sábado, 5 de outubro de 2013

NAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS A MAIORIA DOS ELEITORES DEMONSTROU O QUE NÃO QUER: OS ACTUAIS PARTIDOS POLÍTICOS! FALTA ENCONTRAR AS ALTERNATIVAS.




Nas eleições autárquicas, a maioria dos eleitores demonstrou o que não quer: os actuais partidos políticos! Não quer o PSD e o CDS, aos quais retiraram mais de 600000 votos, provocando-lhe uma derrota esmagadora. Não tem confiança no PS, porque apesar de ter tido mais votos e maior número de câmaras, não só, não recuperou qualquer voto dos que o PSD perdeu, como ainda teve menos 273089 votos que nas eleições de 2009, até António Costa perdeu 7000 votos. Não consideraram o PCP como alternativa, pois apesar da crise destes últimos anos, de tanta greve e manifestação e contínua crítica ao governo e ao  PS, apenas tiveram mais 13813 votos que nas eleições anteriores, não absorvendo  o eleitorado de esquerda, como os 45000 eleitores que o BE perdeu, quanto mais os do PS.

 Quanto ao BE, concluiu o que começou, ao votar contra o PEC IV, pela defesa da "classe média". Auto marginalizou-se definitivamente, recebeu o prémio merecido pela sua demagogia e por ser  vendedor de ilusões. Em síntese, os actuais partidos políticos, particularmente, os representados na Assembleia da república, (os outros se já eram marginais agora ficaram a vegetar),perderam toda a credibilidade para 55% dos eleitores nacionais e para cerca de 65% em muitos municípios urbanos, onde é suposto que as pessoas tem mais formação e informação.

Quem viu e ouviu as televisões na noite das eleições, os seus comentadores de serviço, as declarações dos líderes partidários, e até alguns dos candidatos eleitos, ficou com a ideia que houve dois vencedores, PS e PCP, apesar de Paulo Portas também ter reivindicado vitória, com a eleição de cinco presidentes. Os factos confirmam essas opiniões, ou não? Na minha opinião, não é verdade. Tratou-se de uma campanha em defesa do actual sistema partidário, feita por todos eles, ao omitirem continuamente os números de eleitores que tinham se abstido de votar e, aqueles que votando, entregaram o voto em branco ou anularam o voto, que demonstrava que a maioria dos eleitores portugueses, rejeitava os partidos e seus candidatos. Se tivermos ainda em conta, os votos expressos nas listas de independentes ou dissidentes, 6%, a derrota do actual sistema partidário, ainda é mais avassaladora!

Será que o PS pode cantar vitória, com a conquista do maior número de votos e de câmaras? Penso que não. Apesar da crise aguda que vivemos, que atinge particularmente sectores afectos e protegidos pelos socialistas, da crítica e da demagogia contra o actual governo, que Seguro fazia, em quase todas as declarações que apareciam nas televisões, não conseguiu conquistar qualquer eleitorado ao PSD e CDS e perdeu mais de 200000 votos, em relação a 2009, quando estava no governo e já em plena crise!

 Poderá haver razão para se afirmar, como o fez Seguro e outros dirigentes, que o partido teve uma vitória histórica, por ficar com a maioria das câmaras e com a direcção da ANMP, quando perdeu municípios e capitais de distrito importantes no Alentejo, municípios emblemáticos nos distritos de Lisboa (como Loures e Vila Franca de Xira) e Setúbal (Alcácer do Sal) e, consequentemente, ficou sem a liderança da Área Metropolitana de Lisboa? Penso que não. Só quem quer mandar areia para os olhos das pessoas, pode confundir uma vitória, formal, nas autarquias, com uma derrota política relevante, certamente pelo mau trabalho desenvolvido (e corrupção em alguns municípios) e, principalmente, por falta de credibilidade como alternativa política a nível nacional, pois foi essa discussão que foi feita nas televisões!

