçarem pela unidade europeia, quase todos os países criticam ou condenam a Alemanha, quando a realidade nos demonstra que a crise não passa por lá, que quando foi necessário reformar e cortar regalias não regatearam, que continuam com a economia e as finanças fortes, o trabalho é dos mais produtivos do mundo e, ainda, é um dos países com menores desigualdades sociais.

Em síntese, haverá mudanças, quando alguma das actuais realidades se alterarem, quando acabar os nacionalismos europeus, os quais, na maioria dos casos, vivem de saudosismo de antigos impérios e, principalmente, na esperança de conseguir manter "estatuto" das pretensas elites, à custa da miséria do povo e dos empréstimos que vão conseguindo...dos Alemães!


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