segunda-feira, 25 de abril de 2011

Comemorar o 25 de Abril, num estado de frustração e revolta!

V



Entretanto, ainda que separados no tempo, houve ainda três acontecimentos, que analisados num outro contexto, já várias vezes me obrigou a reflexão:

Um, já então tive oportunidade de acompanhar uma"dissidência" de um jovem universitário, residente na Bélgica, conhecido por Nobre que, penso ser, o senhor da AMI, que já então actuava à margem das regras e se considerava uma "personalidade" , curiosamente não regressou com o 25 da Abril.

Outro, a realização de um evento político e cultural, pelo PCP ml, através do MTPI, que levou a Paris quase todos os cantores de intervenção, entre os quais Zé Mário Branco e Zeca Afonso, e que proporcionou uma das maiores realizações políticas na imigração. Aliás, jamais poderei esquecer,porque trabalhei quase 24 h seguidas para fazer toda a instalação eléctrica e, quando se tratou de jantar...os que nada tinham feito já tinham comido tudo!

Finalmente, pouco antes do 25 de Abril, participei numa reunião com o PCP, PS ( entretanto criado ) e algumas "personalidades" independentes. Devo afirmar, que nessa altura critiquei o Mário Soares, porque ele apenas queria unidade para implantar a democracia. A determinado momento, perante o impasse da discussão, Mário Soares afirmou, perentório, para os revolucionários presentes: " como querem vocês unidade, se afirmam que caso vença a revolução, o PS será extinto e os seus dirigentes presos " ? Embora contrariado, não deixei de reflectir, ainda que só compreende-se o verdadeiro significado no pós 25 de Abril!



É nesse mundo fascinante de liberdade em que vivia, com frustrações à mistura, que em 25 de Abril,às 7,30h, quando me preparava para iniciar o meu dia de trabalho na automatização do Metro de Paris, que o meu amigo e camarada de trabalho da Guiné Conakri me informou, gritando: "Bexiga, o fascismo em Portugal acabou, houve um golpe de estado dado pelos militares"!!! Chorei de alegria e depois de ter sido felicitado por todos os camaradas de trabalho presentes, afirmei: acabou a minha estadia em França, não trabalho nem mais um minuto!

E foi assim que voltei a abandonar a estabilidade profissional, neste caso altamente remunerada e já com a atribuição de ir liderar os trabalhos de automatização da estação do metro da Torre Eifel, recusei, e regressei a Portugal!

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