Aqui chegados, deveremos concluir que o PCP, teve uma vitória eleitoral com o aumento do número de votos, de câmaras e capitais de distrito? Objectivamente, sim! Todavia, se tivermos em consideração o número insignificante de votos que ganhou a nível nacional, 13813, (que nem sequer corresponde ao aumento do número de militantes do partido,que afirmam ter tido nos últimos anos), quando só o PS e o BE perderam mais de 250000 eleitores, a abstenção e os votos em branco e nulos que penalizaram os seus adversários,  a propaganda que fazem, a existência de um governo que retirou quase todos os direitos ao mundo do trabalho, (que eles dizem defender) e uma política nacional de grande austeridade, que eles condenam todos os dias, os resultados do PCP, não evidenciam qualquer vitória  esboço de alternativa de "esquerda" e, consequentemente, constituem uma grande derrota política!

Houve, contudo, mais derrotados. Desde logo, as televisões, ao não terem permitido o debate público entre todos os candidatos, dando apenas relevância aos partidos representados na AR, através dos discursos dos seus líderes, na vã tentativa de marginalizar totalmente os independentes, ou pelo menos alguns. Foram esmagados os dinossauros mais mediáticos, que julgavam tudo ganhar em todo o lado, apesar do rasto de dívidas e corrupção que alguns deixaram. Perdeu o loby autárquico toda a credibilidade, pelas manobras e golpes para se manterem no poder a qualquer preço, quer impondo as candidaturas de quem já não podia concorrer, quer  impedindo a reorganização e extinção de municípios.

 Diminuiu ainda, substancialmente, a credibilidade do regime democrático. A Assembleia da República, ao ter legislado com ambiguidade.Os tribunais, ao tomarem as decisões tardias e em contradição com o espírito das leis. O Governo,  por não ter imposto a extinção de municípios como estava previsto no Memorando e dar cobertura à CNE. Finalmente, perdeu a generalidade dos comentadores de serviço, que apenas valorizaram o papel dos partidos,  escamoteando a abstenção, os votos em branco e nulos na noite das eleições, (quando a generalidade dos portugueses estão minimamente atentos  e acreditam nos números apresentados), ainda que nos dias seguintes, já não conseguissem fugir ao problema.

Como referi no início, a maioria dos eleitores demonstrou que não queria estes partidos. São essas pessoas as vencedores do acto eleitoral? Certamente que não, pois não elegeram ninguém. Não se pode considerar vitorioso, quem apenas afirma o que não quer, e não apresenta uma alternativa. No entanto, os 55% dos eleitores que não votaram nos partidos, mais aqueles  que votaram nas listas de independentes, provocaram uma avassaladora derrota  aos partidos políticos. Representam um grande potencial para a democratização do regime e, eventualmente, poderão constituir uma base sólida, para o aparecimento de um ou vários partidos. Neste contexto, estes eleitores representa, objectivamente, uma vitória política contra o actual sistema político partidário.

Conclusão, o actual sistema partidário é uma fachada, está dependente e controlado pelas maçonarias e outras organizações secretas ou discretas, está corrompido, sem vida interna,  caduco. O sistema político, está moribundo, reflectido na incapacidade de gerar riqueza para vivermos sem dinheiro emprestado, por causa dos interesses instalados que tudo dominam, controlam e nada abdicam. Não nos deixemos iludir.Nos últimos dias, já ouvimos dirigentes políticos a falar na necessidade de mudança. Vimos comentadores políticos, a criticar a actual situação nos partidos e a clamar por reformas. 

Todas estas declarações, só tem por objectivo adormecer os eleitores, os portugueses que já tomaram consciência que a situação política, económica e social actual, não pode continuar. Saibamos aproveitar o repúdio, a hostilidade e, até, a consciência revelada nas eleições por tantos eleitores, para unir pessoas, grupos e organizações, na procura de objectivos políticos comuns, ou convergências económicas e sociais possíveis, para a criação de um ou vários partidos políticos, que queiram e consigam representar, este enorme número de pessoas descontentes!



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