segunda-feira, 25 de abril de 2011

Comemorar o 25 de Abril, num estado de frustração e revolta!

III



Apesar de o início da minha vida em Paris ter sido muito difícil, não era agradável fazer trabalhos não qualificados e mal remunerados, quando já era reconhecido como profissional altamente produtivo e qualificado. Todavia, tal situação, não me impedia de "mergulhar fundo" no mundo político. Eram os tempos das grandes clivagens: socialismo,como alternativa ao capitalismo, marxismo Leninismo de Mao Tsé Tung contra revisionismo soviético, revolução ou democracia para o derrube dos regimes fascistas em Portugal, Espanha e Grécia, tudo ou quase, tendo como principal motor de agitação,manifestação e revolta a luta contra a guerra no Vietname e, no caso português, a luta dos jovens exilados contra a guerra colonial.



Foi o tempo da minha primeira grande reflexão: porquê, havendo tantas organizações politicas, só uma, o PCP, era capaz de trabalhar organizadamente? Porque todas se degladiavam pela liderança da oposição, e nada faziam para convergir na luta pelo derrube do fascismo? É certo, que nessa data ainda não tinha uma formação ideológica consistente, apesar de já ter estudado os "princípios fundamentais de filosofia de Politzer", no entanto, o conhecimento político já adquirido através de jornais, revistas, livros e colóquios, permitia-me não apenas participar conscientemente na actividade política, como, ainda, começar a compreender a razão da nossa incapacidade de nos organizar. Foi a primeira frustração!



Como revolucionário marxista Leninista, "entro de cabeça" em tudo o que é actividade política contra o capitalismo e as guerras. Ao mesmo tempo, vou conhecendo e adquirindo, tudo sobre o marxismo que é publicado em francês e português. Dessa pesquisa e estudo da documentação, fico estupefacto, mesmo revoltado! Não só compreendi como foram falsas as razões para a criação do MRPP, mas também, como a realidade política portuguesa era deturpada pelas mais variadas organizações que pareciam existir. Pior ainda, foi constatar que, à data, já existia uma dezena de organizações, ou apenas jornais, que se reivindicavam de marxistas e que defendiam a reorganização do PCP!!!






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